13.07.2015 Views

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

S<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> a economia cafeeira, proporcionando o enriquecimento <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de por si já seria fator do desenvolvimento material <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, contudo asformas que foram aqui adota<strong>da</strong>s para o cultivo e comércio do café, agilizou ain<strong>da</strong> maiso processo de crescimento urbano, como aponta L. Saia: “...a monocultura do café épujante do ponto de vista d<strong>em</strong>ográfico; o beneficiamento, a comercialização etransporte, tais como foram estilizados no Estado de São Paulo, levaram essa pujançaao fenômeno urbano.” (6) Essa pujança <strong>em</strong> números é impressionante: “Mais de milnúcleos urbanos foram criados no Brasil <strong>em</strong> função <strong>da</strong> cultura do café; a metade delesna área do Estado de São Paulo, dois terços na região geo-econômica que convergiapara o centro <strong>da</strong> capital.” (7)To<strong>da</strong>via esse processo, <strong>em</strong>bora muito rápido, ao colidir com a provincianaestrutura <strong>da</strong> cultura e morfologia urbanas produz efeitos bastante específicos edíspares entre eles. A ci<strong>da</strong>de de taipa – no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 to<strong>da</strong>s asconstruções <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> o são (8) - vai <strong>da</strong>ndo lugar a ci<strong>da</strong>de de tijolo e a culturaprovinciana e estagna<strong>da</strong> cede espaço para uma nova, cosmopolita e dinâmica atéd<strong>em</strong>ais para os costumes do vilarejo paulista. As configurações sensíveis dessesnovos sintomas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de só alcançaram maturi<strong>da</strong>de na passag<strong>em</strong> de século. Asegun<strong>da</strong> metade do século XIX permanece como transição <strong>da</strong> vila para a metrópole, ját<strong>em</strong>os a base econômica e a pujança d<strong>em</strong>ográfica, mas também t<strong>em</strong>os a inércia detrês séculos de desprezo aos aspectos materiais do ambiente construído e <strong>da</strong> culturanele produzi<strong>da</strong>.A vi<strong>da</strong> provinciana dá pálidos sinais de cosmopolitismo mais <strong>em</strong> seuspersonagens políticos e intelectuais do que <strong>em</strong> suas expressões de cultura artística:Feijó, Vergueiro, os Andra<strong>da</strong>s, a base política e econômica agrária produz umambiente cultural também, pod<strong>em</strong>os dizer, rural, ain<strong>da</strong> pouco marcado pelassimultanei<strong>da</strong>des do mundo urbano moderno.De certo, ao compararmos o ambiente urbano <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do séculoXIX com a primeira, verificamos mu<strong>da</strong>nças capazes de justificar “o aceleramentocultural” identificado por Morse já nos primeiros anos <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade (9) ,apontando inclusive, os 111 formados pela Acad<strong>em</strong>ia <strong>em</strong> 1863, quando a instituição“podia ufanar-se de ter 600 alunos entre o Curso Anexo e os Cursos Jurídicos”. (10) . Osnovos jornais, os salões, a vi<strong>da</strong> social, o Romantismo. O ambiente cultural está <strong>em</strong>formação, mas carece de forças mais potentes para vencer o provincianismo e oruralismo local e o eterno desprezo ao belo na configuração de seu meio próximo.***Morse identifica Alvarez de Azevedo (11) como grande representante doromantismo na ci<strong>da</strong>de, com um destaque especial <strong>em</strong> escala nacional. Nos pareceque o trabalho desse poeta seja um tanto desigual, e não chegou a amadurecer,marcado por um byronismo um tanto forçado. No entanto, o caráter urbano contido <strong>em</strong>sua obra <strong>em</strong> relação ao grosso do romantismo brasileiro, com indianismos eruralismos, merece destaque, principalmente, por ter como cenário, <strong>em</strong> um períodorazoável de sua vi<strong>da</strong>, aqui <strong>em</strong> SP. Pré anuncia o caráter que mais fort<strong>em</strong>ente irámarcar a cultura local: a urbani<strong>da</strong>de.A própria relação do poeta com a ci<strong>da</strong>de d<strong>em</strong>onstram algumas característicasinteressantes desse período. Diz ele ao voltar para cá e iniciar os estudos na6. SAIA, Luiz. Notas para a teorização de São Paulo; in: Acrópole, nº 295/6, junho/1963.p 213.7. Id<strong>em</strong>, p. 217.8. P 259 - “to<strong>da</strong>s as casas são de taipa de pilão” -1862 Foto: Militão de Azevedo; in: ZANINI, W. op. cit.vol. I.9. MORSE, R.M., op. cit. p. 13110. Id<strong>em</strong>11. “Durante os anos do Romantismo, qu<strong>em</strong> mais profun<strong>da</strong>mente sentiu e mais completamente articulouas tensões do velho e do novo foi o poeta Manuel Antonio Alvarez de Azevedo”. Id<strong>em</strong>. P. 121.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!