gran<strong>de</strong> plano, no centro <strong>da</strong> acção”,recor<strong>da</strong> Cage com um sorriso afectuoso.“Fizemos um pequeno convívioe ele estava no bar, muito perturbadoporque não estava a conseguir temposuficiente dos seus répteis no filme.Precisava <strong>de</strong>, <strong>pelo</strong> menos, três a cincominutos com eles e, se não conseguisseisso, ficava tão transtornado quenunca mais dirigia nenhum filme. Volteipara casa nessa noite a pensar nisso,liguei-lhe e disse: ‘Ain<strong>da</strong> temos <strong>de</strong>filmar aquela cena em que eu prendoo casal <strong>de</strong> jovens na rua. Porque é quenão cortas essa cena e aí po<strong>de</strong>s ter todoo tempo que quiseres para as iguanas?’E ele disse: ‘Não, não, Nicolas!Obrigado, és muito gentil, mas tambémpreciso <strong>de</strong>ssa cena’”.Não há muitos actores que, comoCage, tenham em comum com Herzogesta paixão <strong>pelo</strong>s répteis. “Eu não sabiadisso até jantarmos juntos em NovaOrleães, antes <strong>de</strong> iniciarmos asfilmagens”, nota Herzog. “Sim, adorofilmá-las e <strong>da</strong>r-lhes papéis importantesnos meus filmes, e o Nicolas apoioumemuito nisso. Quando cheguei aolocal <strong>de</strong> filmagens, fui logo falar como director <strong>de</strong> fotografia e disse: ‘Nãotoque nisso, vou filmar eu própriocom esta lente pequenina e o cabo <strong>de</strong>fibra óptica’. Tive <strong>de</strong> a segurar apenasa alguns milímetros <strong>da</strong> pele <strong>da</strong> iguana.Ela ficou com um ar tão estúpido esurpreendido que eu sabia que o resultadoiria ser <strong>de</strong>sconcertante”.Cage apreciou a maneira como Herzogvai ao essencial. “O Werner nãoprecisa <strong>de</strong> muita parafernália, nem<strong>de</strong> muitos ângulos <strong>de</strong> câmara. E tambémnão precisa <strong>de</strong> muitos ‘takes’.Isso cria uma atmosfera on<strong>de</strong> nos sentimosmais livres e espontâneos. Funcionabem com o que eu estava a tentarfazer, e que era uma abor<strong>da</strong>gembasea<strong>da</strong> no jazz americano – já queestávamos no berço do jazz. Era umamistura do essencial e <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>le<strong>de</strong> ir a alguns cenários no mínimoarrojados, como a cena no lar <strong>de</strong> idosose a exposição no antro <strong>de</strong> droga,e também a cena na rua, com a armano ar, tudo coisas que não estavamno guião, que foram improvisa<strong>da</strong>s”.“Tenho <strong>de</strong> admitir”, diz Herzog,“que as minhas filmagens são muitocalmas. Só falo baixinho; é como umacirurgia <strong>de</strong> coração aberto. Não raro,termino a meio <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ter trabalhado calmamente. Não éna<strong>da</strong> agitado”.Tradução <strong>de</strong> Ana Isabel Palma <strong>da</strong> SilvaVer crítica <strong>de</strong> filmes págs. 36O factor Coppola e a paixãocomum por iguanas: há lugaresem que Herzog e Cagese encontramNicolas Cage snifou cocaína tão convincentementedurante a ro<strong>da</strong>gem que o realizador chegou a convencer-se<strong>de</strong> que ele estava realmente a consumir drogas: “Parecia tão real”34 • Sexta-feira 21 Maio 2010 • Ípsilon
The xxÉ agora: a ban<strong>da</strong> do ano passadoem <strong>Lisboa</strong> e no Porto Pág. 41Nicolas CageExtraordinário em “Polícia semLei”, <strong>de</strong> Werner Herzog. Pág. 36“Eu sou o Amor”O melodrama clássico reinventado.Pág. 36OrhanPamukCinco estrelaspara “O Museu<strong>da</strong> Inocência”, oprimeiro romance<strong>de</strong>pois do NobelPág. 50
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