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Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

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literária, subdividiu-se <strong>em</strong> grupos e comportou diferentes correntes, cujo denominadorcomum foi a óptica <strong>da</strong> renovação: o esteticismo metafísico de Graça Aranha, opaubrasil, o verdeamarelo, o grupo espiritualista de Festa e a antropofagia...Mas serespeitarmos a diversi<strong>da</strong>de e fizermos dela um critério de avaliação, a estética doModernismo será um amálgama de idéias, de valores e de procedimentos díspares eaté contraditórios, resultante <strong>da</strong> junção de to<strong>da</strong>s as perspectivas”. (10)Esses procedimentos e idéias serão explorados <strong>em</strong> profundi<strong>da</strong>de durante adéca<strong>da</strong> com destaque à Antropofagia, fruto <strong>da</strong> união de Oswald com Tarsila doAmaral, entre 26 e 30. A Revista de Antropofagia, que contava ain<strong>da</strong> com Raul Bopp eAlcântara Machado, entre outros, publica o Manifesto Antropófago de Oswald <strong>em</strong>1928:“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.Única lei do mundo. Expressão mascara<strong>da</strong> de todos os individualismos, detodos os coletivismos. De to<strong>da</strong>s as religiões. De todos os tratados de paz.Tupy, or not tupy that is the question.Contra to<strong>da</strong>s as catequeses. E contra a mãe dos Gracos...” (11)A antropofagia se constitui, talvez na mais fecun<strong>da</strong> tentativa de solucionar ascontradições entre moderni<strong>da</strong>de, cultura nacional e colonialismo cultural ao nível dosprocedimentos artísticos, logo <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> (12) . Em grande parte, a propostaoswaldiana é o manifesto e a orientação metodológica do que foi d<strong>em</strong>onstrado nosanos do Modernismo <strong>em</strong> SP, a digestão dos modelos europeus como instrumentalpara se observar e entender a reali<strong>da</strong>de próxima, um sub-produto <strong>da</strong> cultura européia.Dessa forma, mostra uma face <strong>da</strong> Arte Moderna não encontra<strong>da</strong> no âmbito <strong>da</strong> culturainternacional, digna <strong>da</strong>s mais sofistica<strong>da</strong>s experiências conduzi<strong>da</strong>s pelas vanguar<strong>da</strong>shistóricas. Nessas propostas resid<strong>em</strong> as razões <strong>da</strong> longevi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostas dosmodernistas na cultura de SP durante todo o século XX.Contudo, a experimentação modernista fechava um círculo <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> culturaartística, totalmente elitiza<strong>da</strong>, pelo menos durante os anos 20. As questõesideológicas, positivas ou negativas, tão cara aos programas <strong>da</strong>s vanguar<strong>da</strong>s, nãocompareciam com a mesma intensi<strong>da</strong>de que as formais. Os modernos paulistasviviam envoltos no mundo de fantasia <strong>da</strong> riqueza que o café proporcionava, por issosua pouca penetração nas novas expressões populares multiculturais que seformavam na ci<strong>da</strong>de invadi<strong>da</strong> pela imigração.Mário de Andrade, <strong>em</strong> conferência de 1942, assume essa condição: “E apesarde nossa atuali<strong>da</strong>de, de nossa nacionali<strong>da</strong>de, de nossa universali<strong>da</strong>de, uma coisa nãoaju<strong>da</strong>mos ver<strong>da</strong>deiramente, duma coisa não participamos: o amilhoramento políticosocialdo hom<strong>em</strong>. E esta é a essência mesma <strong>da</strong> nossa i<strong>da</strong>de” (13) . A situação <strong>da</strong>humani<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> Guerra, e pessoais de Mário, nesse momento, o faz<strong>em</strong> ser rigorosod<strong>em</strong>ais consigo e com o grupo, to<strong>da</strong> sua fala é carrega<strong>da</strong> de frustração e descrença.Porém, o registro é significativo do posicionamento adotado pelos modernos que, comcerteza, mu<strong>da</strong> integralmente após a crise do mercado cafeeiro.Na déca<strong>da</strong> de 30, s<strong>em</strong> o amparo do café, a ci<strong>da</strong>de é obriga<strong>da</strong> a rever suaeconomia e criar novas forma de sobrevivência. Inicia-se o período industrial de SP.Começa um novo ciclo na ci<strong>da</strong>de, ela será reconstruí<strong>da</strong> novamente, inchará muitomais, agora contando com a mão-de-obra que se desloca <strong>da</strong>s lavouras para o centrourbano, sua cultura e os posicionamentos políticos serão completamente outros. Em1931 Oswald, falido com a crise, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Fun<strong>da</strong>do <strong>em</strong>10. Benedito Nunes “Estética e correntes do Modernismo; in: ÁVILA, Affonso (org.). O Modernismo.São Paulo, Perspectiva/ SCE - SP, 1975. p. 40.11. Oswald de Andrade, Manifesto Antropofágico.12. Ver <strong>em</strong> As linguagens artísticas e a ci<strong>da</strong>de.13. Mário - depoimento final <strong>da</strong> conferência „O movimento modernista‟; in: AMARAL, A. A. op. cit. p. 287

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