proteção SocialSe queremos erradicar a pobreza, então as pessoasque não têm trabalho, ou que estejam incapazes detrabalhar, precisam de uma rede de segurança. Aquelesque têm emprego também podem beneficiar do factode saberem que existe uma rede de segurança destegénero, dado reduzir a incerteza que advém de seviver com um rendimento próximo da sobrevivência,de dar às pessoas a oportunidade de arriscarem iniciar,ou aumentar, um negócio, e de servir como tábua desalvação para situações de desamparo (por exemplo,após uma crise como uma seca). Ao mesmo tempo,tem de ser claro que a presença de uma proteçãosocial efetiva não melhora os custos humanos deestar, e de ficar, desempregado, não diminuindo aimportância de proteger os empregos.Há que prestar mais atenção ao contributo potencialda proteção social enquanto investimento naredução da pobreza e da vulnerabilidade na infância,contrariando a armadilha perversa da transferênciaintergeracional da pobreza. Globalmente, os sistemasde proteção social estão num estado incipiente namaioria dos países em desenvolvimento – emborapaíses como o Brasil e o México tenham vindo aliderar neste campo, e outros como a Etiópia eo Bangladesh estejam atualmente a seguir-lhes oexemplo. Em muitos dos exemplos mais eficazes,os recursos e decisões foram canalizados para asmulheres, provando que isto leva a mais gastos embens que beneficiam as crianças e ajuda a fortalecera voz das mulheres, quer dentro de casa quer nacomunidade. Precisamos de aferir o nascimento e odesenvolvimento dos sistemas de proteção social,através da medição dos níveis de investimento e doestabelecimento de um sistema que proporcione umrendimento mínimo para todos – um mínimo social.O Govindh, que vive na Índia, tem 17 anos. A famíliadele está a receber apoio vital do fundo de garantiade emprego, que assegura um número mínimo dedias de trabalho pago, depois de terem pago umaquantia substancial para tratarem a doença da mãe.“As sementes não cresceram no primeiro ano e nosegundo não choveu... não tínhamos dinheiro paracomprar legumes,” disse ele. “Pedimos dinheiroemprestado... e a seguir, através do fundo de garantiade emprego, pagámos o empréstimo.”metas1. Erradicar a pobreza extrema em termosde rendimento2. Promover um crescimento que seja inclusivoe sustentável, e que ofereça oportunidadesa todos3. Providenciar condições laborais decentesa todos4. Estabelecer uma base global de proteçãosocial2 Implantar os alicerces do desenvolvimento humano15
ACABAR COM A <strong>POBREZA</strong> NA NOSSA GERAÇÃOObjetivo 2: Até 2030 vamos erradicara fome, reduzir a metade oatrofiamento e asseguraro acesso universal a comida,água e saneamento sustentáveis“Já não compramos comida em grandequantidade como costumávamos fazer antes.Agora, compramos a pouco e pouco porque émuito cara… Há dias em que não temos comidaque chegue. Por vezes comemos o jantar eevitamos o pequeno-almoço do dia seguinte.”Denbel, 16, Etiópia“Costumávamos ir buscar água uma vez porsemana, ao ribeiro… mas essa água estava suja.”Carmen, do Peru, mudou-se recentemente para uma nova zonaA alimentação e a água são necessidades básicasde qualquer ser humano. O mundo conheceuprogressos significativos na redução da fome. Masnão obstante, uma em cada três crianças no mundoem desenvolvimento sofre de um desenvolvimentofísico e cognitivo limitado por não ter suficientealimentação nutritiva para comer. Além disso, onúmero de pobres nas zonas urbanas – o grupo commaior insegurança alimentar – está a aumentar.Relacionada com estas duas questões está a nutrição.As crianças que não recebem uma nutrição adequadanos primeiros 1000 dias entre a conceção e aidade de dois anos têm ao longo da vida resultadosescolares e rendimentos mais baixos – o que, paraalém do impacto humano direto, também reduz oPIB até 3%. 12 Uma dieta diversificada e adequada eágua potável são essenciais para atingir resultadosnutritivos; mas é demasiado frequente os governos eoutros agentes de desenvolvimento não procederema interligações entre estes setores. As estratégiasagrícolas têm de ser sensíveis à nutrição paraconduzirem não apenas a rendimentos familiaresmais elevados, como também a melhores resultadosnutritivos. A nutrição requer mais do que comida eágua – também requer educação comportamentalpara promover práticas como a amamentaçãoexclusiva, e serviços de saneamento.Desde 2008, os preços dos bens alimentares têm sidoparticularmente voláteis. As flutuações de preçosda comida criam caos económico entre as famíliaspobres, que podem ter de gastar mais de três quartosdo seu rendimento em alimentação. O índice dePreços dos Alimentos do Banco Mundial mostra queo preço dos cereais subiu de 100 no índice de 2005para mais de 250 em 2012, empurrando dezenas demilhões de pessoas para a pobreza. 13 Se as subidasdos preços alimentares prosseguirem, vai aumentarainda mais o número de adultos e crianças que têmfome, estão subnutridas e que sofrem de atrofiamento.Os ODMs também incluem uma meta para reduzirpara metade o número de pessoas sem acesso aágua potável segura e a saneamento, e o mundo estáa caminho de cumprir a meta da água potável; noentanto, esta métrica não avalia a qualidade da água ea meta do saneamento é atualmente inalcançável. Osprogressos feitos quer na água potável segura querno saneamento têm sido desiguais entre regiões e nointerior dos vários países, sendo que o progresso foimuito maior em áreas urbanas do que em contextosrurais. De acordo com a ONU, as melhorias emtermos de saneamento estão a “ignorar os pobres”.De maneira semelhante, as crianças nas zonas ruraistêm duas vezes mais probabilidades de terem pesoa menos do que as crianças das áreas urbanas, e émuito provável que as crianças com deficiência depeso sejam pobres.Para alcançarmos as metas zero vai ser necessáriouma mudança de políticas. Muitas das mulherese homens pobres são pequenos agricultoresque produzem muita da sua própria alimentação,precisando de acesso à terra e a outros recursos.O apoio aos pequenos agricultores, particularmenteàs mulheres, é também uma maneira de aumentara quantidade da nutrição obtida a partir de cadapedaço de terra cultivada. A educação nutritiva deve16