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a visão de psicólogos sobre medicação no tratamento.

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12Tal manutenção é, <strong>de</strong> fato, obtida, uma vez que os sintomas permanecemquando não são investigados subjetivamente e tratados singularmente.Um estudo realizado por Rozemberg (1994) <strong>sobre</strong> o “problema dos nervos”entre lavradores constatou que essa população, em substituição ao relato <strong>de</strong> suaspróprias experiências, utilizava-se <strong>de</strong> referenciais medicamentosos para a explicação <strong>de</strong>seus problemas e <strong>de</strong> sintomas físicos para <strong>de</strong>screverem o estado <strong>de</strong> seus sofrimentos.Tal constatação <strong>de</strong>monstra o predomínio do discurso médico e <strong>de</strong> suas práticas– voltadas exclusivamente à cura biológica <strong>de</strong> seus males – em substituição à próprianarrativa do sujeito. O discurso médico mostra-se introjetado na população que procurapor causas biológicas e curas imediatas para seus sofrimentos – negligencia-se aspectosinter<strong>no</strong>s e fatores sociais. Com a redução do sofrimento a um conjunto <strong>de</strong> sintomaspassíveis <strong>de</strong> serem medicados, o sujeito per<strong>de</strong> sua subjetivida<strong>de</strong>. Na ausência da buscapor uma significação subjetiva ao sofrimento e a compreensão <strong>de</strong> seu contexto social,haverá a perpetuação do fenôme<strong>no</strong> como um problema individual.Para Rozemberg (1994) a medicação não se mostrará eficaz para a solução doconflito apresentado, uma vez que não se investigou fatores sociais e subjetivos. Osujeito permanecerá “doente crônico” e seu conflito po<strong>de</strong>rá ser entendido como “doençaincurável”. Dessa maneira, os sintomas que ainda se apresentam ao sujeito serãocontrolados através <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas receitas médicas – algumas das quais ainda a serem<strong>de</strong>senvolvidas.Em seu estudo, Rozemberg (1994) conclui que existia um importante fatormascarado pela medicação: as condições sociais do agricultor silenciadas pelo uso <strong>de</strong>calmantes. Nesse sentido, a medicação era utilizada apenas como meio <strong>de</strong> colocar oagricultor em um estado <strong>de</strong> “<strong>no</strong>rmalida<strong>de</strong>” a fim <strong>de</strong> suportar os fatores sociais aos quaisse submetia. Através <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas receitas e sem a escuta <strong>de</strong> suas próprias inquietações, os

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