1. Requalificação Ambiental/Patrimonial1.1 Requalificação <strong>de</strong> edifícios e espaços públicos abandonados e obsoletosManchester Museum of Science and Industry (www.msim.org.uk): a requalificação da antiga zona industrial <strong>de</strong>Manchester, iniciada em meados da década <strong>de</strong> 80, é na actualida<strong>de</strong> reconhecida como um caso <strong>de</strong> sucesso, noqual o Museu da Ciência e Indústria tem cumprido uma função nuclear. O museu diferencia-se por incentivar umavisita <strong>de</strong> natureza eminentemente interactiva – os visitantes po<strong>de</strong>m usar a maior parte dos objectos em exibição eassistir ao trabalho dos técnicos do museu – e pedagógica - o museu recebe a visitas <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80 000 criançaspor ano e está envolvido com organizações nacionais e regionais <strong>de</strong> formação contínua para adultos. No querespeita ao impacto económico, estima-se que os 300.000 visitantes anuais gastam 1.5 milhões <strong>de</strong> libras no museue cerca 18 milhões <strong>de</strong> libras na região.Tarka Trail (www.<strong>de</strong>von.gov.uk/tarkatrail): parte <strong>de</strong> uma antiga linha <strong>de</strong> caminhos-<strong>de</strong>-ferro renasce como umaciclovia, que beneficia não só da paisagem natural envolvente mas também do trabalho <strong>de</strong> artistas locais quepontuaram o trilho com instalações que celebram os materiais e as tradições locais.1.2. Equipamentos culturais como marcos no territórioPeckham Library(www.southwark.gov.uk/YourServices/LibrariesSection/PeckhamLibrary/): o edifício da nova biblioteca <strong>de</strong> Peckham em Londres, <strong>de</strong>senhadopor Will Alsop, colocou uma das zonas menos dinâmicas e atractivas <strong>de</strong>Londres no mapa cultural ao ganhar o prémio para o melhor edifício<strong>de</strong>senhado por um arquitecto britânico em 2000. A comparação entre anova biblioteca e os antigos dois edifícios mostra que o número <strong>de</strong>visitas anuais passou <strong>de</strong> 171.000 para 450.000, atingindo um máximo<strong>de</strong> 656.000 entre Abril <strong>de</strong> 2001 e Março <strong>de</strong> 2002.2. Requalificação Económica2.1. Eventos CulturaisUlverston, a cida<strong>de</strong> dos Festivais (www.ulverston.net) – Ulverston é uma pequena cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 11.500 habitantes que,nos finais dos anos 90, foi alvo <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> “re-branding” sintetizada no slogan “Ulverston, a cida<strong>de</strong> dosFestivais”. Uma parceria entre entida<strong>de</strong>s públicas e privadas partiu <strong>de</strong> dois eventos tradicionalmente organizados nacida<strong>de</strong> (o Carnaval e a “Lantern Procession”) para <strong>de</strong>senhar um conjunto <strong>de</strong> eventos com intenções comerciais eculturais, <strong>de</strong>stinados a diferentes segmentos <strong>de</strong> mercado. Esta estratégia culminou em 2002 com cerca <strong>de</strong> 75,000participantes nos festivais, funcionando como vector <strong>de</strong> crescimento económico do sector do turismo e comopromotor <strong>de</strong> uma nova e mais positiva “auto-imagem” da cida<strong>de</strong>.crescer com qualida<strong>de</strong>________________________________71
2.2. “Clusters Criativos”Lace Market em Nottingham (www.lace-market.com): o <strong>de</strong>clínio das activida<strong>de</strong>s económicas associadas à produção<strong>de</strong> rendas no centro <strong>de</strong> Nottingham, <strong>de</strong>ixou uma paisagem marcada por gran<strong>de</strong>s armazéns e unida<strong>de</strong>s industriaisabandonadas, a qual só viria a ser requalificada nos anos 80 através <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>senhada pela Lace Market Development Company, uma parceria entre entida<strong>de</strong>s públicas e privadas quereconheceram a tradição e a vocação artística <strong>de</strong>ste território urbano. Em 1990 operavam na zona cerca <strong>de</strong> 240empresas, das quais mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> empregavam menos <strong>de</strong> 5 trabalhadores. Na actualida<strong>de</strong>, Lace Market districtalberga cerca <strong>de</strong> 450 empresas apoiadas pelo Nottingham Fashion Centre, responsável pela gestão do espaço, peladisponibilização <strong>de</strong> espaços para reuniões e conferências e pela oferta <strong>de</strong> serviços avançados <strong>de</strong> consultoria eformação. O núcleo do “cluster criativo” continua associado ao sector da moda, mas o seu <strong>de</strong>senvolvimento passoupela instalação <strong>de</strong> um mix <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e consumo cultural (empresas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e comunicação visual,ateliers <strong>de</strong> arquitectura, galerias <strong>de</strong> arte, restaurantes e bares <strong>de</strong> vanguarda) que tornam o Lace Market numa zonacada vez mais atractiva para investir, trabalhar e viver.Num quadro em que os elementos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural têm um papel a <strong>de</strong>sempenhar nas estratégias <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local, a intervenção e participação <strong>de</strong>scentralizada <strong>de</strong> agentes locais e regionais contribui para osucesso das iniciativas, não só do lado da procura, na medida em que a maior i<strong>de</strong>ntificação e proximida<strong>de</strong> dascomunida<strong>de</strong>s com as práticas culturais favorece a sua participação e inclusão, mas também do lado da oferta, namedida em que o seu conhecimento aprofundado da realida<strong>de</strong> local se traduz num conhecimento do mercado,potenciador <strong>de</strong> uma crescente massa crítica <strong>de</strong> pessoas e activida<strong>de</strong>s.3. Descentralização da produção e consumo culturalO Festival <strong>de</strong> Avignon (www.festival-avignon.com), em França,constitui um dos melhores pontos <strong>de</strong> partida para uma reflexãosobre experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização cultural no território. Criadoem 1947, o Festival permanece como um dos maiores eventosculturais em França, alicerçado numa estratégia <strong>de</strong> diferenciaçãoque passa pelo facto das apresentações não se limitarem às salas<strong>de</strong> teatro, <strong>de</strong>correndo num conjunto diversificado <strong>de</strong> espaçospúblicos da cida<strong>de</strong>, e por se <strong>de</strong>stinarem a diferentes públicos. Estemo<strong>de</strong>lo não só funciona como “imagem <strong>de</strong> marca” do festival comoliberta as cida<strong>de</strong>s mais pequenas dos constrangimentos provocadospela ausência ou pequena dimensão <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> teatro.A organização do Festival fornece as condições logísticas para aapresentação <strong>de</strong> um conjunto diversificado <strong>de</strong> companhias e artistasfranceses e estrangeiros, para além <strong>de</strong> assumir o papel <strong>de</strong> produtor<strong>de</strong> pelo menos um dos espectáculos; às cerca <strong>de</strong> 40 produçõesapresentadas anualmente no âmbito do festival juntam-se muitasoutras que aproveitam a concentração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 000visitantes no mês <strong>de</strong> Junho.A organização emprega uma equipa permanente <strong>de</strong> 20 pessoas mas durante o mês do Festival estãoenvolvidas cerca <strong>de</strong> 600 trabalhadores, muitos <strong>de</strong>les ao abrigo <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> protecção social<strong>de</strong>stinado aos “trabalhadores ocasionais das artes do espectáculo”.crescer com qualida<strong>de</strong>________________________________72