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Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

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5. PORTO, Antônio Rodrigues. História urbanística <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Paulo (1554-1988). São Paulo,Carthago &Forte Ed., 1992. 1º edição. p 27O que se observa nesses interiores, pelas descrições conheci<strong>da</strong>s, é desimplici<strong>da</strong>des franciscanas e prosaicas r<strong>em</strong>iniscências decorativas. O que supor entãodos vestuários e costumes de leituras, por ex<strong>em</strong>plo. “Uma ou outra estampa commoldura, refugo <strong>da</strong>s lojas européias, apenas acentuava a inocência paulistana <strong>em</strong>relação aos cânones artísticos <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des. Florence achou que as famílias eramhospitaleiras, corretas e sóbrias, que bebiam pouco vinho e tinham „mesa simples,mas agradável‟. Rugen<strong>da</strong>s referiu-se a „a grande simplici<strong>da</strong>de dos costumes dospaulistas a ausência de luxo, mesmo nas classes eleva<strong>da</strong>s, principalmente no que dizrespeito aos móveis a aos utensílios de cozinha‟. A cordiali<strong>da</strong>de impregnava asrelações sociais. „A música, a <strong>da</strong>nça, a conversação, substitu<strong>em</strong>, entre eles, o jogo,que é um dos principais divertimentos na maioria <strong>da</strong>s outras ci<strong>da</strong>des do Brasil‟.” (6)Essa cultura não-material identifica<strong>da</strong> por Rugen<strong>da</strong>s, talvez marque umprimeiro traço cultural do paulistano. Como também o ar caipira de radicalregionalismo, a relação maternal, diferente de outras capitais, com as ci<strong>da</strong>des dointerior <strong>da</strong> província. Traço que, fundi<strong>da</strong> à explosão urbana e radicalmenteinternacional <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de, apresentará o caráter metropolitano de SP.No entanto, essas expressões populares de música e <strong>da</strong>nça, <strong>em</strong>bora curiosascomo expressões <strong>da</strong> cultura, não configuram particulari<strong>da</strong>des de um ambiente culturalurbano, mesmo pré-industrial. São mais passa-t<strong>em</strong>pos, não o que poderíamosidentificar como produtos culturais elaborados a partir de procedimentos artísticos.O mesmo pod<strong>em</strong>os dizer <strong>da</strong> participação <strong>da</strong> cultura negra na ci<strong>da</strong>de. S<strong>em</strong>qualquer dúvi<strong>da</strong> ela é expressiva e facilmente identificável até os dias de hoje, masmuito diferente de centros como o Rio ou Salvador. Ela se apresenta pontualmente noperíodo anterior a Independência, localiza<strong>da</strong>. E terá futuramente que diluir-se noenorme caldeirão de fragmentos de diversas culturas que será a metrópole. AssimMorse a descreve: “Os cerimoniais negros constituíam um encravamento na culturacolonial básica. Nos t<strong>em</strong>pos coloniais, a agitação e as propala<strong>da</strong>s imorali<strong>da</strong>des que osacompanhavam provocaram a interdição por parte <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.Continuavam eles a realizar-se, to<strong>da</strong>via, alguns clandestinamente, outros abertamenteno chafariz <strong>da</strong> Misericórdia, ponto natural de reunião dos escravos... Os rituaissecretos de feitiçaria que os negros realizavam à meia-noite, por ocasião de enterros<strong>em</strong> igrejas , l<strong>em</strong>bravam ain<strong>da</strong> com mais intensi<strong>da</strong>de os mistérios de um continentedistante e dizia-se que levavam muitos vizinhos a procurar<strong>em</strong> novas residências.” (7)* * *O ambiente construído paulistano colonial <strong>em</strong> na<strong>da</strong> estimulou uma produçãoartística de importância, tanto gera<strong>da</strong> como consumi<strong>da</strong> no ambiente. A par destasdescrições <strong>da</strong> total ausência de preocupações com o estético e simbólico <strong>da</strong> paisag<strong>em</strong>e seus objetos, pod<strong>em</strong>os notar o mesmo no que diz respeito a expressões locaisrepresentativas de linguagens artísticas.Para uma confirmação dessa situação pod<strong>em</strong>os nos concentrar no grandecompêndio <strong>em</strong> dois volumes de “História geral <strong>da</strong> arte no Brasil” organizado por WalterZanini e escrito por reconheci<strong>da</strong>s personali<strong>da</strong>des. È curioso perceber o terceirocapítulo dedicado ao período colonial, “do século XVI ao início do século XIX:maneirismo, barroco e rococó”, desenvolvido por Benedito Lima de Toledo, professorna maior universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e profundo conhecedor dela, praticamente não faznenhuma menção à ci<strong>da</strong>de nesses trezentos anos.As únicas exceções ficam por conta unicamente por uma foto do largo do6. MORSE, R. M., op.cit. p. 587. Id<strong>em</strong> p. 64-658. fig.202 – Largo do Ouvidor, 1862. Foto: Militão de Azevedo; in: ZANINI, Walter (org.). História Geral <strong>da</strong>Arte no Brasil. São Paulo, Instituto Walther Moreira Salles, 1983. vol. I.

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