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O mundo pelo buraco da fechadura - Fonoteca Municipal de Lisboa

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ConcertosCanções <strong>de</strong>scarn<strong>da</strong>s,aparentemente clínicas,mas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são imediata: isto é The xxEspaçoPúblicoPopThe xx,muitocom poucoUm dos fenómenos maisentusiasmantes do anopassado chega agoraa Portugal para doisconcertos. Vítor BelancianoThe xxEste espaço vai ser seu.Que filme, peça <strong>de</strong> teatro,livro, exposição, disco,álbum, canção, concerto,DVD viu e gostou tantoque lhe apeteceu escreversobre ele, concor<strong>da</strong>ndo ou<strong>Lisboa</strong>. Aula Magna. Alam. Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>. 3ª, 25, às22h. Tel.: 217967624. 25€.Porto. Casa <strong>da</strong> Música - Sala Suggia. Pç. Mouzinho<strong>de</strong> Albuquerque. 4ª, 26, às 22h30. Tel.: 220120220.30€.Chamam-se The xx e a estreiahomónima foi um dos discos maiscelebrados <strong>de</strong> 2009, transformandoem celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s pop (à escala indie,naturalmente) quatro miúdos <strong>de</strong>Londres, nos seus 20 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>(três, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> Baria Qureshi).Vamos vê-los no tempo certo.Foi há quase um ano que osingleses The xx irromperam, comarrebatamento, na cena pop. Muitose passou entretanto. O álbum <strong>de</strong>estreia “Young Turks” granjeou-lhesum culto que poucos preveriam. Masna génese <strong>da</strong> sua música já se anteviaque algo po<strong>de</strong>ria acontecer. Apesar<strong>de</strong> terem pouco mais <strong>de</strong> 20 anos, aver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que a sua música éintergeracional, capaz <strong>de</strong> apelar aquem cresceu nas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 80 e 90com as sucessivas vagas que seseguiram ao punk, e às gerações maisnovas, disponíveis para consumirmúsica sem olhar muito aos génerosque a atravessam (rock, pop,electrónicas, dubstep ou R&B).O seu som é minimalista,estruturado com simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> apartir <strong>de</strong> um ritmo, uma linha <strong>de</strong>baixo, uma guitarra serpenteante, emredor do espaço, e duas vozes numjogo <strong>de</strong> movimentos circulares. É umesqueleto com compasso, alma esilêncio, capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir oscontornos <strong>de</strong> umai<strong>de</strong>ia nuclear.Canções assim,<strong>de</strong>scarna<strong>da</strong>s,aparentementeclínicas,po<strong>de</strong>mser<strong>de</strong>stituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> calor e emoção. Masnão é isso que acontece com os Thexx, que criaram um discocontaminado por múltiplastemporali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com essa mais valia<strong>de</strong> ser música <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são imediata.Como é que tudo isto funciona empalco é o que se irá ver em <strong>Lisboa</strong> ePorto.GloriososGrizzly BearCom “Veckatimest”, fizeramnossonhar (e cantar) alto.Vamos fazê-lo outra vez,agora ao vivo. Mário LopesGrizzly Bearnão concor<strong>da</strong>ndo com oque escrevemos? Envienosuma nota até 500caracteres para ipsilon@publico.pt. E nós <strong>de</strong>poispublicamos.Ao segundo disco, os Grizzly Beartransformaram-se numa ban<strong>da</strong> que esgota(sim, que esgota) Coliseus<strong>Lisboa</strong>. Coliseu dos Recreios. R. Portas St. Antão, 96.4ª, 26, às 21h. Tel.: 213240580. 28€ a 40€.Porto. Coliseu do Porto. R. Passos Manuel, 137. 5ª,27, às 21h. Tel.: 223394947. 25€ a 35€.Não é normal o que aconteceu entre“Yellow House” e “Veckatimest”.Entre o segundo álbum dos GrizzlyBear, o primeiro enquanto ban<strong>da</strong> asério e não obra a solo <strong>de</strong> Ed Droste,e esse “Veckatimest” que levouJohnny Greenwood, guitarrista dosRadiohead, a consi<strong>de</strong>rá-los a suaban<strong>da</strong> preferi<strong>da</strong> e Jay Z, rappersupremo, a exclamar bem alto quãoinspiradora é a música que nele seouve, a ban<strong>da</strong> <strong>de</strong> Brooklyntransformou-se.Antes <strong>de</strong>le refugiava-se numintimismo sussurrado, escondi<strong>da</strong> nasua concha <strong>de</strong> guitarras outonais ediscretas texturas electrónicas.Depois, per<strong>de</strong>u a vergonha e sonhoualto – é a belíssima concretização<strong>de</strong>ssa ambição (segundo lugar naslistas <strong>de</strong> melhores álbuns <strong>de</strong> 2009 doÍpsilon) que veremos nas próximasquarta e quinta-feira, nos Coliseus <strong>de</strong><strong>Lisboa</strong> e do Porto, respectivamente.Isolados numa casa na ilha <strong>de</strong> CapeCod que <strong>de</strong>u título ao álbum, ounuma igreja em Nova Iorque, a suaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o vocalista e guitarrista EdDroste, o multi-instrumentista DanielRossen, o baixista e produtor ChrisTaylor e o baterista ChristopherBear criaram músicaintrinca<strong>da</strong>, emocionalmenteépica, riquíssima <strong>de</strong>harmonias vocais e<strong>de</strong> orquestrações(assina<strong>da</strong>s porNico Muhly);riquíssima naforma comotudo nela<strong>de</strong>nuncia umaarquitecturacui<strong>da</strong><strong>da</strong>, on<strong>de</strong>ca<strong>da</strong> elementocumpre umafunção específica.Cruzam-sereferências, <strong>de</strong> VanDyke Parks aArca<strong>de</strong>Fire, <strong>de</strong> John Martyn aAnimal Collective, mas nenhuma<strong>de</strong>las se impõe às canções, ao espaçoa que os Grizzly Bear ace<strong>de</strong>ram pelaprimeira vez.Em entrevista ao Ípsilon, quando<strong>da</strong> edição <strong>de</strong> “Veckatimest”, EdDroste falou-nos dos concertos <strong>da</strong>ban<strong>da</strong> e <strong>da</strong> sua vitória sobre atimi<strong>de</strong>z: “No primeiro ano, assustavanostocar ao vivo. Não olhávamospara o público e ficávamos sentadoso tempo todo, muito nervosos.Agora, habituámo-nos ao jogopsicológico que envolve o palco esentimo-nos mais confortáveis.Levantamo-nos e cantamos bemalto”. A gloriosa música <strong>de</strong>“Veckatimest” não lhes <strong>de</strong>u outrahipótese.A revelação <strong>de</strong>um segredo bluesMr. David VinerCoimbra. Salão Brazil. Largo do Poço, 3 - 1º an<strong>da</strong>r.Hoje, às 23h. Tel.: 239824217. 6€.Rio Maior. Cine-Teatro <strong>de</strong> Rio Maior. Praça <strong>da</strong>República. Amanhã, 22, às 22h. Tel.: 961789266. 5€.Mr. David Viner, como tantos dosbluesmen que idolatra, é um segredobem guar<strong>da</strong>do. Britânico <strong>de</strong> nascençamas com a América no coração <strong>da</strong>sua música, an<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong>déca<strong>da</strong> a editar discretamentepérolas blues e folk <strong>de</strong> umasofisticação crescente. O músico quepo<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>scobrir esta noite noSalão Brazil, em Coimbra, e amanhãno Cine Teatro <strong>de</strong> Rio Maior (iniciou asua digressão portuguesa ontem,com concerto no Teatro <strong>de</strong> Vila Real),começou com uma guitarra apenas,apadrinhado por John Lee Hooker,que lhe acrescentou o Mr. ao nome, epor nomes <strong>da</strong> cena rock’n’roll <strong>de</strong>Detroit como os Ditrbombs, os VonBondies, os White Stripes ou osSole<strong>da</strong>d Brothers.A sua história começou enquanto“roadie” <strong>de</strong>stes últimos. Foram-lheouvindo as canções, a voz segura e o<strong>de</strong>dilhar arrancado às profun<strong>de</strong>zas<strong>da</strong> história e não só o convenceram agravar um álbum como sepropuseram para servir <strong>de</strong> ban<strong>da</strong>suporte. Daí para cá, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estreiahomónima <strong>de</strong> 2003 e o “This BoyDon’t Care” que se lhe seguiu em2004 (on<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobríamos um BertJansch atirado para os néons <strong>de</strong>Chicago, algures na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1950),a sua música foi alargando fronteiras.O britânico <strong>de</strong> coração americanoavançou para Oeste, cobriu a música<strong>de</strong> violinos e banjos e <strong>de</strong>scobriu quehavia lugar nela para pesa<strong>de</strong>loscountry em planície a per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista(aquelas habita<strong>da</strong>s <strong>pelo</strong>s 16Horsepower e mitifica<strong>da</strong>s por NickCave).Para o público, não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> serfigura <strong>de</strong> culto conhecido <strong>de</strong> poucos.Já os seus pares, <strong>de</strong> vários quadrantesDavid Viner hoje em Coimbra,amanhã em Rio Maiore várias gerações, não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ochamar até si. Foi elogiado por BertJansch e andou em digressão com osSpiritualized, com Dr. John ou ossupracitados White Stripes.“Among the Rumours And TheRye”, o último álbum que editou, em2008, será porta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>privilegia<strong>da</strong> para os concertosportugueses, on<strong>de</strong> seráacompanhado por Alice Lascelle(violoncelo), John Cheeseman(contrabaixo) e Al Mobbs (bateria).M.L.ClássicaOs “TrêsTenores”do BarrocoIan Bostridge e oagrupamento EuropaGalante, dirigido por FabioBiondi, apresentam naGulbenkian um conjunto <strong>de</strong>árias escritas para os maisfamosos tenores do séculoXVIII. Cristina Fernan<strong>de</strong>sIan Bostridge e Orquestra EuropaGalanteDirecção Musical <strong>de</strong> Fabio Biondi.Com Ian Bostridge (tenor).<strong>Lisboa</strong>. Fun<strong>da</strong>ção e Museu Calouste Gulbenkian -Gran<strong>de</strong> Auditório. Aveni<strong>da</strong> <strong>de</strong> Berna, 45A. 2ª, 24, às21h. Tel.: 217823700. 20€ a 40€.Ciclo <strong>de</strong> Música Antiga.Orquestra Europa GalanteDirecção Musical <strong>de</strong> Fabio Biondi.<strong>Lisboa</strong>. Fun<strong>da</strong>ção e Museu Calouste Gulbenkian -Gran<strong>de</strong> Auditório. Aveni<strong>da</strong> <strong>de</strong> Berna, 45A. 3ª, 25, às21h. Tel.: 217823700. 20€ a 40€.Um olhar apressado para o título doprograma que Ian Bostridge vemapresentar na Gulbenkian napróxima segun<strong>da</strong>-feira po<strong>de</strong>ria levaros mais distraídos a pensar que otenor britânico se propunha cantar orepertório <strong>de</strong> Plácido Domingo,Ípsilon • Sexta-feira 21 Maio 2010 • 41

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