13.07.2015 Views

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

Faça o download da pesquisa em PDF - Jorge Bassani

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

t<strong>em</strong>as eram voltados a uma procura, muito saudável para a cultura nacional, <strong>da</strong>identi<strong>da</strong>de brasileira e seus aspectos mais enraizados, como a própria colonizaçãoportuguesa.O modernismo propunha olhar para o Brasil tomando como lente, comoinstrumental, as <strong>pesquisa</strong>s e propostas <strong>da</strong>s vanguar<strong>da</strong>s européias. A vanguar<strong>da</strong> dosanos 50 está inseri<strong>da</strong> no universo mais diversificado e internacionalizado <strong>da</strong> metrópoledo pós-guerra. Os vínculos agora são com uma mais numerosa burguesia urbana,com o meio acadêmico, com o circuito específico, com as associações políticas. Aviabilização <strong>da</strong> arte frente ao público é possível pelos mais diferentes canais.O moderno não é mais para uma elite aristocrática ficar choca<strong>da</strong> com asperaltices de seus filhos e sobrinhos, agora o moderno é um instrumento dereconhecimento, análise e intervenção na reali<strong>da</strong>de metropolitana nervosa e caótica.Nestas condições as ativi<strong>da</strong>des culturais de SP apresentam-se <strong>em</strong> um patamar deequivalência com as vanguar<strong>da</strong>s históricas, <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong>s com as linguagens para asartes nos centros urbanos.Um caso ex<strong>em</strong>plar do processo <strong>da</strong>s artes na metrópole dos ‟20 aos ‟50, éAlfredo Volpi. Quando <strong>da</strong> S<strong>em</strong>ana Volpi tinha 26 anos, fez sua primeira exposição <strong>em</strong>‟25 no Palácio <strong>da</strong>s Indústrias, no Parque Dom Pedro. Não participou do agrupamentomodernista, <strong>em</strong>bora coetâneo, socialmente a distância é grande. Volpi é de orig<strong>em</strong>operária do bairro do Cambuci, existe um muro (ou um vale) entre ele e o grupo “in”.Contudo aos 60 anos, participará <strong>da</strong> I Exposição Concretista, as famosas bandeirinhase mastros são dos anos ‟50. Volpi, <strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> e comportamento se transformanuma <strong>da</strong>s maiores traduções do espírito artístico de SP.Uma <strong>da</strong>s possíveis maneiras de se verificar esse caráter seria através dos usos<strong>da</strong>s linguagens abstratas. Na passag<strong>em</strong> <strong>da</strong> 1 a. para a 2 a . déca<strong>da</strong>s, Malevich,Kandinsky e Picabia já propunham pinturas s<strong>em</strong> qualquer tipo de relação miméticacom o real. Contudo, durante a SAM a abstração está totalmente ausente.Mesmo nos anos 30, a abstração nas artes visuais ain<strong>da</strong> não chegara aoBrasil, <strong>da</strong> mesma forma que a arquitetura racionalista. Ela começa acontecerlentamente e isola<strong>da</strong>mente na segun<strong>da</strong> metade dos 40.Apesar <strong>da</strong> presença de obras de Calder e Albers no III Salão de Maio <strong>em</strong> 39,não se nota uma aproximação mais efetiva de artistas brasileiros a estas propostas atéos finais <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 40.Em 46 chega a SP Wald<strong>em</strong>ar Cordeiro, que viria a ser a grande liderança dosconcretistas. Para a formação e desenvolvimento <strong>da</strong> Arte Concreta <strong>em</strong> São Paulo,mais importante do que a exposição de 50 e pr<strong>em</strong>iação na I Bienal de São Paulo doartista suíço concretista Max Bill, é a participação de Cordeiro nos agrupamentosartísticos paulistanos. Se é indiscutível a influência de Bill e <strong>da</strong> Escola Superior <strong>da</strong>Forma nos meios artísticos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; também o é o trabalho de Cordeiro, anterior àvisita do suíço, <strong>em</strong> <strong>pesquisa</strong>s inicia<strong>da</strong>s junto a um pequeno número de artistas, queCordeiro agrupa no sentido de uma ação mais ofensiva.A partir <strong>da</strong> 1 a . Bienal (1951) a abstração entrará de fato e <strong>em</strong> quanti<strong>da</strong>de nocenário <strong>da</strong> pintura <strong>em</strong> SP. Acompanha<strong>da</strong> de muitas polêmicas.Cordeiro traz, como Max Bill e outros, a abstração como experiência européia,ao entrar <strong>em</strong> contato com o ambiente urbano e com os novos artistas de SP, elaatinge expressões e dimensões de fato natural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Parece que a história to<strong>da</strong><strong>da</strong> aglomeração paulistana é pauta<strong>da</strong> pelo caráter abstrato. O local de passag<strong>em</strong>, otrampolim para outras regiões do planalto, depois a riqueza econômica que v<strong>em</strong> defora, por fim a ativi<strong>da</strong>de industrial, por si, abstrata. Mais que uma questão estilística aabstração <strong>em</strong> SP foi a própria essência de penetração <strong>da</strong>s artes no universo urbano,exatamente como o Futurismo o fora para a geração de 22.É evidente que não houve um tipo de consenso <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> questão, aocontrário muitas são as vozes contrárias às linguagens abstratas. Por ocasião <strong>da</strong>exposição “Do figurativismo ao abstracionismo” <strong>em</strong> 1949 no MAM, <strong>da</strong> qual foramexcluídos vários artistas modernistas, o grupo chefiado por Di Cavalcante forma frente

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!