Património natural com potencial turístico: um investimento com retorno económico esperadoAs particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Torres</strong> <strong>Novas</strong>, ao nível <strong>de</strong> património natural, <strong>de</strong>vem ser exploradas no sentido <strong>de</strong> tornar oconcelho mais atractivo para quem o visita e mais rico para quem nele vive e circula. Investir em património natural é,muitas vezes, dispendioso do ponto <strong>de</strong> vista da dimensão do investimento inicial necessário à criação <strong>de</strong> condições paraa sua fruição pelo público. Este investimento, no entanto, não <strong>de</strong>ve ser encarado como “<strong>de</strong>spesa a fundo perdido”, mascomo um investimento com rentabilida<strong>de</strong> potencial a médio/longo prazo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vidamente enquadrado,planeado e satisfazendo os requisitos necessários <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental. As Grutas do Almonda e os Moinhosda Pena constituem exemplos cuja valorização <strong>de</strong>ve ser encarada nesta perspectiva.. grutas do almondaNa Paisagem da Serra d’Aire, mais precisamente nas Freguesias <strong>de</strong> Pedrógão e Zibreira, situa-se um dos centrosespeleológicos <strong>de</strong> maior relevância ao nível nacional e europeu - as Grutas do Almonda. As suas galerias, percorridas porvárias ribeiras subterrâneas (que conduzem à nascente do Rio Almonda), esten<strong>de</strong>m-se ao longo <strong>de</strong> 10 km, tornando-asa maior cavida<strong>de</strong> natural do país.As galerias subterrâneas, algumas fósseis,outras ainda em activida<strong>de</strong>, foram<strong>de</strong>scobertas há cerca <strong>de</strong> 70 anos. Foramencontrados restos <strong>de</strong> animais e vestígios<strong>de</strong> ocupação humana, num total <strong>de</strong> 300 milanos <strong>de</strong> ocupação contínua.É das poucas estações arqueológicas daEuropa com uma sequência tão vasta - doPaleolítico Inferior à Época Romana -permitindo que, através <strong>de</strong> investigação,seja possível uma reconstituição fiel dopassado pré-histórico do Almonda.Nas camadas das pare<strong>de</strong>s estãoacumuladas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos<strong>de</strong> História - há cerca <strong>de</strong> 30 mil anos, algunsdos últimos nean<strong>de</strong>rtais europeusocupavam esporadicamente estas grutas.No intervalo das caçadas faziam fogos nosrefúgios subterrâneos e fabricavam os seusinstrumentos.Não existem explicações <strong>de</strong> como terá<strong>de</strong>saparecido o Homem <strong>de</strong> Nean<strong>de</strong>rtal, mashá quem <strong>de</strong>fenda que a chave paracompreen<strong>de</strong>r a sua extinção po<strong>de</strong> estarguardada nas grutas do Almonda e doLapedo.GRUTA DO ALMONDAA diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> GaleriasEm Novembro <strong>de</strong> 1993 a gruta foi classificada como Imóvel <strong>de</strong> Interesse Público. Os seus vestígios arqueológicos fazemhoje parte do espólio do Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia e da se<strong>de</strong> do grupo <strong>de</strong> espeleologia e arqueologia <strong>de</strong> <strong>Torres</strong><strong>Novas</strong>. A diversida<strong>de</strong> das formações geológicas no interior das grutas e a re<strong>de</strong> hidrográfica subterrânea constituemfactores <strong>de</strong> atracção para investigadores, com colaborações multidisciplinares e praticantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportos <strong>de</strong> aventura.Gruta da Nascente do Almonda... “...esta gruta integra a mais extensa re<strong>de</strong> cársicaconhecida em Portugal, um conjunto <strong>de</strong> ribeiras que originam a nascente do rio Almonda.A diversida<strong>de</strong> das suas formações geológicas e a re<strong>de</strong> hidrográfica subterrâneafazem <strong>de</strong>la um santuário da espeleologia.Ao património natural associam-se singulares testemunhos da sua utilização pelo Homem na Pré-História,como atestam os restos do “Homem <strong>de</strong> Near<strong>de</strong>ntal”, com 40000 anos, que fazem <strong>de</strong>sta gruta o vestígiomais antigo da ocupação humana do território português...”.In Revista “Viagens pelo Tejo” editada pela Comissão <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação da Região <strong>de</strong> Lisboa e Vale do Tejocrescer com qualida<strong>de</strong>________________________________75
Actualmente, as Grutas do Almonda aparecem <strong>de</strong>stacadas em todas as publicações <strong>de</strong> referência na área daespeleologia e constituem, como tal, um factor <strong>de</strong> atracção para públicos-alvo restritos, compostos porinvestigadores, espeleólogos e amantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> aventura.No entanto, estas grutas não permitem a exploração turística ao mesmo nível do que acontece nas grutas <strong>de</strong>Santo António ou <strong>de</strong> Mira d’Aire - as visitas organizadas são compostas por grupos máximos <strong>de</strong> 10 pessoas,exigem conhecimentos básicos <strong>de</strong> espeleologia e acompanhamento por um monitor experiente.Fotografia <strong>de</strong> uma das galerias da Gruta doAlmonda, ao longo das quais circulam as diversasribeiras subterrâneas que originam a nascente do RioAlmonda.Alguns exemplos da riqueza espeleológica dasGrutas do AlmondaFuncionando como estrutura <strong>de</strong> apoio às grutas, o Centro <strong>de</strong> Interpretação das Grutas do Almonda (CIGA) reúne uma estruturainterpretativa, uma estrutura <strong>de</strong> acolhimento e uma estrutura <strong>de</strong> apoio à investigação científica. Este centro está vocacionado para avalorização e preservação do património natural e arqueológico das grutas e promove programas orientados para o turismo ecológico ecultural- preparação da visita à gruta com introdução à espeleologia, técnicas <strong>de</strong> progressão e uso do equipamento e mergulhosubterrâneo. O centro é, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, gerido pelo Parque Natural da Serra d’Aire e Can<strong>de</strong>eiros (ADSAICA), após um protocolo assinadocom a Câmara <strong>de</strong> <strong>Torres</strong> <strong>Novas</strong> e com a STEA – Socieda<strong>de</strong> Torrejana <strong>de</strong> Espeleologia e Arqueologia. Nesse mesmo ano foi assinado umprotocolo <strong>de</strong> cooperação entre o Parque Natural, Universida<strong>de</strong>s e Câmara <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Torres</strong> <strong>Novas</strong>.crescer com qualida<strong>de</strong>________________________________76