13.07.2015 Views

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

5. ANOS 50: AS VANGUARDASAs condições e contradições <strong>em</strong> que se encontra a ci<strong>da</strong>de de São Paulo napassag<strong>em</strong> dos anos 40 para os 50 possibilita novas inserções <strong>da</strong> produção cultural,agora já totalmente inseri<strong>da</strong> <strong>em</strong> um ambiente urbano industrial. A ci<strong>da</strong>de é infla<strong>da</strong> porpopulações migratórias internas e por um fluxo ca<strong>da</strong> vez maior de informações. SãoPaulo entra <strong>em</strong> contato direto com duas reali<strong>da</strong>des, a do Brasil agrário e atrasado e ado mundo tecnizado rumo à aldeia global. As possibili<strong>da</strong>des são de um presente que éraiz do futuro a se construir.Para as vanguar<strong>da</strong>s européias do início do século era um presenterevolucionário que permitiria tal construção, um presente constituído de idéias e deação política. Em São Paulo na déca<strong>da</strong> de 50, esse presente é constituído d<strong>em</strong>ateriali<strong>da</strong>de do ambiente físico <strong>em</strong> construção de fato.A ci<strong>da</strong>de assume finalmente, para o b<strong>em</strong> e para o mal, a consoli<strong>da</strong>ção desituação metropolitana <strong>em</strong> termos materiais, com um processo de conurbação feroz; enão materiais, o contexto sócio-político do segundo pós-guerra e o internacionalismoeconômico e cultural característico <strong>da</strong> nova ord<strong>em</strong> mundial.O Brasil dos 50 é um país que se afirma como futura potência, aindustrialização está <strong>em</strong> franco desenvolvimento, um ufanismo radical toma conta <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de num todo, tanto de <strong>em</strong>presários ligados ao capital internacional, quanto deartistas e intelectuais progressistas que vê<strong>em</strong> um panorama aberto para mu<strong>da</strong>nçassócio-culturais profun<strong>da</strong>s. A segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> será conheci<strong>da</strong> como anosJK, caracteriza<strong>da</strong> por esse positivismo decorrente <strong>da</strong> relativa prosperi<strong>da</strong>de econômica.Ao nível <strong>da</strong> cultura a déca<strong>da</strong> será concluí<strong>da</strong> com a construção de Brasília, osfenômenos <strong>da</strong> Bossa Nova e do Cin<strong>em</strong>a Novo, então <strong>em</strong> fase inicial, a culturabrasileira alcançando grande repercussão internacional.Em grande parte, a exposição internacional consegui<strong>da</strong> por artistas brasileirosdecorre <strong>da</strong> própria situação mundial, a revolução midiática do pós-guerra começava aromper as distancias, tudo poderia ser verificado e avaliado quase instantaneamente etudo ao mesmo t<strong>em</strong>po. De forma inexorável a produção artística penetra na lógica docapitalismo financeiro internacional como produto de consumo, logo mercadoria.A pátria sede <strong>da</strong> nova lógica é os EUA, agora tutelando a reconstruçãoeuropéia e o desenvolvimento do mundo periférico. Todos os fenômenos sociaistornam-se mercadoria, e internacionais, a partir do grande <strong>em</strong>issor, antena, <strong>da</strong> culturapolimórfica e anaética norte-americana. O cenário <strong>da</strong> realização dessa lógica são asci<strong>da</strong>des, no mundo todo assistir<strong>em</strong>os à explosão colossal <strong>da</strong> cultura e economiaurbanas.A nova reali<strong>da</strong>de de SP, inseri<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma cena de otimismo <strong>em</strong> nível nacionale <strong>em</strong> uma reestruturação plena dos valores <strong>em</strong> escala internacional, vai gerar a maisvigorosa etapa <strong>da</strong> história cultural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Se o nosso objetivo, pelo momento, éidentificar (tarefa difícil!), um perfil cultural para SP, muito provavelmente ele seexplicita <strong>em</strong> sua forma mais acaba<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> de 50. Evident<strong>em</strong>ente não estamoscongelando esses dez anos, pelo contrário, nos interessa <strong>em</strong> um processo. E, <strong>em</strong>termos de moderni<strong>da</strong>de industrial esse processo está <strong>em</strong> desenvolvimento desde osanos 20.A socie<strong>da</strong>de paulista entre os anos 20 e 50 passa por transformaçõessubstanciais, especialmente de ord<strong>em</strong> econômica. Nos anos 20 a base econômicaain<strong>da</strong> era agrária apoia<strong>da</strong> <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a urbano de comercialização, e transporte, nosentido <strong>da</strong> exportação. Após a crise 29, a ci<strong>da</strong>de oferece uma estrutura razoávelmonta<strong>da</strong>, capaz de apoiar o novo direcionamento, o industrial.Durante os anos 30 a ci<strong>da</strong>de cafeeira torna-se a ci<strong>da</strong>de industrial, atingindoseu ápice nos 50. As linhas ferroviárias, executa<strong>da</strong>s para o transporte do café, são<strong>em</strong>pare<strong>da</strong><strong>da</strong>s por inúmeros galpões industriais, aumentando os trechos urbanos nacapital. A massa urbana fica ca<strong>da</strong> vez mais caracteriza<strong>da</strong> por operários <strong>da</strong> indústria, a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!