o que contrasta fortemente com a inflação medida pelo IHPC observada, que diminuiu ao longo <strong>do</strong> mesmoperío<strong>do</strong>. Por conseguinte, a evolução da percepção da inflação requer uma análise rigorosa na conjunturaactual, da<strong>do</strong> que os seus níveis eleva<strong>do</strong>s podem ter consequências para outras variáveis macroeconómicas,como o consumo e a evolução salarial.Esta caixa serve como uma actualização da caixa intitulada “Evolução recente na percepção da inflação porparte <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res” da edição de Julho de <strong>2002</strong> <strong>do</strong> <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong>. Mais precisamente, revê a evoluçãoda percepção da inflação por parte <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, concentran<strong>do</strong>-se em particular no perío<strong>do</strong> mais recente.As percepções são também comparadas com as expectativas <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res no que respeita à inflaçãofutura, como patente no inquérito da Comissão Europeia. Por último, a caixa sintetiza por que razão a taxa devariação homóloga <strong>do</strong> IHPC é considerada uma medida adequada da inflação global a nível agrega<strong>do</strong> da área<strong>do</strong> euro. Neste contexto, realçam-se as razões plausíveis para os desenvolvimentos divergentes na percepçãoda inflação e na inflação observada.Maior percepção da inflação em <strong>2002</strong>, apesar da menor inflação medida pelo IHPCNo passa<strong>do</strong>, a evolução <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r da Comissão Europeia sobre a percepção da inflação acompanhou deforma bastante satisfatória a inflação observada medida pelo IHPC. Por vezes, embora muito raramente e empequena escala, as duas medidas divergiram ou seguiram trajectórias diferentes. Contu<strong>do</strong>, há um ano e meioa percepção da inflação e a inflação observada começaram a divergir e, desde Janeiro de 200, têm segui<strong>do</strong>trajectórias diferentes (ver Gráfico A). Em Agosto de <strong>2002</strong>, de acor<strong>do</strong> com o Inquérito da Comissão Europeiaaos Consumi<strong>do</strong>res, o indica<strong>do</strong>r da percepção da inflação subiu pelo oitavo mês consecutivo, atingin<strong>do</strong> umaleitura máxima histórica pelo sétimo mês consecutivo. Embora tenha regista<strong>do</strong> uma descida marginal de umponto em Setembro de <strong>2002</strong>, continuou a registar a sua segunda leitura mais elevada desde o início da sérieem Janeiro de 1985. Em contraste, durante o mesmo perío<strong>do</strong>, a inflação observada diminuiu.Convém analisar com pormenor esta divergência entre percepções e inflação observada, da<strong>do</strong> que poderá terimpacto sobre outras variáveis macroeconómicas. Se as taxas de inflação percepcionadas são mais elevadas<strong>do</strong> que as observadas, uma consequência é que a evolução <strong>do</strong>s salários reais e, por conseguinte, <strong>do</strong> poder decompra, estão a ser subestima<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res, o que poderá ter consequências negativas para oconsumo, por exemplo. Não se pode excluir que a evolução moderada recente <strong>do</strong> consumo priva<strong>do</strong> é, pelomenos em parte, explicada pelo eleva<strong>do</strong> nível da percepção de inflação. Além disso, se os consumi<strong>do</strong>ressentirem, incorrectamente, que perderam poder de compra, existe o risco de se desencadearem reivindicaçõessalariais maiores <strong>do</strong> que o desejável. A prazo, quan<strong>do</strong> os consumi<strong>do</strong>res percebem a dada altura que têm maiorpoder de compra <strong>do</strong> que anteriormente pensavam, ficará facilitada uma convergência da percepção da inflaçãono senti<strong>do</strong> da inflação observada.Gráfico A: Percepção da inflação e inflação observada(sal<strong>do</strong>s de respostas extremas; taxas de variação homólogas (%); da<strong>do</strong>s mensais)706050403020100-10sal<strong>do</strong> de respostas extremas (escala da esquerda)inflação global medida pelo IHPC (escala da direita)01991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 <strong>2002</strong>654321Fontes: Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas e Consumi<strong>do</strong>res e Eurostat.Nota: O indica<strong>do</strong>r da Comissão Europeia de percepção da inflação assume a forma de estatística de sal<strong>do</strong>s, não poden<strong>do</strong> ser directamenterelaciona<strong>do</strong> com a magnitude da taxa de inflação observada – apresenta apenas informações qualitativas da alteração direccional daspercepções.<strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>21
As próprias percepções também são de interesse, uma vez que podem ter impacto na formação de expectativasde inflação. Além disso, associar as percepções <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res com as respectivas expectativas de inflaçãopermite avaliar de que forma os consumi<strong>do</strong>res interpretam os choques sobre os preços. Por exemplo, se aspercepções aumentam e as expectativas diminuem, tal indica que o choque é visto como transitório, oaconteceu precisamente desde o início deste ano. Enquanto as percepções aumentaram, as expectativasdiminuíram (ver Gráfico B), o que sugere fortemente que os consumi<strong>do</strong>res acreditam que os aumentos <strong>do</strong>spreços que, na sua opinião, ocorreram este ano, são de natureza temporária e voltarão aos níveis anteriores.De certo mo<strong>do</strong>, estes desenvolvimentos corroboram a ideia de que as percepções deverão convergir para ainflação observada num futuro não muito distante.Gráfico B: Percepção da inflação e inflação esperada(sal<strong>do</strong>s de respostas extremas; da<strong>do</strong>s mensais)6050403020100-10percepção da inflaçãoinflação esperada-101991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 <strong>2002</strong>Fonte: Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas e Consumi<strong>do</strong>res.Nota: O indica<strong>do</strong>r das expectativas de inflação <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res (nos próximos 12 meses) também é obti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> inquérito daComissão Europeia. É construí<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que o indica<strong>do</strong>r das percepções, ou seja, como sal<strong>do</strong> de respostas extremas.6050403020100O IHPC é considera<strong>do</strong> uma medida adequada da inflação da área <strong>do</strong> euroO desvio actual entre a percepção <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res relativamente à evolução passada da inflação e a evoluçãorealmente observada pode estar, em larga medida, associa<strong>do</strong> à introdução <strong>do</strong>s preços denomina<strong>do</strong>s em eurose a aumentos <strong>do</strong>s preços de alguns bens e serviços específicos. Contu<strong>do</strong>, é importante notar que o IHPC éconstruí<strong>do</strong> de forma a reflectir padrões globais de despesas de consumo e, por conseguinte, medir a inflaçãode forma precisa. Em particular, o IHPC abrange todas as despesas de consumo monetário final <strong>do</strong>sparticulares, incluin<strong>do</strong> as despesas em bens (não dura<strong>do</strong>uros e dura<strong>do</strong>uros) e serviços, ao longo de um anorecente. Os pesos das rubricas no IHPC são actualiza<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os anos em Janeiro, por forma a manter arepresentatividade <strong>do</strong> índice em termos das despesas de consumo. Assim, itens adquiri<strong>do</strong>s com frequência nãose encontram sub-representa<strong>do</strong>s.A explicação mais plausível para os eleva<strong>do</strong>s níveis de percepção da inflação em meses passa<strong>do</strong>s é que osconsumi<strong>do</strong>res atribuem uma grande importância à evolução <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens e serviços que adquirem maisfrequentemente. Se a evolução <strong>do</strong>s preços destes itens adquiri<strong>do</strong>s com maior frequência diferir de formasignificativa da evolução <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s produtos compra<strong>do</strong>s com menor frequência, os consumi<strong>do</strong>res podemconceber um quadro não representativo <strong>do</strong> cabaz de consumo global – a partir <strong>do</strong> qual se obtêm os pesos <strong>do</strong>IHPC – e, por conseguinte, também <strong>do</strong>s movimentos <strong>do</strong>s preços a nível agrega<strong>do</strong>. Esta explicação éconsubstanciada quan<strong>do</strong> se analisa a evolução recente observada <strong>do</strong>s preços. Por exemplo, os preços dagasolina, <strong>do</strong>s produtos alimentares frescos e <strong>do</strong>s serviços de restaurante foram afecta<strong>do</strong>s por vários choques adada altura ao longo <strong>do</strong>s últimos anos. Estes itens são bons exemplos de bens e serviços adquiri<strong>do</strong>s com maiorfrequência e, por conseguinte, a evolução <strong>do</strong>s seus preços pode ser vista como particularmente importantepelos consumi<strong>do</strong>res quan<strong>do</strong> estes avaliam a evolução da inflação.Contu<strong>do</strong>, recentemente os preços de alguns <strong>do</strong>s itens referi<strong>do</strong>s começaram a cair. A taxa de crescimentomensal em cadeia <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s serviços de restaurante, por exemplo, era de 0.2% em Agosto de <strong>2002</strong>, o que22 <strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>
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