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streptococcus agalactiae como causa de infecções em mulheres ...

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Aos meus pais pela construçãodo meu caráter, apoio e <strong>de</strong>dicação quevêm <strong>de</strong>monstrandodurante esses anos .


AGRADECIMENTOSPrimeiramente a Deus pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r concluir este curso.Aos meus <strong>de</strong>mais familiares pelo apoio na minha trajetória profissional.A minha orientadora, Cap Norma Cláudia Macedo Santos, <strong>de</strong>dicação epaciência durante a realização <strong>de</strong>ste trabalho.


"Penso, logo existo."Descartes


RESUMOEste trabalho t<strong>em</strong> por objetivo mostrar a importância do estudo da infecção vaginal /anal <strong>causa</strong>da por Streptococcus <strong>agalactiae</strong>, <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> grávidas e <strong>em</strong> neonatos.Essas infecções apresentam um alto grau <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>,principalmente <strong>em</strong> pacientes com: a <strong>de</strong>fesa imunológica diminuída e s<strong>em</strong>acompanhamento pré-natal. Os neonatos são afetados com mais freqüência, sendoos pr<strong>em</strong>aturos os que apresentam maior risco <strong>de</strong> infecção. Alerta sobre aimportância do diagnóstico <strong>de</strong>ste microorganismo <strong>em</strong> pacientes , da sua prevençãoe a antibióticoterapia às autorida<strong>de</strong>s competentes e aos médicos a nas pacientessuspeitas <strong>de</strong> portar<strong>em</strong>.Palavras-chave: Gravi<strong>de</strong>z; saú<strong>de</strong>-pública; Streptococcus <strong>agalactiae</strong>;


ABSTRACTThis work aims to show the importance of studies of vaginal infections / analiscaused by Streptococcus <strong>agalactiae</strong>, in pregnant women and neonates. Theseinfections have a high <strong>de</strong>gree of morbidity and mortality, especially in patients withthe immune <strong>de</strong>fence and in patients who do not have monitoring prenatal. Theneonates are affected most often, and the pr<strong>em</strong>ature the greatest risk of infection.Alert about the importance to the competent authorities and the need for medicaldiagnosis, prevention and antibioticoterapia in patients suspected microorganism thisport.Keywords: pregnancy; health - public; Streptococcus <strong>agalactiae</strong>;


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO 91.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA 101.2 QUESTÕES / HIPÓTESE DE ESTUDO 101.3 OBJETIVOS 111.4 JUSTIFICATIVA 111.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 122 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 133 HISTÓRICO E TAXONOMIA 284 CARACTERÍSTICAS DO MICROORGANISMO 305 COLETA E IDENTIFICAÇÃO 336 CONCLUSÃO 37REFERÊNCIAS 39


101 INTRODUÇÃOO Stretococcus <strong>agalactiae</strong> é um beta h<strong>em</strong>olitico pertencente ao grupo B <strong>de</strong> Lancefield(freqüent<strong>em</strong>ente referido <strong>como</strong> GBS, do inglês “group B Streptococcus” ou EGB <strong>em</strong>português), estão presentes nas m<strong>em</strong>branas das mucosas <strong>de</strong> seres humanos e animais,colonizando principalmente o trato intestinal e genitourinário <strong>em</strong> humanos. É tido <strong>como</strong><strong>causa</strong> importante <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia neonatal e <strong>de</strong> infecções <strong>em</strong> gestantes e <strong>em</strong> adultosimunocomprometidos. Os espécimes clínicos mais indicados para pesquisa <strong>de</strong>portadores são colhidos da vagina, cérvice uterina e região anal / retal. Para pesquisa <strong>em</strong>recém-nascidos (RN), o material <strong>de</strong>ve ser coletado logo após o nascimento, a partir docordão umbilical, canal auditivo externo, garganta e reto. Nas crianças comsintomatologia, <strong>de</strong>ve ser coletado sangue, liquor e urina (TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM F.,2005).A imaturida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a imunológico da criança, também contribui para oaparecimento da infecção. Uma etapa crítica na doença invasiva do recém-nascido é acolonização retro / vaginal da mulher grávida. O EGB a<strong>de</strong>re <strong>de</strong> maneira altamenteeficiente ao epitélio vaginal, a placenta, as células da boca e da faringe, ao epitélio eendotélio alveolar. Cada uma <strong>de</strong>stas interações é potencialmente relevante paratransmissão vertical da bactéria para o início da infecção. A ruptura pr<strong>em</strong>atura dam<strong>em</strong>brana placentária favorece a colonização fetal. Estudos experimentais, in vitro,<strong>de</strong>monstram que o EGB penetra e sobrevive no interior <strong>de</strong> células humanas, o queajuda a bactéria a vencer as barreiras do organismo. Há evidências que a mesma po<strong>de</strong>penetrar na cavida<strong>de</strong> anminiótica através da placenta íntegra e <strong>causa</strong>r infecçõesfulminantes no feto. O EGB po<strong>de</strong> sobreviver até por 48 horas no interior dosmacrófagos e, além disso, a eficiência da fagocitose na ausência <strong>de</strong> anticorpos anticapsularese <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>ento é muito reduzida. Foi <strong>de</strong>monstrado que a cápsula dosorotipo III inibe a <strong>de</strong>posição do compl<strong>em</strong>ento e a ativação da via alternativa. Orecrutamento <strong>de</strong> neutrófilos para o local da infecção é prejudicado pela inativação docompl<strong>em</strong>ento pela peptidase <strong>de</strong> C5a. A septic<strong>em</strong>ia se estabelece quando a bactéria,diss<strong>em</strong>inada pela corrente circulatória, alcança e prolifera <strong>em</strong> diferentes tecidos(meninges, ossos e articulações). A introdução das citocinas pro-inflamátórias pelabactéria é responsável pelo início do choque tóxico (TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM F., 2005).


11O Stretococcus <strong>agalactiae</strong> t<strong>em</strong> sido consi<strong>de</strong>rado <strong>como</strong> um dos principais agentes <strong>de</strong>infecção perinatal, sendo o percentual <strong>de</strong> gestantes portadoras, variável <strong>de</strong> 4,6% a41% conforme a distribuição geográfica (SCHUCHAT ET AL.,1999).Em 1935, foi i<strong>de</strong>ntificado na secreção <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> assintomáticas e alguns anos<strong>de</strong>pois o EGB foi isolado <strong>de</strong> casos fatais <strong>de</strong> febre puerperal. Até o início da década<strong>de</strong> 1960, eram poucos os relatos <strong>de</strong> infecções <strong>causa</strong>das pelo EGB, mas a partir<strong>de</strong>sta época, tornou-se evi<strong>de</strong>nte que a sua freqüência <strong>em</strong> infecções ocorridas nafase perinatal, <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> e <strong>em</strong> recém-nascidos era maior do que se imaginava<strong>em</strong> períodos anteriores. Durante a década <strong>de</strong> 1970, ficou claro que a incidência dabactéria estava aumentando.O recém-nascido é colonizado por transmissão vertical, seja no útero ou durante oparto, a partir da mãe portadora. Além disso, o recém-nascido po<strong>de</strong> ser colonizado porexposição nosocomial após o nascimento. Entre os lactentes colonizados a doençapo<strong>de</strong> aparecer <strong>em</strong> um a quatro <strong>de</strong>les para cada 1.000 nascidos vivos (ELMAER W.KONEMAN, 5 ED; MEDSI,2001).O diagnóstico da infecção neonatal pelo EGB po<strong>de</strong> ser realizado através doisolamento do agente infeccioso ou pela <strong>de</strong>tecção do antígeno (Ag) no sangue,urina, Líquido Céfalo Raquidiano (LCR), secreção traqueal, secreção faríngea easpirado gástrico.1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMANos últimos trinta anos, a infecção neonatal <strong>de</strong> início precoce pelo Streptococcus dogrupo B (Streptococcus <strong>agalactiae</strong>) t<strong>em</strong> <strong>de</strong>spertado um elevado interesse. Essainfecção apresenta alto grau <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>, principalmente nospacientes com diminuição da <strong>de</strong>fesa imunológica (CAIAFFA FILHO ET AL.,1986). Osneonatos são afetados com maior freqüência, sendo os pr<strong>em</strong>aturos e pequenos paraa ida<strong>de</strong> gestacional os que apresentam o maior risco <strong>de</strong> infecção (FREITAS ET AL,2002).1.2 QUESTÕES / HIPÓTESES DE ESTUDO


12Os EGB po<strong>de</strong>m <strong>causa</strong>r infecções <strong>em</strong> gestantes tais <strong>como</strong>: cistite, pielonefrite,endocardite, endometrite, celulite, sepse puerperal. Po<strong>de</strong>ndo também comprometera evolução da gestação e do feto, provocando abortamento, morte fetal intra-uterina,corioamnionite, ruptura pr<strong>em</strong>atura <strong>de</strong> m<strong>em</strong>brana, levando a um parto pr<strong>em</strong>aturo,induzindo um significativo aumento <strong>de</strong> RN com baixo peso e com infecções noperíodo pós-parto <strong>como</strong> pneumonia, infecções cutâneas, ósseas ou articulares <strong>em</strong>eningite, po<strong>de</strong>ndo <strong>causa</strong>r retardo mental, assim <strong>como</strong> perda <strong>de</strong> visão e audiçãonas crianças sobreviventes (FREITAS ET AL.,2002).1.3 OBJETIVOSObjetivo geralAvaliar a magnitu<strong>de</strong> da associação entre Streptococcus <strong>agalactiae</strong> <strong>como</strong> <strong>causa</strong> <strong>de</strong>infecções <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> grávidas.Objetivos específicosEfetuar uma análise crítica sobre os conteúdos didáticos relacionados com aocorrência <strong>de</strong> Streptococcus <strong>agalactiae</strong> <strong>como</strong> <strong>causa</strong> <strong>de</strong> infecções <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong>grávidas.Efetuar uma compilação das informações fornecidas pelos principais autores sobre ot<strong>em</strong>a e a partir <strong>de</strong>ssa compilação, <strong>de</strong>terminar a prevalência do Streptococcus<strong>agalactiae</strong> <strong>como</strong> <strong>causa</strong> <strong>de</strong> infecções <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> grávidas.Partindo da compilação caracterizar a situação e tendência da morbi-mortalida<strong>de</strong> dainfecção por Streptococcus <strong>agalactiae</strong> <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> grávidas.1.4 JUSTIFICATIVA


13Pela gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta infecção e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer mais sobre ela,torna-se necessária uma revisão das características da infecção e dos casos, com oque se preten<strong>de</strong> alertar sobre a presença <strong>de</strong>ste microrganismo, a fim <strong>de</strong> orientarpara estratégias a<strong>de</strong>quadas para melhorar o diagnóstico <strong>em</strong> laboratório e ummanejo terapêutico eficaz.1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOSSegundo Ventura (2002, p.76-77), são incontáveis e absolutamente diversas asclassificações da metodologia que po<strong>de</strong>m ser encontradas na literaturaespecializada.Segundo Minayo (1996) o campo da saú<strong>de</strong> constitui uma "realida<strong>de</strong> complexa que<strong>de</strong>manda conhecimentos distintos integrados e que coloca <strong>de</strong> forma imediata oprobl<strong>em</strong>a da intervenção”. Sua abrangência multidisciplinar e importância estratégicaintegram seu caráter peculiar.Segundo Gil (2002), quanto aos objetivos gerais e específicos, o presente trabalhoserá uma pesquisa exploratória que t<strong>em</strong> <strong>como</strong> objetivo proporcionar maiorfamiliarida<strong>de</strong> com o probl<strong>em</strong>a, com vistas a torná-lo mais explícito. Envolverá amplolevantamento bibliográfico na forma <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica. Quanto aos seusprocedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica será <strong>de</strong>senvolvida com base <strong>em</strong>material já elaborado, constituído principalmente <strong>de</strong> livros e artigos científicos.Portanto serão utilizados apenas dados secundários que são os dados que já seencontram disponíveis, pois já foram objeto <strong>de</strong> estudo e análise anterior.


142 REVISÃO BIBLIOGRÁFICAOs dados sobre a colonização do Streptococcus <strong>agalactiae</strong> oscilam entre 4,6% e41%, variando <strong>de</strong> acordo com a região geográfica. Em certas potências industriais é<strong>de</strong> 5% a 35% enquanto que para nações <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento situa-se entre 4% e20%. Em países da América Latina, <strong>como</strong> Brasil, México e Venezuela têm seobservadas prevalências <strong>de</strong> 18,4%, 10,3% e 32,7%, respectivamente (RIEIRAS ET AL.,1983; BENCHETRITI ET AL., 1982). Em outros países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento observam-sevalores menores, pe., Índia (5,8%), Líbia (5%) e Arábia Saudita (13,9%), enquantoque regiões <strong>como</strong> Nigria (19,5%), Costa <strong>de</strong> Marfim (19,3%) e Gâmbia (22%)apresentam prevalências mais altas (SUARA ET AL., 1994). Em 1998, outra revisãomostra que as taxas <strong>de</strong> colonização são <strong>de</strong> 12% (Índia/Paquistão), 19% (Ásia/pacífico), 19% (África ); 19% ( África do norte); 14% Américas.Nos Estados Unidos, nos anos 70, o GBS <strong>em</strong>ergiu <strong>como</strong> a principal <strong>causa</strong> infecciosa<strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> neonatos, com taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> torno <strong>de</strong>55%. Em 1990, houve cerca <strong>de</strong> 7600 casos <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia neonatal e 310 óbitos.Dados do Centro <strong>de</strong> Controle e Prevenção <strong>de</strong> Doenças (CDC), dos EUA, mostramque, <strong>em</strong> 1993, a incidência foi <strong>de</strong> 1,7 caso por 1.000 nascido vivo, com letalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>6% a 20%. Em 1999, após a impl<strong>em</strong>entação da <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> colonizadascom meios específicos <strong>de</strong> cultura, seguida pela profilaxia intraparto com penicilinaou ampicilina nas gestantes positivas, essa proporção caiu para 0,4 caso por 1.000nascidos vivos (FLEURY MÉD E SAÚDE, 2002).A doença precoce foi observada <strong>em</strong> 1,4 <strong>em</strong> cada 1000 nascimentos, enquantodoença tardia é observada <strong>em</strong> 0,3 <strong>em</strong> cada 1000 nascimentos. A incidência dadoença precoce t<strong>em</strong> diminuído ao longo dos últimos <strong>de</strong>z anos, possivelmente <strong>como</strong>resultado da CDC orientações para a prevenção da colonização neonatal com oEGB (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICAL ASSOCIATION, 20 DE AGOS DE 2004; VOL 117Nº 1200).A incidência <strong>de</strong> infecções estreptocócicas invasiva do grupo B <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> adultasprimíparas, <strong>em</strong> Atlanta, durante o período <strong>de</strong> 1982-1983 foi <strong>de</strong> 2,4 casos por100.000 habitantes. Um estudo realizado <strong>em</strong> Atlanta <strong>de</strong> 1989-1990 revelou uma


15incidência <strong>de</strong> 4,4 casos por 100.000 habitantes (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICALASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004; VOL 117 Nº 1200) .Em adultos com mais <strong>de</strong> 60 anos, a incidência é <strong>de</strong> 18 casos por 100.000habitantes. Isto é s<strong>em</strong>elhante à incidência <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia pneumocócica (JORNAL DANOVA ZELÂNDIA MEDICAL ASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004; VOL 117 Nº 1200).Estudos recentes realizados nos EUA mostram que a incidência <strong>de</strong> infecções <strong>de</strong>início precoce e <strong>de</strong> início tardio é <strong>de</strong> 1,3/1.000 e 0,5/ 1.000, nascidos vivosrespectivamente (TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM F. 4º ED– ATHENEU, 2005).A infecção pr<strong>em</strong>atura por GBS <strong>em</strong> neonatos associou <strong>em</strong> 90% dos casos com acolonização materna por esse microrganismo (Ortiz & Vélez, 1996). Nesta forma, a infecçãopo<strong>de</strong> manifestar-se, nas primeiras horas <strong>de</strong> vida, sob forma <strong>de</strong> meningites, pneumonia,septic<strong>em</strong>ia, com uma mortalida<strong>de</strong> próxima a 10%. A existência <strong>de</strong> fatores obstétricos <strong>de</strong>risco aumenta a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção no recém nascido, apesar disto, só <strong>em</strong>aproximadamente a meta<strong>de</strong> dos que apresentam uma septic<strong>em</strong>ia neonatal se i<strong>de</strong>ntificaalgum fator <strong>de</strong> risco. A infecção por GBS é também, uma <strong>causa</strong> importante <strong>de</strong> infecção<strong>em</strong> gestantes e puérperas. A bacteriúria por GBS durante a gravi<strong>de</strong>z se associa comum maior risco <strong>de</strong> parto pr<strong>em</strong>aturo e ruptura pr<strong>em</strong>atura <strong>de</strong> m<strong>em</strong>brana, provavelmentereflexo <strong>de</strong> um maior inoculo vaginal.Apesar dos avanços científicos e tecnológicos na vigência do terceiro milênio, aRotura Pr<strong>em</strong>atura das M<strong>em</strong>branas (RPM) continua sendo um <strong>de</strong>safio para osobstetras e certamente o será para aqueles que irão militar na especialida<strong>de</strong> noséculo XXI. As principais repercussões maternais inclu<strong>em</strong> aumento na taxa <strong>de</strong>cesáreas, corioaminionite cílinica e infecção pós-parto, ao passo que o riscoperinatal inclui, entre outros, pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong>, infecção, septic<strong>em</strong>ia neonatal e óbitofetal e neonatal (COLE & BERNSTEIN, 2002).A cavida<strong>de</strong> aminiótica fica exposta aos microrganismos que sabidamente habitam avagina e o canal endocervical. Surge então, a possibilida<strong>de</strong> da contaminaçãodaquela cavida<strong>de</strong> através das m<strong>em</strong>branas por vias acen<strong>de</strong>nte, fato <strong>de</strong>monstradopelo achado <strong>de</strong> microrganismo no líquido amniótico (LA) s<strong>em</strong>elhante àqueleshabitualmente encontrados no trato genital inferior (ROMERO, ET AL 1991).Dois tipos <strong>de</strong> infecção são <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> neonatos: precoce (early onset) e tardia(late onset). As infecções precoces ocorr<strong>em</strong> na primeira s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> vida e as tardias


16<strong>de</strong> sete a 90 dias após o nascimento. As infecções precoces po<strong>de</strong>m ser adquiridasno útero <strong>em</strong> conseqüência da aspiração <strong>de</strong> líquido amniótico contaminado durante apassag<strong>em</strong> pelo canal do parto colonizado pelo GBS. A infecção tardia mais comumé a bacter<strong>em</strong>ia associada à meningite. As fontes <strong>de</strong> infecção mais provável são aprópria mãe da criança e outras crianças doentes. Aproximadamente 95% dasinfecções tardias são <strong>causa</strong>das pelo EGB do tipo III (TRABULSI, L. R; ALTERTHUM F. 4ºED – ATHENEU, 2005).O fato <strong>de</strong> afetar entre 2,7 e 17 % das gestações, com uma média <strong>de</strong> 10%, a rupturapr<strong>em</strong>atura <strong>de</strong> m<strong>em</strong>branas se faz presente especialmente na população <strong>de</strong> grávidasatendidas no serviço público do nosso país, <strong>de</strong>spertando, portanto, o interesse dospesquisadores sobre o assunto (ROCHA ET AL., 2002).De acordo com a literatura, as taxas <strong>de</strong> prevalência da colonização porStreptococcus do grupo B po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> 4,6% a 41%, <strong>de</strong>vendo-se essa variaçãoaos seguintes fatores: o período <strong>de</strong> gestação no qual as culturas são realizadas, olocal <strong>de</strong> coleta, os métodos bacteriológicos utilizados para a <strong>de</strong>tecção do GBS e aorig<strong>em</strong> e características da população estudada (ROCHA ET AL., 2002). Nos estudosbrasileiros as taxas têm variado <strong>de</strong> 4 a 18,4% (BERALDO ET AL., 2004).A principal via para transmitir do microrganismo consiste na passag<strong>em</strong> pelo canalvaginal infectado durante o parto e também po<strong>de</strong> ocorre por infecção intrauterina eaquisição nosocomial pós-parto. Nos neonatos é um patógeno importante que <strong>causa</strong>pneunonia, septic<strong>em</strong>ia e meningite com uma alta mortalida<strong>de</strong>. Nas mães,encontram-se envolvidos nas infecções intrauterinas, endometrite, febre pós-parto,infecção urinária e bacter<strong>em</strong>ia. A transmissão mãe-filho ocorre <strong>de</strong> 29 a 70% doscasos, e n<strong>em</strong> todos os neonatos <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> infecções (EVALDSON ET AL., 1982).Nos Estados Unidos, o GBS é a etiologia mais comum <strong>de</strong> sepse neonatal <strong>em</strong>eningite e se estima uma incidência <strong>de</strong> infecção neonatal invasiva <strong>de</strong> 1.7 nascidosvivos e uma taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5,8% (CDC,1998). As variações na incidência dosdiferentes sorotipos <strong>de</strong> GBS são também observadas. É possível que a distribuiçãogeográfica dos sorotipos se expliqu<strong>em</strong> <strong>em</strong> parte, <strong>de</strong>vido as relações estreitas entre osorotipo e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir infecção mais ou menos graves. De acordo comisto, se sabe que um dos principais fatores <strong>de</strong> virulência da bactéria é o ácidoSiálico, componente da cápsula, pois diminui a ativação da via alternativa docompl<strong>em</strong>ento. O sorotipo mais comum nos Estados Unidos é o III, que é encontrado


17<strong>em</strong> 30% das infecções invasivas <strong>em</strong> crianças e <strong>em</strong> 80% a 90% dos casos <strong>de</strong>meningites (WESSEL & KASPER, 1993).A relação entre a presença do GBS na flora vaginal da gestante e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>colonização do recém nascido é bastante evi<strong>de</strong>nte na literatura, tornando necessário<strong>de</strong>terminar a percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> gestantes colonizadas nas diversas localida<strong>de</strong>s.Payne et al. (1998) <strong>de</strong>screveram que 53% dos RN apresentavam RX com achadossugestivos <strong>de</strong> pneumonia e cardiomegalia discreta; a imag<strong>em</strong> radiológica inicial <strong>de</strong>“Pulmão úmido” estava associada na gran<strong>de</strong> maioria das vezes, com doença levepelo GBS. Em contraste, a presença <strong>de</strong> efusões pleurais correlacionassesignificativamente com infecção fatal (BAKER CJ, ET AL, 1995). Swischuk(1980) relatouque a efusão pleural é mais freqüente do lado direito <strong>de</strong>vido a diferenças nadrenag<strong>em</strong> linfática pulmonar. Alguns autores têm <strong>de</strong>monstrado através <strong>de</strong> achadosclínicos e histológicos que a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> surfactante parece contribuir para aevolução fatal da infecção pelo GBS. As imagens <strong>de</strong> atelectasia são característicasda <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> surfactante, quer primária ou secundária, po<strong>de</strong>ndo ser observadasradiologicamente <strong>em</strong> RN pr<strong>em</strong>aturos com infecção pelo GBS.Payne et al. (1998) relataram que a neutropenia estava significativamente associadacom infecção <strong>de</strong> evolução fatal. A ocorrência <strong>de</strong> coagulopatia é comum na infecção<strong>de</strong> início precoce pelo GBS, <strong>de</strong>vido à ativação do sist<strong>em</strong>a compl<strong>em</strong>ento, comsubseqüente ativação do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coagulação. Esse estudo <strong>de</strong>monstrou cincocaracterísticas freqüent<strong>em</strong>ente associadas com doença precoce <strong>de</strong> evolução fatal:PN < 2500 g, contag<strong>em</strong> absoluta <strong>de</strong> neutrófilos < 1500 células/mm3, hipotensãoarterial, efusão pleural e apnéia.Segundo Thullen e Ingram (1991), 86% dos RN com infecção pelo GBS tinham HMC (h<strong>em</strong>ocultura) positiva após incubação por 48 horas (96%) e após 72 horas (98%). Porém,Pyati et al. (1981) relataram que 12,5% dos RN que <strong>de</strong>senvolveram infecção precoce peloGBS tinham HMC negativa na primeira hora <strong>de</strong> vida. Segundo Nelson et al. (1987) ah<strong>em</strong>ocultura (HMC) po<strong>de</strong> subestimar a verda<strong>de</strong>ira taxa <strong>de</strong> infecção pelo GBS, que teriasensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 82%. Portanto, muitos RN po<strong>de</strong>m ter HMC negativa, apesar <strong>de</strong> estar<strong>em</strong>infectados, <strong>de</strong> outra forma, a HMC apresenta elevada especificida<strong>de</strong>. Boyer et al. <strong>em</strong>(1984) e Kiska et al. <strong>em</strong> (1995) mostraram que RN <strong>de</strong> mães portadoras do GBS, nascidosa termo, que apresentam boa evolução clínica nas primeiras 48 horas <strong>de</strong> vida e


18h<strong>em</strong>ocultura (HMC) negativa, t<strong>em</strong> mínima incidência <strong>de</strong> infecção pelo GBS - 0,05%(1/2000).De acordo com Ingram et al. (1982) 77% dos RN com pneumonia pelo GBSapresentam cocos Gram positivos no aspirado gástrico. Fato verificado também porBecker et al. (1993) o qual verificou a associação entre bacterioscopia do aspiradogástrico obtido até uma hora após o nascimento e o diagnóstico <strong>de</strong> sepse precocepelo GBS. Weisman et al. (1992) relataram uma correlação entre o isolamento <strong>de</strong>microrganismos Gram positivos o aspirado gástrico e início <strong>de</strong> infecção precoce peloGBS nos RN sintomáticos admitidos <strong>em</strong> UTI.Estudos realizados por Ingram et al. (1982) <strong>de</strong>monstraram que 88% dos RN comdoença <strong>de</strong> início precoce pelo GBS, testados nas primeiras 48 horas <strong>de</strong> vida,apresentavam antigenúria. Porém, Greenberg et al. (1995) observaram que aabsorção do LA (líquido anminiótico) contaminado pelo GBS no trato gastrointestinalpo<strong>de</strong> produzir antigenúria falso positiva; e que o número <strong>de</strong> RN sadios colonizadospelo GBS foi <strong>de</strong> 2,3%. Conclui-se que não se <strong>de</strong>ve supervalorizar esse achado <strong>em</strong>RN assintomáticos.Segundo Bromberger et al. (1980) e Edwards et al. (1979) a sensibilida<strong>de</strong> da LPA(antígeno particulado <strong>em</strong> látex) foi inicialmente relatada <strong>como</strong> elevada – entre 85 e100%, <strong>em</strong> RN com cultura positiva para GBS <strong>em</strong> sangue ou LCR (líquido céfaloraquidiano), com especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 81 a 100% (GREENBERG DN ET AL 1995). Recentesrelatos têm indicado que estas avaliações eram otimistas. Becker et al. (1993) numgran<strong>de</strong> estudo multicêntrico, <strong>em</strong> RN com bacter<strong>em</strong>ia pelo GBS, <strong>de</strong>tectaramsensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apenas 54%. Concluíram que a sensibilida<strong>de</strong> está correlacionadacom a gravida<strong>de</strong> da doença. Em RN com meningite a sensibilida<strong>de</strong> da técnica é <strong>de</strong>72-89%. A sensibilida<strong>de</strong> da LPA aumenta <strong>de</strong> 38,9% <strong>em</strong> RN com doença leve para48,7% nos casos <strong>de</strong> doença mo<strong>de</strong>rada, e para 85,7% nos RN com doença grave(BECKER ET AL. 1993). Becker e colaboradores <strong>em</strong> 1993 realizaram um estudo com 88RN com sepse precoce que tinham HMC positiva para GBS e LPA positiva na urina.Os autores observaram que a LPA era positiva <strong>em</strong> apenas 53,5% (39/71) dos RN combacter<strong>em</strong>ia pelo GBS nos primeiros 7 dias <strong>de</strong> vida. Esse estudo mantém o conceito dacarga antigênica – quando o RN t<strong>em</strong> doença grave a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter LPA positivaé duas vezes maior do que nos casos com doença leve.


19Boyer et al. (1990) <strong>de</strong>monstraram que a LPA positiva na urina <strong>de</strong> RN sintomáticost<strong>em</strong> alto valor preditivo, porém isto não ocorre <strong>em</strong> RN assintomáticos e com exameslaboratoriais normais. Estes resultados po<strong>de</strong>m refletir a contaminação no momentoda coleta, sendo recomendada a realização da urocultura na mesma amostracolhida para LPA. Sanchez et al. (1990) também observaram que a colonizaçãoperineal e retal pelo GBS po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar contaminação da urina obtida por sacocoletor. Desta forma, para verificar por LPA a ocorrência <strong>de</strong> doença invasiva peloGBS o i<strong>de</strong>al é que a amostra seja coletada por punção suprapúbica. Entretanto, estaconduta não é uniforme.Outro estudo avaliou o grau <strong>de</strong> contaminação da amostra urinária coletada. Foicolhido swab anal para correlacionar a presença do GBS à contaminação daamostra urinária para a realização da LPA. Observou-se que é pouco provávelresultado falso positivo <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da colonização urogenital pelo GBS.Entretanto, Rabalais et al.(1987) têm sugerido que a colonização po<strong>de</strong> <strong>causa</strong>rantigenúria. Sanchez et al. (1990) relatam, inclusive, que a colonização da superfíci<strong>em</strong>ucosa pelo GBS po<strong>de</strong> estar associada a antigenúria por absorção sistêmica do Ag(antígeno) GBS.Há sérias limitações <strong>em</strong> valorizar uma LPA positiva <strong>em</strong> RN assintomático com HMCnegativa. A taxa <strong>de</strong> falso positivo varia <strong>de</strong> 0 a 16,9% dos testes feitos nestacondição. Várias hipóteses têm sido propostas, algumas já citadas acima:antigenúria secundária à absorção sistêmica do Ag GBS, contaminação direta daurina durante a coleta, quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sangue obtida do RN insuficiente para <strong>de</strong>tectarbaixo grau <strong>de</strong> bacter<strong>em</strong>ia pelo GBS, antibioticoterapia materna suprimindocrescimento bacteriano <strong>em</strong> HMC, presença na urina <strong>de</strong> Ag não específico ou outraespécie <strong>de</strong> bactéria que po<strong>de</strong> ter reação cruzada com o Ag GBS e sepseparcialmente tratada (BAKER CJ ET AL 1995).Greenberg et al. (1995) obtiveram amostras urinárias seriadas durante a internaçãohospitalar e seguimento ambulatorial para a realização da LPA <strong>em</strong> nove RN com HMCpositiva para GBS. Detectaram a presença <strong>de</strong> antigenúria persistente <strong>em</strong> oito RN,apesar <strong>de</strong> antibioticoterapia a<strong>de</strong>quada e s<strong>em</strong> qualquer evidência <strong>de</strong> infecçãopersistente pelo GBS. Nesse estudo um RN evoluiu com antigenúria por 120 dias, tendoHMC e urocultura negativas seriadas, porém com swab retal positivo para GBS. A


20absorção do Ag do GBS pelo trato gastrintestinal po<strong>de</strong> ser responsável pela antigenúriapersistente observada nesse paciente.A ativida<strong>de</strong> antimicrobiana do líquido amniótico (LA) é limitada e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores<strong>como</strong> concentração do complexo zinco-proteico, lizosima, etc. presente no própriofluido, além da ida<strong>de</strong> gestacional e presença <strong>de</strong> mecônio. Por sua vez, asensibilida<strong>de</strong> e a resistência do microrganismo no LA <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser levados <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>ração no tocante ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> infecções da cavida<strong>de</strong> amniótica.Estudos realizados por Duarte (Duarte, 1988) <strong>de</strong>monstraram que os microrganismosanaeróbios apresentam elevada sensibilida<strong>de</strong> aos componentes do LA, ao passoque o GBS resiste à ação dos compostos antibacterianos <strong>de</strong>sse fluido, aspecto quecorrobora os achados <strong>de</strong> colonização <strong>de</strong> bactérias na cavida<strong>de</strong> amniótica, mesmodiante <strong>de</strong> m<strong>em</strong>branas íntegras.Ascher et al. (1991) <strong>de</strong>monstraram <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>lo experimental a correlação entrecolonização gástrica pelo GBS e LPA positiva, associando a absorção gástrica doLA infectado pelo GBS com o achado <strong>de</strong> antigenúria falso positiva. Tambémavaliaram RN com HMC negativa e LPA positiva <strong>em</strong> amostra urinária, sendo que89% apresentavam cultura do aspirado gástrico positiva para GBS. Houve relato <strong>de</strong>um outro caso com antigenúria persistente por mais <strong>de</strong> cinco meses (Ascher DP etal 1991). A dosag<strong>em</strong> seriada <strong>de</strong> Ag na urina <strong>de</strong> RN com doença invasiva pelo GBSnão po<strong>de</strong> ser usada <strong>como</strong> método <strong>de</strong> monitorização da resposta à antibioticoterapia.Des<strong>de</strong> 1992, <strong>de</strong>vido a importância do GBS <strong>como</strong> patógeno <strong>em</strong> neonatos egestantes, diversas associações científicas internacionais conduziram esforços a fim<strong>de</strong> promover estratégias para sua queda e prevenção e se <strong>de</strong>finir um consensosobre as medidas <strong>de</strong> profilaxia neonatal. Além do mais foram revisadas ascaracterísticas epi<strong>de</strong>miológicas das enfermida<strong>de</strong>s por GBS, se <strong>de</strong>screvendomelhores métodos para a i<strong>de</strong>ntificação e quimioprofilaxia assim <strong>como</strong> os fatores <strong>de</strong>risco obstétricos que se associam com as enfermida<strong>de</strong>s perinatal e que se po<strong>de</strong>musar no manejo da profilaxia intraparto.No Brasil, o GBS não t<strong>em</strong> sido ainda <strong>de</strong>vidamente valorizado na etiologia dosprocessos infecciosos que acomet<strong>em</strong> os recém-nascidos e as puérperas, apesar dagravida<strong>de</strong> da infecção e <strong>de</strong> a mesma ser passível <strong>de</strong> benefícios profiláticos (Beraldo etal., 2004).


21A taxa <strong>de</strong> colonização, varia <strong>de</strong> 15 a 25 %, no Brasil (REV BRÁS GINECOL OBSTST. 1995;17). Estudos realizados <strong>em</strong> Ribeirão Preto – SP <strong>em</strong> 1997 <strong>de</strong>monstraram que o EGB foia bactéria mais prevalente nos casos <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia neonatal, estando presente 37,8% dos casos <strong>de</strong> infecção confirmada ( NÓBREGA RA). Os dados brasileiros sãorelativamente escassos, com índices <strong>de</strong> colonização inferiores ao valor <strong>de</strong> 19,2%verificado neste trabalho. Em estudo realizado <strong>em</strong> São Paulo, as taxas <strong>de</strong>tectadasforam baixas, <strong>de</strong> 1,9%, <strong>de</strong>corrente, talvez, da coleta <strong>de</strong> espécime apenas vaginal e dainoculação <strong>em</strong> meio <strong>de</strong> cultura não seletiva. Entretanto, numa avaliação realizada <strong>em</strong>Salvador, on<strong>de</strong> foi utilizado a mesma metodologia <strong>de</strong> coleta e laboratorial <strong>em</strong>pregadaneste estudo, o índice foi <strong>de</strong> 6,9%, inferior ao <strong>de</strong>tectado <strong>em</strong> nosso trabalho. Estesresultados mostram a presença <strong>de</strong> vários fatores influenciando nos índices <strong>de</strong>colonização pelo EGB nas gestantes, além dos meramente metodológicos,particularmente o perfil da população estudada (REV BRÁS GINECOL OBSTST. 2005; VOL27).Em outro estudo realizado no Hospital <strong>de</strong> Clinicas <strong>de</strong> Porto Alegre no período <strong>de</strong> 1º<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1996 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999. O diagnostico <strong>de</strong> infecção neonatal foifeito a partir do isolamento e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> GBS <strong>em</strong> h<strong>em</strong>ocultura combinado comalterações clínicas e laboratoriais sugestivas <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia. Nos resultados obtidosforam <strong>de</strong>tectados quinze casos <strong>de</strong> infecção neonatal por GBS, sendo onze casos <strong>de</strong>septic<strong>em</strong>ia <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> precoce, dois casos <strong>de</strong> bacter<strong>em</strong>ia oculta e dois casos <strong>de</strong>septic<strong>em</strong>ia <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> tardia. Oito casos tiveram choque séptico (53%), oito casoscom pneumonia (53%) e quatro casos com meningite (27%). Quatorze casos foramdiagnosticados a partir da h<strong>em</strong>ocultura e um caso através da presença <strong>de</strong>stabactéria no exame anatomo-patológico do pulmão. Treze casos (87%) foramdiagnosticados antes <strong>de</strong> três dias <strong>de</strong> vida. Ocorreram três óbitos (20%) e trêspacientes com meningite ficaram com seqüelas neurológicas (REVISTA DO INST DEMÉD TROPICAL DE SP, SET / OUT 2001 PG 2).Em um estudo on<strong>de</strong> foram realizadas a rotina bacteriológica do conteúdo vaginal ecervical <strong>de</strong> 22 <strong>mulheres</strong> com história <strong>de</strong> aborto recente ou ruptura precoce dasm<strong>em</strong>branas a Candida sp. e o Streptococcus <strong>agalactiae</strong> foram isolados <strong>em</strong> 54,5% doscasos, <strong>de</strong>ntre outros microrganismos. Tais resultados dão ênfase à importânciaqualitativa e quantitativa da microbiota vaginal <strong>de</strong> gestantes (BRAZIL. REVISTA DEMICROBIOLOGIA. OUTUBRO/DEZEMBRO, V. 29, P.311, 1998.). Em outro estudo realizado no


22serviço <strong>de</strong> microbiologia do laboratório municipal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública do Recife (LMSP),on<strong>de</strong> foi realizados 13.763 casos <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> secreção vaginal no período <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2000 a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002 foram <strong>de</strong>tectados a presença <strong>em</strong> 9.11% das pacientes <strong>de</strong>Streptococcus <strong>agalactiae</strong> associado com Cândida sp ( NEWSLAB- EDIÇÃO 68- 2005).No Hospital Universitário do Sul do Brasil foram examinadas amostras <strong>de</strong> 273gestantes no terceiro trimestre <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, observou-se a prevalência <strong>de</strong>colonização pelo EGB foi <strong>de</strong> 21% (59), sendo que 9,9% (27) tiveram positivida<strong>de</strong> <strong>em</strong>ambos os sítios (anal / vaginal, 6.95% (19) foram positivas somente no sitio vaginal.A prevalência <strong>de</strong> GBS foi relativamente mais alta <strong>em</strong> pacientas com ida<strong>de</strong> inferior a20 anos, naquelas com menor escolarida<strong>de</strong> e nas gestantes primíparas e o dobroentre aquelas que não relatam aborto espontâneo. Foi avaliada também aprevalência <strong>de</strong> EGB <strong>de</strong> acordo com grupo etário levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>raçãoconjuntamente, ida<strong>de</strong> e parida<strong>de</strong>, verifica-se que o risco <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong>colonização entre as primíparas cresce <strong>de</strong> acordo com o aumento do grupo etário55% maior com razão <strong>de</strong> prevalência 1,5 entre as primíparas mais velhascomparadas as mais jovens, ao passo que entra as multíparas o sentido do aumentoé inverso com risco <strong>de</strong> 80% entre as mais jovens comparadas as mais velhas. Foitambém encontrado 50% <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> colonização <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> com maiorfreqüência <strong>de</strong> relação sexual e <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> com mais <strong>de</strong> um parceiro sexual aprevalência foi <strong>de</strong> 95% (VER. BRÁS. DE GINECO OBST VOL 27,. RJ, APR 2005).Des<strong>de</strong> 1996, com a instituição das estratégias preventivas, recomendadas pelo CDC(Centers for Disease Control and Prevention), do uso <strong>de</strong> profilaxia antimicrobiana noparto das gestantes <strong>de</strong> risco para infecção pelo EGB, houve <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> 70% naincidência da doença estreptocócica <strong>de</strong> início precoce no recém-nascido, diminuindo<strong>de</strong> 1,5 para 0,5 por 1000 nascidos vivos (BRUMUND & WHITE, 1998). Esta orientaçãorecomenda duas estratégias para i<strong>de</strong>ntificar gestantes com risco <strong>de</strong> dar a luz abebes comprometidos a primeira é uma triag<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> com 35-37 s<strong>em</strong>anas<strong>de</strong> gestação, através da coleta retro / vaginal com swabs. A segunda foi com basena avaliação dos riscos, on<strong>de</strong> a mãe apresenta febre superior à 38ºc ou com ruptura<strong>de</strong> m<strong>em</strong>brana > 18 horas. Ambas as estratégias são recomendados o uso daantibioticoprofilaxia, principalmente <strong>em</strong> partos pr<strong>em</strong>aturos com < <strong>de</strong> 37 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong>gestação, <strong>em</strong> bacteriúria por GBS <strong>de</strong>tectada durante a gestação ou <strong>em</strong> outrosprece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> GBS infectando o bebê. Em 2002 o CDC sofre atualizações e


23recomenda que a antibióticoprofilaxia intraparto seja realizada 4 horas antes donascimento, <strong>em</strong> casos on<strong>de</strong> o resultado da h<strong>em</strong>ocultura não é conhecido ou quandonão foi realizada e quando houver óbito neonatal anteriores por septic<strong>em</strong>ia ouhipertensão pulmonar nas primeiras 48 horas (CDC, 2002).A socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Pediatria e a Fe<strong>de</strong>ração Brasileira das Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), preocupadas com o risco das infecçõesneonatais precoces <strong>de</strong>vido ao EGB e a alta mortalida<strong>de</strong> neonatal, recomendam arealização <strong>de</strong> cultura anal / vaginal <strong>em</strong> todas as gestantes (triag<strong>em</strong> universal) entre35-37 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> gestação; nos casos <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> parto pr<strong>em</strong>aturo, ruptura <strong>de</strong>m<strong>em</strong>branas ≥ 18 horas, circlag<strong>em</strong>, t<strong>em</strong>peratura materna ≥ 38ºC, bacteriúria nagestação, RN prévio com doença neonatal pelo EGB. Em toda gestante com maisque 24 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> gestacional e que necessite <strong>de</strong> internação hospitalar porrisco <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> parto pr<strong>em</strong>aturo. Na presença <strong>de</strong> resultado <strong>de</strong> cultura positivonão há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova coleta, visto que, a indicação <strong>de</strong> AIP já estáestabelecida. Para as pacientes com resultados negativos, <strong>de</strong>verá ser solicitada umacoleta, <strong>em</strong> quatro s<strong>em</strong>anas, <strong>de</strong>pois da primeira coleta ou se o parto for<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado; nos casos <strong>de</strong> óbito fetal s<strong>em</strong> <strong>causa</strong> e quando o RN prévio comcultura positiva para EGB s<strong>em</strong> doença.No Brasil a socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> pediatria junto com a fe<strong>de</strong>ração Brasileira dassocieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ginecologia e obstetrícia elaborou um documento que serve <strong>de</strong> guiapara prevenção da doença perinatal pelo Streptococcus <strong>agalactiae</strong>. Tendo <strong>como</strong>base às pr<strong>em</strong>issa da American Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics (AAP), American College ofGynecologists and Obstetricians (ACOG) e Centers for Diseases Control andPrevention (CDC), publicado <strong>em</strong> 1996 e revisado <strong>em</strong> 2002, realizando portanto trêsestratégias para prevenção: imunização, anti-sepsia do canal do parto e aquimioprofilaxia (DEP CIENTF DE NEONATOLOGIA).Nos hospitais da América do Norte on<strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entaram as recomendações do CDChouve uma redução <strong>de</strong> 50%, porém nas instituições on<strong>de</strong> não foi revista a política <strong>de</strong>vigilância não houve redução dos casos (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICALASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004; VOL 117 Nº 1200).Estudos envolvendo 11 maternida<strong>de</strong>s da Austrália, durante 7 (sete) anos, mostrouque a profilaxia intraparto com Ampicilina <strong>em</strong> pacientes GBS positivo, as taxas <strong>de</strong>septic<strong>em</strong>ia caíram significativamente <strong>de</strong> 1,2 para 0,5 casos por cada 1000 nascidos


24vivos (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICAL ASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004; VOL 117 Nº1200).Nos Estados Unidos a incidência da doença neonatal precoce caiu (70%) para 0,5 por1.000 nascidos vivos <strong>de</strong> 1996 a 1999 atribuída ao uso da quimioprofilaxia intraparto e seestimou que 4.500 casos <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia neonatal precoce e 225 mortes por ano foramprevenidas.No Brasil, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> GBS resistentes a esses antimicrobianos v<strong>em</strong><strong>de</strong>monstrando tendência <strong>de</strong> aumento. Neste estudo, as taxas <strong>de</strong> resistência aEritromicina (9,4%) e Clindamicina (6,2%) foram superiores às <strong>de</strong> 5,4 e 1,1%,respectivamente, <strong>de</strong>tectadas <strong>em</strong> amostras clínicas <strong>de</strong> GBS isoladas <strong>de</strong> pacientesinfectados no período <strong>de</strong> 1994 a 1999, no Rio <strong>de</strong> Janeiro (VER. BRÁS. DE GINECO OBSTVOL 27,. RJ, APR 2005).Um dos trabalhos clássico publicado <strong>em</strong> 1998 por Schimmel M.S., Samueloff A.,Ei<strong>de</strong>lman A.I. Um estudo multicêntrico, duplo-cego e randomizado, <strong>em</strong> que foi usadairrigação vaginal <strong>de</strong> Clorexidina <strong>em</strong> 2.238 gestantes na chegada a maternida<strong>de</strong>,repetida a cada 6 horas, até o nascimento e comparado com grupo placebo com2.245 gestantes. O número <strong>de</strong> admissões na UTI neonatal no grupo placebo <strong>de</strong>mães colonizadas pelo EGB foi 5,4%, comparado com apenas 2,8% no grupo comirrigação <strong>de</strong> Clorexidina na mesma situação <strong>de</strong> colonização, e a <strong>causa</strong> <strong>de</strong> admissãona UTI neonatal <strong>de</strong>vido à infecção foi estatisticamente maior no grupo placeboquando comparado ao grupo <strong>de</strong> irrigação com Clorexidina. Concluíram, os autores,que o uso <strong>de</strong> Clorexidina no inicio do trabalho <strong>de</strong> parto pareceu ser que o uso <strong>de</strong>Clorexidina no inicio do trabalho <strong>de</strong> parto pareceu ser benéfico na prevenção dadoença perinatal pelo EGB (DPEGB).Em nosso meio, Baltieri e cols, <strong>em</strong> 2005, mostraram queda na incidência <strong>de</strong> sepseneonatal precoce pelo EGB <strong>de</strong> 0,39/1000 para 0,29/1000 nascidos vivos, apóscampanha <strong>de</strong> educação com os obstetras e enfermeiras obstétricas, e comunicaçãoatravés <strong>de</strong> reuniões científicas e rotina escrita (facilmente disponível) <strong>de</strong> orientaçãosobre a quimioprofilaxia intraparto no centro obstétrico. A irrigação vaginal comsolução <strong>de</strong> Clorexidina aquosa a cada 6 horas nos partos normais também foiinstituída. A letalida<strong>de</strong> neonatal precoce apresentou queda <strong>de</strong> 66% para 23%(Baltieri S, Richtmann R., Arriero G. Avaliação da incidência do Estreptococo dogrupo B após realização <strong>de</strong> campanha educativa para obstetras (ABSTRAT 296 IX


25CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTROLE DE INFECÇÃO E EPIDEMIOLOGIA HOSPITALAR,SALVADOR 2004).Estudos mostram que 1 a 2 % das crianças nascidas <strong>de</strong> mães colonizadas com EGB quenão são submetidas a quimioprofilaxia <strong>de</strong>senvolve a doença. Esta estratégia é capaz <strong>de</strong>reduzir <strong>em</strong> trinta vezes a incidência <strong>de</strong> doenças neonatal pelo microrganismo (Factor et al.,1998).Em adultos, fora do período pós-parto, as infecções por GBS se apresentamgeralmente, <strong>como</strong> formas que complicam outras patologias, <strong>em</strong> particular, a diabetes,hepatopatias, câncer, as alterações neurológicas e a insuficiência cardíaca e renal (CDC,1996).De acordo com as diretrizes do CDC recomenda-se que todos recém nascidos comsinais <strong>de</strong> sepse, ou <strong>em</strong> <strong>mulheres</strong> que tenham corioamnionite, <strong>de</strong>verão sersubmetidos a uma avaliação diagnóstica e receber <strong>em</strong>piricamente a terapiaantimicrobiótica (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICAL ASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004;VOL 117 Nº 1200). Em um relatório foram encontrados 63 bebês assintomáticos,nascidos <strong>de</strong> mães tratadas por suspeita <strong>de</strong> corioamnionite, tiveram h<strong>em</strong>oculturaspositivas (JORNAL DA NOVA ZELÂNDIA MEDICAL ASSOCIATION, 20 DE AGO DE 2004; VOL117 Nº 1200).PROFILAXIASegundo a socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Pediatria exist<strong>em</strong> três estratégias para aprevenção da DPEGB neonatal:- Imunização.- Anti-sepsia do canal <strong>de</strong> parto.- Quimioprofilaxia.- Imunização: A imunização contra o EGB é uma estratégia bastante promissora,atualmente <strong>em</strong> pesquisa e não disponível comercialmente. A vacina induz anticorpossoro-específicos da cápsula polissacarí<strong>de</strong>a do EGB e a gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong><strong>de</strong>senvolvê-la encontra-se na conjugação das diferentes cepas do estreptococo. Elat<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> prevenir a forma precoce e tardia da doença, eliminando anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> triag<strong>em</strong> através <strong>de</strong> culturas com 35-37 s<strong>em</strong>anas para EGB e aquimioprofilaxia. A duração <strong>de</strong> proteção da vacina ainda é <strong>de</strong>sconhecida e um oumais reforços po<strong>de</strong>m ser necessários 22.


26-Anti-sepsia do canal <strong>de</strong> parto: Outra estratégia recomendada é a anti-sepsia docanal <strong>de</strong> parto com Gluconato <strong>de</strong> Clorexidina. A Clorexidina é um anti-sépticolargamente utilizado na prática hospitalar, t<strong>em</strong> excelente ação sobre germes grampositivos,apresenta boa ação residual e baixa toxicida<strong>de</strong>. Vários trabalhos foram<strong>de</strong>senvolvidos com o uso tópico <strong>de</strong> solução aquosa <strong>de</strong> Clorexidina a 0,2% vaginaldurante o trabalho <strong>de</strong> parto para avaliar a prevenção <strong>de</strong> transmissão do EGB para oRN.- Quimioprofilaxia: A quimioprofilaxia com antimicrobianos para a erradicação doestado <strong>de</strong> portadora <strong>em</strong> gestantes colonizadas <strong>de</strong>ve ser feita intra-parto. Estudosmostraram que o tratamento com antibióticos durante o pré-natal não preveniu ainfecção neonatal e gran<strong>de</strong> parte das gestantes tratadas apresentava-serecolonizada no momento do parto. Portanto, não existe qualquer vantag<strong>em</strong> <strong>em</strong> setratar a gestante colonizada pelo EGB antes do parto. Assim sendo, resta-nos o usoa<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> antimicrobiano no intraparto e continuida<strong>de</strong> no pós-parto na<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> certas circunstâncias.Conceitualmente, a quimioprofilaxia intraparto é a administração <strong>de</strong> antibiótico logoapós o início do trabalho <strong>de</strong> parto ou ruptura das m<strong>em</strong>branas, sendo necessáriaspelo menos duas doses <strong>de</strong> antibióticos com intervalo <strong>de</strong> 4 horas, antes da resoluçãodo parto, para que uma menor percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> RN esteja colonizada pelo EGB aonascimento.A quimioprofilaxia é hoje a melhor arma no combate ao EGB e sugere o uso <strong>de</strong>antimicrobianos no intraparto.1o. Estratégia <strong>de</strong> prevenção para a doença neonatal precoce usando o screening <strong>de</strong>cultura pré-natal, que recomenda a toda gestante entre a 35a e 37a s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>gestacional realizar rotineiramente a pesquisa do EGB <strong>em</strong> material obtido por meio <strong>de</strong>swab colhido do terço distal da vagina e anoretal. A coleta po<strong>de</strong> ser realizada pelo médicoou por enfermeira, utilizando o mesmo swab, primeiro vaginal, <strong>de</strong>pois anal, ou um swabpara cada sítio.2o. Estratégia <strong>de</strong> prevenção para a doença neonatal precoce pelo EGB usando os fatores<strong>de</strong> risco maternos com ou s<strong>em</strong> o screening <strong>de</strong> cultura pré-natal, e se baseia na presença<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses fatores: trabalho <strong>de</strong> parto pr<strong>em</strong>aturo com ida<strong>de</strong> gestacional menor que 37


27s<strong>em</strong>anas, ruptura das m<strong>em</strong>branas igual ou maior que 18 horas e t<strong>em</strong>peratura maternaintraparto igual ou maior que 38 ºC.A quimioprofilaxia intraparto <strong>de</strong>ve ser intravenosa com penicilina (5.000.000Uinicialmente e, após, 2.500.000U a cada 4 horas, até o nascimento) ou Ampicilina(2g inicialmente e, após, 1g a cada 4 horas até o nascimento). A penicilina G é apreferida, pois t<strong>em</strong> espectro estreito e provavelmente leva à menor resistênciaantimicrobiana. Se a gestante é alérgica à Penicilina, s<strong>em</strong> risco <strong>de</strong> anafilaxia po<strong>de</strong>ser usado a Cefazolina 2g inicialmente, seguidas <strong>de</strong> 1g a cada 8 horas até o parto, ecom risco <strong>de</strong> anafilaxia po<strong>de</strong>m ser indicadas 900mg <strong>de</strong> Clindamicina a cada 8 horasou Eritromicina 500g a cada 6 horas até o nascimento, ou Azitromicina 500mg acada 24 horas, s<strong>em</strong>pre por via endovenosa. A prefeitura da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulojunto com a secretaria <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seguindo as recomendações do CDC implantou oprotocolo <strong>de</strong> prevenção contra infecção pelo EGB <strong>em</strong> neonatos, usando Ampicilinana dose <strong>de</strong> 2,0 gramas endovenoso <strong>como</strong> dose <strong>de</strong> ataque seguida <strong>de</strong> 1,0 gramaendovenoso a cada 4 horas (evidência científica Ia). Como alternativa po<strong>de</strong> serusada a penicilina G 5 milhões UI endovenosa <strong>como</strong> dose <strong>de</strong> ataque, seguida <strong>de</strong>2.500.000 UI endovenosa <strong>de</strong> 4 <strong>em</strong> 4 horas.No caso <strong>de</strong> pacientes alérgicas a penicilina <strong>de</strong>ve-se usar Eritromicina 500 mg ev <strong>de</strong> 6 <strong>em</strong>6 horas ou Clindamicina 900 mg ev <strong>de</strong> 8 <strong>em</strong> 8 horas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sensibilida<strong>de</strong> doEGB na cultura. O uso <strong>de</strong> Vancomicina 1 g ev <strong>de</strong> 12 <strong>em</strong> 12 horas está reservado aspacientes alérgicas a penicilina e cuja cultura mostrou resistência a Eritromicina e aClindamicina. O parto cesáreo não previne a transmissão materna fetal do EGB <strong>em</strong>pacientes já colonizados (PREFEITURA DE SP, SÉC DE SAU).Grupo B estreptococos eram sensíveis à Penicilina, Ampicilina, Cefazolina,Eritromicina, e Clindamicina. O organismo permanece sensível à penicilina eAmpicilina. A Penicilina é o tratamento <strong>de</strong> escolha, ainda não é explicado porque aterapia com este antibiótico produz um resultado melhor do que outros. Osaminoglicosí<strong>de</strong>os fornec<strong>em</strong> sinergia para matar os microrganismo, e muitas vezessão utilizados <strong>em</strong> infecções graves, porém esta terapia medicamentosa t<strong>em</strong>resultado apenas se o microrganismo for sensível aos aminoglicósidos, tornandoportanto os testes <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> importantes.


28A eficácia do uso da Clindamicina e <strong>de</strong> um Macróli<strong>de</strong>os é boa, mas os testes <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser realizados antes <strong>de</strong> utilizar estes antibióticos porque foiobservado o aumento da resistência ao mesmo. Os EGB s<strong>em</strong>pre são sensíveis àVancomicina, e este antibiótico é o <strong>de</strong> escolha no tratamento dos pacientes comalérgica a penicilina. As Quinolonas po<strong>de</strong> ter eficácia para o grupo B estreptococos,mas existe pouca experiência clínica. O Linezolid po<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar um papelimportante no tratamento <strong>de</strong>sta infecção, por<strong>em</strong>, na literatura, não existe nenhumaexperiência no tratamento <strong>de</strong> infecção estreptocócica do grupo B com Linezolid.Des<strong>de</strong> a implantação dos protocolos <strong>de</strong> prevenção das doenças do neonato, o uso<strong>de</strong> Eritromicina e Clindamicina t<strong>em</strong> aumentado, sobretudo <strong>em</strong> pacientes alérgicas apenicilina. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, houve aumento nas taxas <strong>de</strong> resistência do EGB aesses antimicrobianos, <strong>de</strong> acordo com o verificado <strong>em</strong> estudos realizados <strong>em</strong>diferentes países. Assim, <strong>em</strong> relação a Eritromicina, os maiores índices <strong>de</strong>resistência foram <strong>de</strong>tectados nos Estados Unidos da América (30%), na França(21,4%), na Turquia (20%) e, <strong>em</strong> menor proporção, <strong>em</strong> Portugal (10,7%). Emrelação à Clindamicina, as taxas <strong>de</strong> resistência, <strong>de</strong> modo geral, são inferiores, comíndices <strong>de</strong> 17,5% na França, 11,4% nos Estados Unidos da América e 9,9% <strong>em</strong>Portugal (FIGUEIRA-COELHO J, RAMIREZ M, SALGADO MJ, MELO-CRISTINO J.STREPTOCOCCUS AGALACTIAE IN A LARGE PORTUGUESE TEACHING HOSPITAL:ANTIMICROBIAL SUSCEPTIBILITY, SEROTYPE DISTRIBUTION AND CLONAL ANALYSIS OFMACROLIDE-RESISTANT ISOLATES. MICROB DRUG RES. 2004;10(1):31-6.).Uma opção <strong>em</strong> estudos é a utilização local <strong>de</strong> “spray” no momento do parto parareduzir a transmissão vertical do EGB, já que se supõe que seja tão eficaz quanto aAmpicilina (Facchinetti et al 2002). A Telithromicina, um novo antibiótico s<strong>em</strong>i-sintéticoda classe dos Macrolí<strong>de</strong>os, mostrou ser ativo contra todas as cepas <strong>de</strong> EGB,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do seu mecanismo <strong>de</strong> resistência, o que a torna uma opção válidapara quimioprofilaxia nos pacientes alérgicos à penicilina (BETRIU ET AL., 2003).


293 HISTÓRICO E TAXONOMIAO termo Streptococcus sp foi utilizado pela primeira vez por Billroth <strong>em</strong> 1874 para<strong>de</strong>screver um microrganismo com morfologia <strong>de</strong> cocos dispostos aos pares e <strong>em</strong>pequenas ca<strong>de</strong>ias isolados <strong>de</strong> feridas infectadas (APUD HARDIE & WHILEY, 1997; APUDKILIAN, 1998). O Streptococcus <strong>agalactiae</strong> foi primeiramente <strong>de</strong>scrito <strong>como</strong> agenteetiológico <strong>de</strong> mastite bovina e foi assim nomeado <strong>em</strong> 1896 por Lehmann e Neumannpara <strong>de</strong>signar Streptococcus isolado do leite (APUD HARDIE, 1986).O gênero Streptococcus t<strong>em</strong> sofrido várias alterações taxonômicas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suaprimeira <strong>de</strong>scrição. Muitas modificações na sua <strong>de</strong>scrição t<strong>em</strong> sido baseadas nautilização <strong>de</strong> técnicas moleculares <strong>de</strong>pois da publicação do segundo volume <strong>de</strong>Bergey’s Manual of Syst<strong>em</strong>atic Bacteriology <strong>em</strong> 1988 ( RUOFF ET AL, 2003).As primeiras classificações foram baseadas unicamente na ativida<strong>de</strong> h<strong>em</strong>olítica e nasreações sorológicas com anticorpos <strong>de</strong> Lancefield. A utilização do meio <strong>de</strong> Ágar sangue,iniciada por Shottmuller e colaboradores <strong>em</strong> 1903, possibilitou a diferenciação do padrão<strong>de</strong> h<strong>em</strong>ólise (alfa, beta e gama) sendo um gran<strong>de</strong> passo na diferenciação dosStreptococcus (APUD FACKTAM, 2002). Em 1933, Lancefild <strong>de</strong>senvolveu uma classificaçãopara os Sreptococcus baseada nas características antigênicas <strong>de</strong> um carboidrato <strong>de</strong>pare<strong>de</strong> celular <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> carboidrato C (LANCEFIELD, 1933); <strong>em</strong> 1934, Lancefilddiferenciou sorologicamente o Streptococcus h<strong>em</strong>olítico bovino classificando-o <strong>como</strong>pertencente ao grupo B ( LANCEFIELD, 1934). Em 1937, Sherman classificou osStreptococcus <strong>em</strong> 4 grupos: piogênicos, víridans, lácticos e enterococos , sendo que oStreptococcus <strong>agalactiae</strong> ficou no grupo B dos piogênicos ( APUD FACKLAM, 2002).Em 1995 Kawamura e colaboradores publicaram um trabalho avaliando seqüências<strong>de</strong> RNAr 16s <strong>de</strong> amostra <strong>de</strong> Streptococcus e <strong>de</strong>monstrou interessantes relaçõesfilogenéticas entre as espécies, sugerindo mudanças na classificação <strong>de</strong>ste gênero;esse tipo <strong>de</strong> análise comparativa foi usado <strong>como</strong> critério para classificaçãosubdividindo o gênero Streptococcus <strong>em</strong> seis grupos principais: bovis, salivarius,mutans, mitis, anginosus ou milleri e piogênico, o qual inclui, entre outras asespécies Streptococcus pyogenes e Streptococcus <strong>agalactiae</strong> (KILIAN, 1998, HARDIE &WHILEY, 1997, RUOF ET AL, 2003).


30No final da década <strong>de</strong> 30, Fry (1938 ) <strong>de</strong>screveu casos fatais <strong>de</strong> septic<strong>em</strong>ia associadosao EGB. Mas apenas <strong>em</strong> 1964, Eickoff e colaboradores publicaram o primeiro trabalhorelacionando a presença <strong>de</strong>sse microrganismo com doenças <strong>em</strong> neonatos e adultos.Durante a década <strong>de</strong> 70, a magnitu<strong>de</strong> da doença e a atenção para com o EGBaumentaram dramaticamente, quando três pesquisadores <strong>de</strong>monstraram,separadamente o envolvimento do EGB <strong>como</strong> a primeira <strong>causa</strong> <strong>de</strong> meningite <strong>em</strong> adultos(YANCEY ET AL., 1994).


314 CARACTERÍSTICAS DO MICROORGANISMOOs microrganismos da espécie EGB, assim <strong>como</strong> outras espécies do gênero, sãocélulas esféricas ou ovói<strong>de</strong>s gram-positivas, catalase negativa, que se apresentamaos pares ou <strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ias. São imóveis e não esporulados. São anaeróbiosfacultativo, obtendo energia para a síntese <strong>de</strong> material celular através dafermentação <strong>de</strong> carboidratos, sendo o ácido fólico o maior produtor <strong>de</strong> glicose(HARDIE, 1985; HARDIE & WHILEY, 1997; KILLAN, 1998). Algumas cepas produz<strong>em</strong> umpigmento amarelo, laranja ou avermelhado, que po<strong>de</strong> ter a produção aumentadacom adição <strong>de</strong> amido ao meio <strong>de</strong> cultura (HARDIE, 1986).Exist<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da espécie sendo a primeira triag<strong>em</strong> feitapelo tipo <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ólise <strong>em</strong> ágar sangue, on<strong>de</strong> apesar da existência <strong>de</strong> cepas alfah<strong>em</strong>olíticase até não-h<strong>em</strong>olíticas, a gran<strong>de</strong> maioria das amostras observadas ébeta-h<strong>em</strong>olítica, porém com uma zona <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ólise muito discreta (FACKLAM, 2002).Esse fenótipo Beta h<strong>em</strong>olítico se <strong>de</strong>ve a produção <strong>de</strong> uma h<strong>em</strong>olisina, que além <strong>de</strong>lisa as h<strong>em</strong>ácias, também <strong>causa</strong> danos <strong>em</strong> outras células eucarióticas e por isso échamada beta-h<strong>em</strong>olisina/citolicina ( beta-h/c) ( NIZEL,2002).As características microscópicas após a coloração pelo Gram (cocos Gram positivosdispostos aos pares e <strong>em</strong> pequenas ca<strong>de</strong>ias), o teste da hidrólise do hipurato e teste<strong>de</strong> CAMP positivo são os testes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação presuntiva do EGB. O teste <strong>de</strong>CAMP é baseado na i<strong>de</strong>ntificação do fator CAMP, que é uma proteína importante,consi<strong>de</strong>rado <strong>como</strong> um fator <strong>de</strong> virulência <strong>de</strong>vido sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ligar àimunoglobulina G e M, via fração Fc. Para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>finitiva, recorre-se àpesquisa do antígeno do grupo B, através <strong>de</strong> métodos sorológicos <strong>em</strong>pregando antisoroespecífico ( RUOFF ET AL, 2003).O EGB t<strong>em</strong> sido sub classificado <strong>em</strong> sorotipos <strong>de</strong> acordo com diferenças antigênicas <strong>de</strong>um polissacarí<strong>de</strong>o <strong>de</strong> composição variável, localizado na região externa da pare<strong>de</strong>celular e diferentes do carboidrato C <strong>de</strong> Lancefield; os sorotipos Ia, Ib, II, III, IV, V, VI,VII, VIII t<strong>em</strong> sido <strong>de</strong>tectados <strong>em</strong> amostras isoladas a partir <strong>de</strong> espécimes clínicos <strong>de</strong>gestantes, neonatos infectados, e <strong>mulheres</strong> não grávidas (HARRISON ET AL., 1998). Dentreesses o sorotipo III é o mais encontrado nas doenças do neonato principalmente <strong>em</strong>


32casos <strong>de</strong> meningite e septic<strong>em</strong>ia e é o segundo mais <strong>de</strong>tectado <strong>em</strong> vaginas <strong>de</strong>gestantes assintomáticas; o sorotipo Ia é o primeiro a ser achado <strong>em</strong> vagina (QUENTINET AL ., 1995) o sorotipo V t<strong>em</strong> predominado <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> adultos nãográvidos (HARRISON ET AL., 1998). Apesar <strong>de</strong> todos os sorotipos ter<strong>em</strong> distribuiçãomundial, alguns trabalhos se refer<strong>em</strong> ao sorotipo I <strong>como</strong> sendo o mais freqüent<strong>em</strong>enteisolado <strong>em</strong> vaginas <strong>de</strong> gestantes da América Latina (AVILÉS ET AL., 2002; BENCHETRT ETAL., 1982).O EGB possui uma cápsula, <strong>como</strong> fator <strong>de</strong> virulência, que promove a a<strong>de</strong>rência àssuperfícies epiteliais para posterior invasão tecidual; porém seu papel mais importante é acapacida<strong>de</strong> que seus polissacarí<strong>de</strong>os t<strong>em</strong> <strong>de</strong> inibir<strong>em</strong> a fagocitose por parte dosmacrófagos e neutrófilos do hospe<strong>de</strong>iro e a ativação do compl<strong>em</strong>ento na ausência <strong>de</strong>anticorpo específico (NIZET & RUBENS, 2001). O ácido Siálico é um fator essencial para apatogenicida<strong>de</strong> já que impe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>posição do componente C3b do sist<strong>em</strong>acompl<strong>em</strong>ento, impedindo a fagositose; amostras do tipo III, cujas cápsulas contêm níveiselevados <strong>de</strong>ste constituinte, são mais virulentas (JARVA ET AL.,2003).Outro importante fator <strong>de</strong> virulência é a beta-h<strong>em</strong>olisina/citocina, que é uma importanteproteína extracelular, oxigênio-estável, não imunogênica e formadora <strong>de</strong> poros nasm<strong>em</strong>branas das h<strong>em</strong>ácias e <strong>de</strong> outras células, <strong>como</strong> as células endoteliais, epiteliais <strong>em</strong>acrófagos do hospe<strong>de</strong>iro (NIZET, 2002). Estudos in vivo com mutantes isogênicos nãoh<strong>em</strong>olíticos (NH) e hiper-h<strong>em</strong>olíticos (HH) do EGB t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado o importante papel<strong>de</strong>ssa h<strong>em</strong>olisina na patogênese das infecções (LIU & NIZET, 2004), sobretudo no<strong>de</strong>senvolvimento e gravida<strong>de</strong> dos quadros <strong>de</strong> meningites ( DORA NET AL., 2003).O fator CAMP (CHRISTIE ET AL., 1944) t<strong>em</strong> sido citado <strong>como</strong> um dos fatores <strong>de</strong>virulência bacteriana. Em 1987 Jünrgens e colaboradores, trabalhando com mo<strong>de</strong>losmurinos, induziram septic<strong>em</strong>ia e morte quando o fator CAMP foi co-administradocom uma dose subletal <strong>de</strong> EGB; por outro lado, anticorpos antifator CAMP sãoencontrados <strong>em</strong> soro humano e animais infectados, indicando que o mesmo é umantígeno produzido durante o curso das infecções (JÜNRGENS ET AL., 1987). Este fatoré mais conhecido pela sua utilização na i<strong>de</strong>ntificação laboratorial do EGB; prova <strong>de</strong>CAMP, que avalia a produção <strong>de</strong> um fator extra celular <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ólise, produzido porEGB, que intensifica a h<strong>em</strong>ólise <strong>de</strong> cepas <strong>de</strong> Estafilococos produtores <strong>de</strong> beta-lisina<strong>em</strong> Ágar sangue <strong>de</strong> carneiro, o termo CAMP refere-se as iniciais dos autores queprimeiro o <strong>de</strong>screveram: Christie, Atkins e Munch-Petersen ( RUOFF ET AL., 2003).


33Outros fatores <strong>de</strong> virulência são: hialuronidato liase, enzima da classe dashialuronidases que <strong>de</strong>grada o ácido hialurônico da matriz extracelular, facilitando adiss<strong>em</strong>inação da bactéria através dos tecidos do hospe<strong>de</strong>iro. Outra enzima é a C5apeptidase que além <strong>de</strong> inativar o componente C5a do compl<strong>em</strong>ento impedindo oudiminuindo a quimiotaxia <strong>de</strong> neutrófilos, t<strong>em</strong> afinida<strong>de</strong> pela fibronectina, sugerindoseu papel na invasão tecidual. A enzima oligopeptidase é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradarpequenos peptí<strong>de</strong>os, inclusive fatores protéicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do hospe<strong>de</strong>iro. Exist<strong>em</strong>também os carboidratos tóxicos CM101 que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados pela técnica <strong>de</strong>ELISA <strong>em</strong> liquor e urina <strong>de</strong> neonatos com sepse por EGB (NIZET & RUBENS, 2001; LIU& NIZET, 2004).Alguns sorotipos expressam antígenos protéicos <strong>de</strong> superfície, sendo maisconhecidos C, R e X. os antígenos protéicos juntamente com os polissacarí<strong>de</strong>oscapsulares tipo-específico, confer<strong>em</strong> imunida<strong>de</strong> protetora; a relativa importância<strong>de</strong>sses dois tipos <strong>de</strong> antígenos não é conhecida, mas é observado que a presença<strong>de</strong> anticorpos sintetizados contra um <strong>de</strong>les é suficiente para proteger contrainfecções letais, o que sugere que ambos po<strong>de</strong>m ser requeridos para a virulência(FERRIERI, 1988).


345 COLETA E IDENTIFICAÇÃOO material po<strong>de</strong>rá ser coletado das pacientes ambulatorial (pré-natal) ou <strong>de</strong> outrosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou mesmo ser realizado pela própria paciente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esta recebaas instruções apropriadas por parte da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que fará o acompanhamentodo pré-natal.Baseado no guia <strong>de</strong> recomendação produzido pelo CDC <strong>em</strong> 2002 que propõ<strong>em</strong>:coleta, isolamento, i<strong>de</strong>ntificação e teste <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>. Esse manual sugere acoleta com swab da região vaginal e retal po<strong>de</strong>ndo optar por 1 ou 2 swabs. Que<strong>de</strong>veram ser introduzidos <strong>em</strong> meio <strong>de</strong> transporte não nutritivo (Amies ou Stuart comcarvão vegetal). Em caso <strong>de</strong> coleta dos swabs vaginal e retal, for<strong>em</strong> feitosseparadamente ambos po<strong>de</strong>rão ser introduzidos separadamente no mesmo tubo <strong>de</strong>transporte. Após a coleta o material é viável por quatro dias sob refrigeração ou <strong>em</strong>t<strong>em</strong>peratura ambiente.Baker et al. (1995) <strong>de</strong>monstraram que a cultura materna das regiões vaginal eanorretal têm probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolar o GBS <strong>em</strong> 5 a 27% dos casos. O uso do meio<strong>de</strong> cultura seletivo a<strong>de</strong>quado é essencial para aumentar a positivida<strong>de</strong> da técnica.Segundo Ferrieri et al.26 (1976) o conduto auditivo externo nas primeiras 24 horas<strong>de</strong> vida, é o local com maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolar o GBS. Foi observado quenesses RN com cultura positiva do conduto auditivo externo, também tinha sidoisolado o patógeno <strong>em</strong> outros locais: orofaringe, umbigo e região anorretal. Após 48horas <strong>de</strong> vida, a orofaringe, região anorretal e umbigo são importantes sítios <strong>de</strong>cultura.O teste <strong>de</strong> antibiograma para pacientes alérgicos a penicilina, <strong>de</strong>ve ser etiquetadoinformando que <strong>de</strong>verão utilizar somente os antibióticos clindamicina e eritromicina.Thullen e Ingram (1991) afirmam que a h<strong>em</strong>ocultura (HMC) é a<strong>de</strong>quada para“screening” da maioria das infecções neonatais.S<strong>em</strong>eadura e i<strong>de</strong>ntificação:R<strong>em</strong>over o(s) swab(s) do meio <strong>de</strong> transporte e s<strong>em</strong>eá-los <strong>em</strong> um meio seletivo <strong>de</strong>Todd-Hewitt ambos supl<strong>em</strong>entados com gentamicina (8 micrograma por ml) e ácido


35nalídixo (15 micrograma por ml ), ou utiliza-se sangue <strong>de</strong> carneiro 5% <strong>de</strong>sfibrinado esupl<strong>em</strong>entado. S<strong>em</strong>ear e incubar por 18-24 horas a 35-37ºC, sob atmosfera <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong>CO2. Após 24 horas observa na placa halo <strong>de</strong> beta h<strong>em</strong>ólise e realizar a i<strong>de</strong>ntificaçãomorfológica com coloração <strong>de</strong> Gram para verificar a morfologia (CGP), catalase(negativa) e posteriormente fazer a i<strong>de</strong>ntificação presuntiva com teste <strong>de</strong> aglutinação<strong>em</strong> látex para <strong>de</strong>tecção antigênica, e realizar o teste <strong>de</strong> CAMP (TRABULSI, L. R.;ALTERTHUM F. 4º ED – ATHENEU, 2005).O teste <strong>de</strong> CAMP é feito para i<strong>de</strong>ntificação presuntiva do EGB beta h<strong>em</strong>olítico.Utiliza-se cepa <strong>de</strong> Staphylococcus aureus produtor <strong>de</strong> beta h<strong>em</strong>olisina. A interação<strong>de</strong>sta lisina com uma proteína extra-celular formada pelo EGB, forma uma “h<strong>em</strong>ólisesinérgica” que é facilmente observada <strong>em</strong> placa contendo Agar sangue <strong>de</strong> carneiro<strong>de</strong> 5 % <strong>de</strong>sfibrinado. Para controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> utiliza-se uma cepa <strong>de</strong> EGB(controle positivo) e outra <strong>de</strong> Streptococcus do grupo A (EGA). No procedimentos<strong>em</strong>eia-se uma única estria reta, no centro da placa, <strong>de</strong> Staphycococus aureus, <strong>em</strong>seguida s<strong>em</strong>eia-se uma estria <strong>de</strong> EGB (paciente), outra <strong>de</strong> EGB (controle positivo) eoutra <strong>de</strong> EGA (controle negativo) perpendicular ao Staphycococus aureus,observando que as estrias <strong>de</strong> EGB (paciente e controle positivo) <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ficar nomesmo lado e a EGA no lado oposto. À distância entre as estrias <strong>de</strong> Streptococcussp e as <strong>de</strong> Staphylococcus aureus <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong> 3 a 4 cm. Incubar por 18-24 horas a35-37ºC <strong>em</strong> condições aeróbias, pois alguns EGA são beta h<strong>em</strong>olíticos <strong>em</strong>condições <strong>de</strong> microaerofilia ou <strong>em</strong> anaerobiose. Após 24 horas observa na placa aformação <strong>de</strong> uma seta com a ponta <strong>em</strong> direção ao centro da placa (beta h<strong>em</strong>ólise)(ELMER W. KONEMAN; 5º ED MEDSI; 2001).O teste <strong>de</strong> aglutinação <strong>em</strong> látex t<strong>em</strong> <strong>como</strong> fundamento a pesquisa <strong>de</strong> anticorposespecíficos (IgM ou IgG) ou do antígeno no paciente. A reação ocorre entre umantígeno particulado e seu anticorpo específico (aglutinação direta). A t<strong>em</strong>peraturai<strong>de</strong>al para reação é <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 37°C. O resultado da reação po<strong>de</strong> ser <strong>em</strong> 5 min(lâmina) a 1 ou 2 horas (tubos). A precisão <strong>de</strong>sta prova é <strong>de</strong> 50% (ROBERTO A.MOURA; 3ªED; ATHENEU 2004).Segundo Greenberg et al. (1995), a <strong>de</strong>tecção do Ag bacteriano <strong>em</strong> fluído corporalestéril fornece diagnóstico presuntivo precoce da infecção neonatal pelo EGB.Edwards et al. (1979), introduziram a técnica <strong>de</strong> aglutinação com partículas <strong>de</strong> látex(LPA) <strong>em</strong> amostras <strong>de</strong> LCR obtidas na admissão <strong>de</strong> 12 crianças com meningite pelo


36GBS do tipo III. Bromberger et al. (1980) e Edwards et al. (1979) observou apresença do antígeno <strong>de</strong> EGB <strong>em</strong> urina concentrada <strong>de</strong> 11 RN com bacter<strong>em</strong>ia. ALPA permite diagnóstico rápido da infecção neonatal pelo EGB, é <strong>de</strong> fácil execuçãoe fornece resultado antes das culturas estar<strong>em</strong> disponíveis 6,33. A LPA permite a<strong>de</strong>tecção do antígeno <strong>em</strong> baixas concentrações.Os testes mais utilizados são Wellcogen Strep B, Directigen e Bactigen . A técnicapo<strong>de</strong> ser realizada <strong>em</strong> vários fluídos corporais, porém a urina é o <strong>de</strong> preferência,porque o antígeno é filtrado através do rim. No sangue a sensibilida<strong>de</strong> é limitada. Oteste mantém a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar o Ag GBS mesmo após a terapêuticaantimicrobiana ter sido iniciada (BAKER CJ, EDWARDS MS. GROUP B STREPTOCOCCALINFECTIONS. 4TH ED.1995). A sensibilida<strong>de</strong> da LPA <strong>em</strong> urina não concentrada é menordo que na urina concentrada, à gran<strong>de</strong> maioria dos estudos utilizam amostra <strong>de</strong>urina concentrada (BECKER JÁ ET AL; 1993).Além da LPA exist<strong>em</strong> outras técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção urinária do Ag GBS:contraimunoeletroforese (CIE) e radioimunoensaio (RIE). A CIE po<strong>de</strong> ser realizadano sangue e urina concentrada, com sensibilida<strong>de</strong> menor do que da LPA.Em resumo, a LPA da urina é um exame amplamente utilizado e sensível, porémcom baixa especificida<strong>de</strong>; resultados falso-positivos po<strong>de</strong>m ocorrer na ausência <strong>de</strong>infecção sistêmica. A análise dos resultados obtidos por esse método <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong> Ag <strong>de</strong>ve ser associada com achados clínico-radiológicos e/ou compl<strong>em</strong>entadapor outros exames laboratoriais (WILLIAMSON M, ET AL, 1995). Entretanto, Baker eEdwards6 (1995) relatam que a CIE é mais específica do que a LPA, e raramentet<strong>em</strong> sido encontrado falso positivo <strong>em</strong> amostras analisadas do soro e LCR. O RIEt<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado reduzida sensibilida<strong>de</strong>, especificida<strong>de</strong> e valor preditivo.A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>ste microrganismo através <strong>de</strong> testes rápidos seja por aglutinação dolátex ou imunoensaio, t<strong>em</strong> baixa sensibilida<strong>de</strong> e, portanto, não é recomendado <strong>como</strong>procedimento <strong>de</strong> rotina (FACTOR ET AL., 1998).Teste <strong>de</strong> sucetibilida<strong>de</strong>: preparar suspensão <strong>de</strong> colônias suspeitas <strong>em</strong> salina estéril<strong>de</strong> acordo com a escala <strong>de</strong> Macfarland. Dentro <strong>de</strong> até 15 minutos proce<strong>de</strong>r adistenção da amostra sobre a superfície da placa com Agar sangue/ Mueller-hinton;<strong>em</strong> seguida adicionar os discos <strong>de</strong> Clindamicina (2 microgramas por ml) eeritromicina (15 microgramas por ml). Incubar a 35 a 37ºC, sob uma atmosfera <strong>de</strong>


375% <strong>de</strong> CO2 por 24 horas. Após esse período medir o diâmetro dos halos produzidosao redor dos discos impregnados com os antibióticos testados e interpretar osresultados <strong>de</strong> acordo com as normas do NCCLS.Exames compl<strong>em</strong>entares:RX <strong>de</strong> tórax po<strong>de</strong> ser indistinguível do verificado <strong>em</strong> doença das m<strong>em</strong>branashialinas. Vários estudos têm constatado as dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> diferenciar a sepseneonatal precoce pelo GBS, <strong>de</strong> outras doenças infecciosas ou não.O leucograma t<strong>em</strong> sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> baixas quando usado para a<strong>de</strong>tecção da sepse precoce pelo GBS. Segundo Baker et al. (1995) os RN compneumonia pelo GBS têm tendência ao <strong>de</strong>clínio da série branca nas primeiras 24horas <strong>de</strong> vida. Ancona et al. (1980) <strong>de</strong>monstraram que a gran<strong>de</strong> maioria dos RNinfectados apresentavam neutropenia (87%), índice neutrofílico > 0,20 (91%) eaumento absoluto <strong>de</strong> neutrófilos imaturos (42%) (BAKER CJ, ET AL. 1995).Recent<strong>em</strong>ente a reação <strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ia da polimerase (PCR) realizada <strong>em</strong> sangue eurina, mostraram especificida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> elevadas e t<strong>em</strong> sido tambémutilizada. Esta reação t<strong>em</strong> sido realizada <strong>como</strong> um método <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção rápida doGBS, com sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> elevadas (GREENBERG DN ET AL, 1995).Vários autores têm mostrado resultados s<strong>em</strong>elhantes ao comparar a PCR comculturas realizadas <strong>em</strong> meios seletivos, apresentando sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 97% e valorpreditivo negativo <strong>de</strong> 98%. A PCR apresenta ainda <strong>como</strong> vantag<strong>em</strong> o fato <strong>de</strong> seuresultado ser obtido mais rapidamente (2 horas) que o das culturas - <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 36a 48 horas. O uso do PCR é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o diagnóstico e terapêuticaprecoce, po<strong>de</strong>ndo contribuir para a redução da mortalida<strong>de</strong> neonatal (GREENBERG DNET AL 1995).Fundamento:A PCR é a ampliação enzimática <strong>de</strong> uma seqüência específica <strong>de</strong> DNA, visando aprodução <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong>sta seqüência <strong>em</strong> um tubo <strong>de</strong> ensaio. Esta técnicapossibilita uma nova estratégia nas análise dos genes por meio <strong>de</strong> um métodosimples e rápido <strong>de</strong> ampliação da seqüência <strong>de</strong> DNA.


386 CONCLUSÃOO Streptococcus <strong>agalactiae</strong> é um dos principais agentes envolvidos na septic<strong>em</strong>iado recém nascido. Na gestação, também está relacionado com resultados adversos,sobretudo associando-se a partos pr<strong>em</strong>aturos e rotura das m<strong>em</strong>branas.Apesar <strong>de</strong> não haver dados tão precisos sobre a incidência <strong>de</strong> infecção por estabactéria <strong>em</strong> nosso país, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>ste patógeno <strong>em</strong> h<strong>em</strong>ocultura ou <strong>em</strong> LCR <strong>de</strong>recém nascidos, que necessitam <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> terapia intensiva, é uma realida<strong>de</strong> e<strong>em</strong> algumas ocasiões a infecção evolui <strong>de</strong> forma fatal, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> terapêuticaa<strong>de</strong>quada.Dados americanos mostram que aproximadamente 25% dos casos ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong>pr<strong>em</strong>aturos, o que torna limitado o uso <strong>de</strong> uma vacina, pois o transporte placentário<strong>de</strong> anticorpos protetores é reduzido antes da 32ª s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> gestação. Aapresentação clínica mais usual no recém nascido é a pneumonia seguida <strong>de</strong>insuficiência respiratória e sepse.Devido á presença <strong>de</strong> alguns fatores <strong>de</strong> risco <strong>como</strong> bacteriúria, <strong>causa</strong>da por GBSdurante a gestação, pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong> do feto, febre intraparto, rompimento da bolsa ehistórias <strong>de</strong> infecção por GBS <strong>em</strong> gestação anteriores; leva a indicação <strong>de</strong> umaquimioprofilaxia na paciente. Com isso observa-se que a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> gestantescolonizadas e a impl<strong>em</strong>entação da quimioprofilaxia no início do trabalho <strong>de</strong> partopo<strong>de</strong>m reduzir significativamente a mortalida<strong>de</strong> e a morbida<strong>de</strong> pelo EGB. Porém agran<strong>de</strong> preocupação dos pesquisadores e das autorida<strong>de</strong>s sanitárias é o<strong>de</strong>senvolvimento da resistência bacteriana aos antibióticos; uma análise econômicatorna-se necessária, b<strong>em</strong> com uma política <strong>de</strong> nacional <strong>de</strong> prevenção contra o GBS,com isso menor número <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> e recém nascidos são expostos a antibióticoprofilaxia. Para que haja o sucesso <strong>de</strong>ste programa <strong>de</strong> prevenção é necessário quetenha uma concientização por parte dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da importância doGBS, a educação continuada <strong>de</strong>sses profissionais, atenção às <strong>mulheres</strong> grávidas,protocolo <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong>, notificação dos casos as autorida<strong>de</strong>s competentes e<strong>de</strong>bates sobre o assunto <strong>em</strong> congressos.


39De acordo com CDC a avaliação diagnóstica completa inclui: coleta da secreçãovaginal, s<strong>em</strong>eadura <strong>em</strong> meios específicos, antibiograma, h<strong>em</strong>ograma, PCR,h<strong>em</strong>ocultura. Testes compl<strong>em</strong>entares também po<strong>de</strong>m ser realizados para umresultado mais fi<strong>de</strong>digno.


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