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Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

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Artigas se apresenta como o que estamos querendo caracterizar como a linguag<strong>em</strong> deSP para a arquitetura. Mas isso é reducionista, a presença marcante de Rino, eOswaldo Bratke também, no panorama cultural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de é decisiva para os rumosque a arquitetura paulista tomará nos próximos anos.Em Arquitetura Moderna Paulistana, de Xavier, L<strong>em</strong>os e Corona, entre 1949 e60 eles são os mais citados com 4 obras ca<strong>da</strong> um (5) . Portanto, pod<strong>em</strong>os considerar osmais atuantes na cena de SP na déca<strong>da</strong>. Levi representando mais um certot<strong>em</strong>peramento tradicional <strong>em</strong> seu moderno de formação italiana e Artigas, formadopela Politécnica paulista e com atuação exuberante nos debates culturais e políticos<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, enquadrava-se mais precisamente nos contornos que definiam as novasgerações vanguardistas de SP. Contudo, ambos desenvolv<strong>em</strong> uma afinaçãodisciplinar <strong>em</strong> suas obras que identificam a arquitetura aqui pratica<strong>da</strong>, pelo menos nosbons t<strong>em</strong>pos.Artigas, a par do discurso político desenvolverá um agudo senso sintático àestrutura de seus edifícios, um dos discursos sintáticos mais precisos queconhec<strong>em</strong>os. A estrutura <strong>em</strong> seus edifícios alcança essa entropia, consegue sozinhaser forma, significado, construtibili<strong>da</strong>de, materiali<strong>da</strong>de, um texto inteiro.Rino Levi, de outro lado investe também nas questões disciplinares, osdetalhamentos – imensamente famosos-, a construtibili<strong>da</strong>de, a resolução dosprogramas, defin<strong>em</strong> sua arquitetura. O projetar <strong>em</strong> altíssimo nível de especiali<strong>da</strong>deprofissional, um dos mais belos ex<strong>em</strong>plos do operar arquitetura como conhecimentoespecializado e profundo. Por essa via que Rino se afasta <strong>da</strong>s questões políticas eassume posicionamentos de reformismo liberal que tanto vai desagra<strong>da</strong>r as correntesanalíticas <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s futuras.Portanto, a presença de Artigas é o que concentrará as atenções para asgerações <strong>em</strong> formação pelo momento e, mais ain<strong>da</strong>, na déca<strong>da</strong> seguinte. Umapresença marca<strong>da</strong> por uma arquitetura rigorosa e pelo posicionamento político. “Oarquiteto de São Paulo pretendia d<strong>em</strong>onstrar uma tese: que a responsabili<strong>da</strong>de doarquiteto se sustentava no conceito de projeto como instrumento de <strong>em</strong>ancipaçãopolítico e ideológico”. (6)Na déca<strong>da</strong> dos 50 o arquiteto inicia o período <strong>da</strong>s obras mais plenas <strong>em</strong>termos <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> por ele cria<strong>da</strong>. Yves Bruand ajusta essa produção dentro de seu“O aparecimento do brutalismo e seu sucesso <strong>em</strong> São Paulo” (7) , contrapondo esseperíodo ao anterior, organicista wrightiano, ou menos funcionalista. Bruand qued<strong>em</strong>onstra, <strong>em</strong> sua obra clássica, desconhecer os processos <strong>da</strong> arquitetura <strong>em</strong> SP,simplifica sobre maneira o processo do artista. O olhar do crítico limita-se a observarinfluências internacionais diretas. Contudo não exist<strong>em</strong> dois momentos autônomos edistintos, o organicista e um outro brutalista.Artigas não chegou aos seus resultados por ser ou não uma arquiteturamoderna, inclusive questionou várias vezes a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Arquitetura Moderna nasocie<strong>da</strong>de brasileira (8) . Ela é o resultado de um processo definido por uma posturaintelectual e ideológica, de seu princípio até anti-corbusiano, o contato próximo com aobra de Bratke, até sua expressão final, mais radical que o próprio Corbusier, ouqualquer outro dos mestres, <strong>em</strong> termos políticos, formais e construtíveis, umaarquitetura enquanto disciplina, espaço e estrutura, s<strong>em</strong> beleza fácil por convicção, oucom outra natureza de beleza, a beleza do construído, do cultural, do objeto social.Arquitetura s<strong>em</strong> concessões de espécie alguma, e pessoal. Isso nunca é d<strong>em</strong>aisl<strong>em</strong>brar, a linguag<strong>em</strong> <strong>da</strong> arquitetura de Artigas não persegue modelos, persegue5. São elas: Artigas: Residência do arquiteto (49), Estádio do S. Paulo F. C. (52), Resid. José Bittencourt(56), Resid. Rubens Mendonça (58). Rino: Resid. Milton Guper (51), Laboratório Paulista de Biologia (56),Resid. Castor Perez (58), Galeria R. Monteiro (60). Ambos produziram b<strong>em</strong> mais durante a déca<strong>da</strong>,porém essas são as apresenta<strong>da</strong>s pelo livro.6. SEGAWA, H. op. cit. p. 144.7. BRUAND, Yves. Arquitetura Cont<strong>em</strong>porânea no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 1981. p. 295-319.8. Explicitado <strong>em</strong> seu texto: Le Corbusier e o imperialismo.

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