5 Sustentabilidade ambientalDesde 2000 que tem havido grandes melhoriasnos indicadores do desenvolvimento humano.Bastante menos se tem alcançado em termos demelhoria da sustentabilidade a longo prazo dosrecursos naturais básicos, pese embora a saúdehumana e a prosperidade dependerem destes. Alémdisso, os benefícios advindos da exploração dosrecursos do planeta beneficiaram de uma maneiradesproporcionada os ricos. Ao olharmos para 2030, édifícil perceber como é que, à medida que atingimosrapidamente os limites ambientais, se conseguirádar comida, água e energia a uma população globalde entre 8 e 9 mil milhões de pessoas, 18 de ummodo sustentável e equitativo sem uma alteraçãosignificativa do modo como os recursos ambientaissão percecionados, governados e geridos.À medida que os recursos naturais se tornam maisescassos, e os efeitos das alterações climáticasse tornam mais evidentes, particularmente emmuitas das comunidades mais pobres, é óbvio quea sustentabilidade ambiental tem de se tornar umaparte essencial do desenvolvimento. Dos 20 paísesque em 2015 correm mais riscos associados acondições climáticas extremas, 19 são países comgrande número de populações pobres. 19 Isto não sópode afetar a sua saúde e bem-estar, como vai afetara produtividade agrícola e o acesso a comida. Noperíodo entre 2008 e 2050 é esperado que algumasáreas de África e da Ásia percam 10-20% da suaprodutividade agrícola. 20Sabe-se atualmente muito mais sobre asustentabilidade ambiental do que na viragem domilénio. Os ODMs não abordaram a sustentabilidadede um modo sério; é imperativo que esta sejaum sustentáculo do novo consenso em tornodo desenvolvimento.1 Terminar o trabalho: melhores resultados, progressos mais rápidos11
2 Implantar os alicercesdo desenvolvimentohumanoO mundo tem agora de se comprometer emcumprir a sua maior promessa – erradicar apobreza absoluta no espaço de uma geração– com um quadro de trabalho que substituaos ODMs.As secções que se seguem expõem os novosobjetivos, metas e indicadores propostos pela <strong>Save</strong><strong>the</strong> <strong>Children</strong> para esta substituição. Quatro dasaprendizagens resultantes da experiência dos ODMs,abordadas no Capítulo 1 – reduzir as desigualdades,aumentar a transparência e a prestação de contas,criar sinergias e um enfoque nos resultados – estãointegradas em todos os objetivos. A sustentabilidadeambiental é abordada no Capítulo 3.Dois princípios importantes que norteiam a escolhados objetivos.Primeiro, não obstante o progresso que tem sidoalcançado, é escandaloso e inaceitável que as pessoascontinuem a ir para a cama com fome e que ascrianças continuem a morrer de doenças evitáveis. Aerradicação da pobreza em todas as suas dimensõespermanece a tarefa mundial mais importante eurgente. O próximo quadro de desenvolvimento temde manter um enfoque claro na redução da pobreza,acelerando as ações que melhorem a qualidade devida das pessoas mais pobres e mais marginalizadasdo mundo. A <strong>Save</strong> <strong>the</strong> <strong>Children</strong> acredita que,para se libertar o mundo dos piores problemasrelacionados com a pobreza, será vital estabelecerobjetivos referentes à erradicação da pobreza e dafome; providenciar cuidados de saúde, educação eproteção contra a violência para todos; e melhorara governação. Estes objetivos têm de ser apoiadospor outros que fomentem um ambiente solidário esustentável para o desenvolvimento humano.Segundo, embora a redução da pobreza e odesenvolvimento humano sejam objetivos comuns,as questões específicas no seio destes objetivoscomuns são diferenciadas de acordo com osdiferentes estados de desenvolvimento de cada país.Na prática, isto deverá implicar que o quadro detrabalho providencie ações primeiramente para aspessoas mais pobres e mais marginalizadas, seja qualfor o país em que estas se localizem. A partir daí, cadapaís deve empenhar-se num processo deliberativonacional, envolvendo mulheres, homens e crianças, queajuste os objetivos de modo a torná-los relevantes noseu contexto nacional. Isto pode implicar que noReino Unido, por exemplo, a ênfase para o objetivo 1seja posta na pobreza relativa em vez de ser napobreza absoluta.O novo quadro de trabalho proposto pela <strong>Save</strong> <strong>the</strong><strong>Children</strong> encontra-se exposto em três secções:• A primeira secção, e a mais longa, compreende seisobjetivos novos, que implantam os alicerces parao desenvolvimento humano. Estes objetivos foramidentificados através de uma ampla consulta atravésda rede global da <strong>Save</strong> <strong>the</strong> <strong>Children</strong> e resultamda informação e perícia acumuladas ao longo demais de um século de programação na área dodesenvolvimento para melhorar o bem-estar dascrianças. A <strong>Save</strong> <strong>the</strong> <strong>Children</strong> acredita que estesobjetivos são imperativos se quisermos que onovo quadro melhore o bem-estar das pessoas.• A segunda secção apresenta quatro objetivosadicionais que ajudarão a criar um ambientesolidário e sustentável para o desenvolvimentohumano, englobando a mobilização de recursos equestões de sustentabilidade ambiental, a reduçãode situações de desastre e o acesso à energia.As nossas propostas são complementadas pelotrabalho de outras organizações especializadas, aque recorrem bastante nalgumas partes.• Na terceira secção propomos mecanismos globaisque prestem apoio institucional e permitama implementação dos objetivos, tendo emconsideração as finanças, a coerência de políticas,a recolha de dados e a prestação de contas.12