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Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

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eixo São Paulo-Santos teria enorme impacto sobre o crescimento <strong>da</strong> capital” (15)Agora o acesso à ci<strong>da</strong>de era ágil e seguro, os fazendeiros e suas famíliaspoderiam freqüentar muito mais o comércio e a vi<strong>da</strong> cultural <strong>da</strong> capital, poderia atémanter uma residência na ci<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>. Começa a se configurar umad<strong>em</strong>an<strong>da</strong> para novas ações culturais, uma elite que pode promover salões aqui a partirde experiências <strong>em</strong> salões europeus. Pode comprar pinturas e pode contratararquitetos.Das ativi<strong>da</strong>des <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> elite forma-se a pirâmide com diversas ativi<strong>da</strong>desde classe-média, liga<strong>da</strong>s ao comércio e serviços. Estas permanecerão por longot<strong>em</strong>po pendendo entre o sub-produto <strong>da</strong> cultura de elite e manifestações próprias.Além dos trânsitos internos ligados ao café, a ferrovia também favorece osegundo grande catalisador <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> metrópole SP, a imigração estrangeira. Aci<strong>da</strong>de vai conhecer uma europeização diferente, plural, difusa e popularesca. Umaeuropeização que v<strong>em</strong> por vias diferentes <strong>da</strong> Acad<strong>em</strong>ia Real, ou dos salões <strong>da</strong> elitepaulistana, veio com os próprios imigrantes, os populares com tradições folclorizantes,ou ricos de gosto duvidoso, ou mesmo de personagens atualizados às novas questõespolíticas e artísticas <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de européia.A miscigenação que se origina nesse momento e mais tarde alcançará níveisglobais, marcará as raízes <strong>da</strong> cultura metropolitana de SP, provavelmente a única,uma vez que até esse período o que pod<strong>em</strong>os observar foram as fragili<strong>da</strong>des culturaisdo povoado de Piratininga.Como personag<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>plar de uma nova categoria de artistas que começa aformar-se na ci<strong>da</strong>de, t<strong>em</strong>os a figura de José Ferraz de Almei<strong>da</strong> Júnior, pintor paulistaque alcança status de grande expoente <strong>da</strong>s artes brasileiras, acima de nomes <strong>da</strong>Acad<strong>em</strong>ia no Rio. Assim ele é apresentado <strong>em</strong> História geral <strong>da</strong> arte no Brasil: “SergioMilliet considerou Almei<strong>da</strong> Júnior como „um marco divisório <strong>da</strong> pintura nacional‟, comele „se afirmando a nossa liber<strong>da</strong>de artística. Houve realmente na obra desse artista...a exteriorização sist<strong>em</strong>ática, pela primeira vez na nossa pintura do oitocentos, de umaaproximação de assuntos populares trazi<strong>da</strong> pelo realismo ou naturalismo t<strong>em</strong>ático àcultura brasileira”. (16)Almei<strong>da</strong> Jr ingressou na Acad<strong>em</strong>ia de Belas Artes no Rio <strong>em</strong> 1869, onde foialuno de Vitor Meirelles, e <strong>em</strong> 1876 ele parte para um período na Europa, onde, tantovai aproximar-se dos t<strong>em</strong>as realistas, como também, de forma mais insipiente (porconta <strong>da</strong> formação na Belas Artes), <strong>da</strong>s técnicas impressionistas. No entanto o que édestacado <strong>em</strong> sua obra é a aproximação dessas influências a uma situação regionalao extr<strong>em</strong>o. Suas representações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> caipira são <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticas <strong>da</strong> cultura regionaldo hom<strong>em</strong> paulista.E o pintor o faz, apesar de todo o artificialismo <strong>da</strong> pintura acadêmica,deflagrando uma situação s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong>inente <strong>da</strong> Metrópole, ci<strong>da</strong>de-mãe, SP com seuinterior. Poucas capitais regionais t<strong>em</strong> o comportamento simbiótico com a cultura deseu interior, como SP o t<strong>em</strong>. Isso é perfeitamente compreensível a partir de suaprópria formação, se espalhando pelo interior e fragmentando famílias pelo território,com o fizeram os bandeirantes.Também caracterizando e catalisando a situação urbana do fim de XIXapresenta-se o painel social e político <strong>da</strong> Abolição <strong>da</strong> escravatura e <strong>da</strong> Proclamação<strong>da</strong> República e o papel relevante que a SP terá <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a movimentação queculminará com os dois eventos <strong>em</strong> 1888 e 89 respectivamente. Por um lado o sensopositivista do movimento republicano marcará a ci<strong>da</strong>de por um ethosdesenvolvimentista, anti-humanista e anti-estético, mantendo uma característica nata<strong>da</strong> matéria urbana paulista. Por outro lado, a renovação <strong>da</strong>s instituições promovi<strong>da</strong>15. CAMPOS, Candido Malta. Os rumos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de: urbanismo e modernização <strong>em</strong> São Paulo. SãoPaulo, Ed. Senac, 2002. p. 43.16. BARATA, Mário. Século XIX. Transição e início do século XX; in: ZANINI, W. op. cit. vol. I. p. 425.

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