Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

nova arquitetura no Brasil, mas só alcançara repercussão – e muita oposição – com ainauguração de sua casa na Vila Mariana, em terras da família Klabin, ocasião em quechama a atenção também do grupo modernista.A oposição dos arquitetos tradicionalistas a Warchavchik e à ArquiteturaModerna, principalmente através do organizado Instituto Paulista do Architectos emtorno de Christiano Stockler das Neves, grande nome da arquitetura de estilo, autor doEdifício Sampaio Moreira, primeiro arranha-céu de SP, percorre toda a década. O quenão impede o arquiteto realizar entre 28 e 31, mais 7 residências e um conjunto decasas econômicas, além da primeira casa modernista no Rio de Janeiro, onde veio ase associar a Lúcio Costa, a Nordchild em 1931.A grande produção construída não foi a marca de outro significativopersonagem do modernismo de SP, Flávio de Carvalho. Ele volta ao Brasil, depois dese formar em engenharia na Inglaterra, poucos meses depois da Semana, trabalhacomo calculista para o escritório Ramos de Azevedo de 24 a 27, ano em que propõeseu primeiro significativo projeto de arquitetura.A ocasião é o concurso para o Palácio do Governo de São Paulo, “O projeto doengenheiro Flávio de Carvalho chamava a atenção por seu ineditismo formal e suasproposições militaristas: um palácio com o aparato bélico/estratégico de uma fortalezamilitar”. (18) Difícil em Flávio identificar o que é convicção e o que é provocação. Nosanos seguintes ele participará de vários outros concursos mantendo-se fiel a essasposturas, um leque grande de influências, mas com uma interpretação muito pessoaldelas todas. Uma amostra disso seria comparar sua pintura, de um expressionismotípico, com o projeto para o concurso do Farol Colombo, em seu mais explicito caráterfuturista a la Sant‟Elia.O mais interessante em Flávio de Carvalho foi sua eterna condutamultidisciplinar e provocadora, ele testou de tudo, pintura, arquitetura, cenografia e,até, performances pélas ruas de SP. Isso o faz uma figura única no modernismopaulista. Como indica Hugo Segawa: “Foi mais um outsider da arquitetura, polemistaque atuou nos primeiros anos do modernismo arquitetônico em São Paulo.” (19)Poderíamos estender isso a todas as artes que ele experimentou. Nos anos trintaconstruiu algumas casas, como o conjunto na Alameda Lorena em 33, mas do pontode vista de experimentação da linguagem moderna, são seus projetos para concursosque se constituem em significativos exemplos da modernidade local.Embora os anos 20 não tenham materializado muitos exemplos de arquiteturamoderna, eles possibilitam a colocação, a exposição – mesmo que ainda tímida – dotema na pauta da cultura paulistana. Fortalecendo ainda mais as idéias de uma novaarquitetura, SP recebe a visita de Le Corbusier em 1929.Ele circula pela cidade, fala na Câmara, visita a casa da Rua Itápolis, convidaWarchavchik para delegado sul americano no CIAM. Um grande acontecimento social,Paulo Prado foi o responsável por sua vinda, o objetivo principal era a apresentaçãode suas idéias para o urbanismo moderno. Pouco mudou de imediato na arquiteturada cidade, mas constituiu-se em mais um caminho no sentido de SP reconhecer umnovo sentido para a arquitetura.Com relação à cidade, Le Corbusier teve a mesma impressão que muitos terãono século XX, de objeto indecifrável, de difícil definição: “São Paulo[...] cidadeinconcebível, tanto parece envelhecida prematuramente, apesar de seu arranha-céu eseus grandes bairros recém-construídos” (20) .Para Morse, a arquitetura moderna de SP viveu de algumas poucascuriosidades até a volta à cidade de Rino Levi em 1928: “A arquitetura moderna esteverepresentada sem maiores resultados na Semana de Arte Moderna por Tamoio; e ao18. SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900 –1990. São Paulo, EDUSP, 1997. p. 50.19. ibidem., p. 51.20. Le Corbusier citado in: CAMPOS, C. M., op. cit. p. 358.