exä|áàt wx VÜ|Å|ÇÉÄÉz|t x V|£Çv|tá cxÇ|àxÇv|öÜ|táConselho Penitenciário do Estado - COPENANO 1 – nº 01Agosto/2011As idéias e opiniões expressas nos artigos são <strong>de</strong> exclusiva responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dosautores, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Conselho Editorial.<strong>da</strong>s <strong>pena</strong>s <strong>de</strong> prisão <strong>em</strong> Portugal, <strong>em</strong> que aí o seu valor é superior à média europeia ( 7 ).A ele também haveria que acrescer o estudo <strong>da</strong>s representações <strong>da</strong> justiça e <strong>da</strong> maior oumenor punitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s vítimas <strong>de</strong> crimes quando compara<strong>da</strong> com a dos operadoresjudiciários. To<strong>da</strong>via, estes estudos encontram-se por fazer.Uma outra tendência que t<strong>em</strong> vindo a influenciar o Direito Penal e a execução <strong>da</strong>sreações criminais é a crescente importância do pragmatismo, do atuarialismo e do«managerialismo» ( 8 ). Per summa capita, qualquer um dos três eixos propen<strong>de</strong> parauma administração <strong>da</strong> justiça <strong>pena</strong>l mais <strong>em</strong>penha<strong>da</strong> na redução <strong>de</strong> custos, na maiorracionali<strong>da</strong><strong>de</strong> económica na abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do fenómeno criminal e no eventualcomprometimento <strong>de</strong> princípios axiológicos se e na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que tal seja necessário aum tratamento jurídico-<strong>pena</strong>l mais conforme com uma lógica utilitária. Reconhecendo<strong>em</strong>bora a atualização <strong>de</strong> vários dos seus princípios, não an<strong>da</strong>r<strong>em</strong>os longe <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> aoafirmar que estas orientações radicam nos pressupostos que se beb<strong>em</strong> <strong>em</strong> BENTHAM. Osmétodos atuarialistas, nascidos <strong>da</strong> estatística, <strong>da</strong> mat<strong>em</strong>ática e <strong>de</strong> outras ciências quetrabalham com probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, têm sido utilizados <strong>em</strong> matérias como a parole norteamericanae, mais <strong>em</strong> geral, <strong>em</strong> institutos cuja aplicação <strong>de</strong>pen<strong>da</strong> <strong>da</strong> elaboração <strong>de</strong> umjuízo prognóstico favorável quanto ao arguido ou con<strong>de</strong>nado. Embora alguns dos seustraços possam ser auxiliares – nunca el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>terminantes per se – na construção <strong>de</strong>um juízo judicativo, nunca se po<strong>de</strong>rá, sob <strong>pena</strong> <strong>de</strong> violação frontal <strong>da</strong>s exigências <strong>de</strong>justiça material, arvorá-lo <strong>em</strong> critério único, como vai sendo pretendido pelos mais( 7 ) De acordo com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Direção-Geral dos Serviços Prisionais – DGSP – (2009 e 2010,disponíveis <strong>em</strong> http://www.dgsp.mj.pt), cerca <strong>de</strong> 30% <strong>da</strong>s <strong>pena</strong>s <strong>de</strong> prisão cumpri<strong>da</strong>s <strong>em</strong>Portugal situam-se no intervalo entre 3 e 6 anos <strong>de</strong> <strong>pena</strong> efetiva, seguidos <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong><strong>pena</strong>s entre 6 e 9 anos <strong>de</strong> prisão. As medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> segurança representam a<strong>pena</strong>s qualquercoisa como 2,5% do total dos reclusos.( 8 ) Uma primeira abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> <strong>de</strong>stes conceitos po<strong>de</strong> ver-se <strong>em</strong> BARBARA A. HUDSON,Un<strong>de</strong>rstanding Justice. An Introduction to I<strong>de</strong>as, Perspectives and Controversies in Mo<strong>de</strong>rnPenal Theory, 2 nd ed., reimp., Berkshire: Open University Press, 2008, pp. 157-164.8
exä|áàt wx VÜ|Å|ÇÉÄÉz|t x V|£Çv|tá cxÇ|àxÇv|öÜ|táConselho Penitenciário do Estado - COPENANO 1 – nº 01Agosto/2011As idéias e opiniões expressas nos artigos são <strong>de</strong> exclusiva responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dosautores, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Conselho Editorial.ortodoxos <strong>da</strong> dita «análise económica do Direito». Do mesmo passo, o«managerialismo» e o pragmatismo, este último um simples constituinte do primeiro,mais amplo, não nos parece uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira nova forma <strong>de</strong> encarar o ius puniendi. Écerto que o managerialism, nascido no common law, propõe que o <strong>de</strong>lito passe a serconsi<strong>de</strong>rado como mais uma espécie <strong>de</strong> «negócio», <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa a gerir, o que importaque os resultados, os outputs, sejam o analisador por excelência <strong>da</strong> eficácia e <strong>da</strong>eficiência. Se esses outputs são ou não conformes aos fun<strong>da</strong>mentos constitucionais, éassunto que não merece priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento, <strong>em</strong>bora o «managerialismo» <strong>em</strong> umEstado <strong>de</strong> Direito tenha <strong>de</strong> se sujeitar aos cânones constitucionais.O que não significa, como é b<strong>em</strong> <strong>de</strong> ver, que inexista um amplo espaço <strong>de</strong>(in)<strong>de</strong>terminação que escape aos quadros <strong>de</strong> um Direito Penal mo<strong>de</strong>rno nascido sob osigno liberal. O que ca<strong>da</strong> vez mais parece indiscutível é a urgência na aceitação <strong>de</strong> que oDireito Criminal, sob <strong>pena</strong> <strong>de</strong> se criar um gap entre ele e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> atuante que sepropõe regular, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> conhecer distintas formas <strong>de</strong> intervenção <strong>em</strong> função <strong>da</strong>gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva dos crimes. A pequena e a média criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>plar,s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> modo que mantenha, to<strong>da</strong>via, o caráter público do sancionamento,manifestações progressivas <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e consenso e, também <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> requisitosbalizados <strong>de</strong> jeito preciso, um aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s <strong>pena</strong>s <strong>de</strong> substituição, as quais não<strong>de</strong>v<strong>em</strong>, porém, per<strong>de</strong>r a sua efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais grave, não sepatrocinando um Direito Penal do inimigo jakobsiano, ter-se-á <strong>de</strong> admitir aflexibilização <strong>de</strong> algumas garantias processuais, <strong>em</strong> termos próximos do que já hojesuce<strong>de</strong> <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> prova e <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> obtenção <strong>da</strong> prova.9