eduzida (canal de substituição). Osajustamentos <strong>do</strong>s preços nos merca<strong>do</strong>s deactivos internos – de obrigações, títulos departicipação e imóveis – afectam o valor dariqueza <strong>do</strong>s particulares e, portanto, a despesa(canal da riqueza). As alterações das taxas dejuro podem também ter um impacto directosobre o rendimento disponível, afectan<strong>do</strong> asreceitas das detenções ou empréstimos etítulos de curto prazo e de cupão variável (canalde rendimento). Finalmente, as alterações dastaxas de juro também alteram o custo deaquisição de capital novo e, desse mo<strong>do</strong>,afectam a procura de bens de investimento fixoe de existências (canal de custo <strong>do</strong> capital).Ao modificar o rendimento relativo <strong>do</strong>s activosdenomina<strong>do</strong>s em moeda nacional e estrangeiraou ao influenciar as expectativas relativas àevolução económica futura no seio da área <strong>do</strong>euro, um aumento das taxas de juro internaspoderá também afectar a taxa de câmbio. Umaapreciação, por exemplo, tende a exercer umapressão descendente sobre o nível <strong>do</strong>s preçosinternos através de bens importa<strong>do</strong>s maisbaratos utiliza<strong>do</strong>s na produção e no consumointernos. Uma vez que os bens internos ficammais caros em relação aos bens estrangeiros, aprocura interna e externa desses bens tambémdeverá diminuir, ten<strong>do</strong> um efeito negativo sobreo PIB (canal da taxa de câmbio). Convémsublinhar, no entanto, que a maior parte daliteratura económica defende que os efeitos dasalterações das taxa de juro sobre as taxas decâmbio são particularmente difíceis de preverna prática.Os preços <strong>do</strong>s bens deverão reagir de formarelativamente rápida a qualquer alteração dataxa de câmbio efectiva nominal. Pelo contrário,a transmissão da política monetária através <strong>do</strong>scanais internos de substituição, rendimento,riqueza e custo <strong>do</strong> capital deverá ser lenta acurto prazo, mas mais poderosa e fiável a médioprazo, em particular numa economiarelativamente fechada como a área <strong>do</strong> euro. Aimportância da procura interna no mecanismode transmissão é ilustrada no Quadro 2, o qualmostra a percentagem da contribuição dasalterações <strong>do</strong> consumo, <strong>do</strong> investimento fixo ede outras componentes da procura agregadapara a variação <strong>do</strong> PIB, na sequência de umarestrição da política monetária. Estescontributos são calcula<strong>do</strong>s ponderan<strong>do</strong> areacção de cada componente de acor<strong>do</strong> com asua percentagem no PIB. O consumo e oinvestimento, em conjunto, cobrem a quasetotalidade <strong>do</strong> efeito sobre a procura interna eproduto (o restante é representa<strong>do</strong> peloconsumo público, as variações de existências eas exportações líquidas). Em particular, osresulta<strong>do</strong>s demonstram que o investimento éuma das principais forças motrizes, com umcontributo superior a 80 por cento para areacção total <strong>do</strong> PIB passa<strong>do</strong>s três anos. Alémdisso, a importância <strong>do</strong> investimento aumentagradualmente ao longo <strong>do</strong> tempo, sugerin<strong>do</strong> aexistência de efeitos de acelera<strong>do</strong>r que seacumulam progressivamente. O papelimportante <strong>do</strong> investimento no processo detransmissão é confirma<strong>do</strong> por análises a nível<strong>do</strong>s países e pela evidência microeconométricarelativa ao canal de custo <strong>do</strong> capital discutida naQuadro 2Contributos das componentes da procura agregada para o efeito sobre o PIB de um aumentodas taxas de juro controladas pela política da área <strong>do</strong> euroBCNFonte: Cálculos <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> com base em Van Els et al., Documento de Trabalho <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> N.º 94.Nota: O quadro mostra os contributos das componentes da procura agregada para o efeito de um aumento de 100 pontos base das taxas dejuro da área <strong>do</strong> euro controladas pela política em <strong>do</strong>is anos. Os da<strong>do</strong>s são expressos em percentagem <strong>do</strong> efeito total sobre o PIB real. Assimulações são realizadas utilizan<strong>do</strong> os modelos macroeconométricos <strong>do</strong>s BCN (BCN) e o modelo a nível da área <strong>do</strong> euro <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> (AWM).AWMAno 1 Ano 2 Ano 3 Ano 1 Ano 2 Ano 3Consumo 33 37 37 48 50 46Investimento 32 57 83 50 70 88Outros 34 6 -20 2 -20 -34Total 100 100 100 100 100 100<strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>47
próxima secção. O efeito <strong>do</strong> consumo empercentagem da reacção total <strong>do</strong> PIBpermanece bastante estável ao longo <strong>do</strong> tempo,preven<strong>do</strong>-se que se situe entre um terço e ummeio da reacção total <strong>do</strong> PIB.Evidência microeconométrica e o canalde créditoOs particulares e as empresas podem sercondiciona<strong>do</strong>s no respectivo comportamentode despesa, se as despesas desejadas excederemos fun<strong>do</strong>s então disponíveis ou o montante decrédito que podem obter. Este mecanismo, quesurge em merca<strong>do</strong>s financeiros imperfeitos e dáorigem ao frequentemente referi<strong>do</strong> como canalde crédito, funciona de várias maneiras. Aprimeira é através da oferta de empréstimosbancários, da<strong>do</strong> que as empresas e osparticulares dependem frequentemente <strong>do</strong>sbancos como fornece<strong>do</strong>res principais definanciamento externo (canal de créditobancário). Uma outra consiste nadisponibilidade e valor das garantias necessáriaspara as operações activas (canal <strong>do</strong> balanço) ouna disponibilidade de fun<strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s (canal <strong>do</strong>sfluxos financeiros). O canal de crédito depende<strong>do</strong> nível das taxas de juro e de outros preços<strong>do</strong>s activos e desempenha normalmente umpapel suplementar ao <strong>do</strong> canal da taxa de juro,mais tradicional, tipicamente fortalecen<strong>do</strong> osefeitos gera<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s efeitos substituição,custo <strong>do</strong> capital e riqueza. No geral, aimportância <strong>do</strong> canal de crédito depende daestrutura financeira e da estabilidade financeirada economia em causa (efeitos “acelera<strong>do</strong>rfinanceiro”). O eleva<strong>do</strong> grau de dependênciabancária e a amplitude limitada <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>bolsista e de outros merca<strong>do</strong>s financeiros naárea <strong>do</strong> euro conduzem à existência depossíveis efeitos canal de crédito.Consequentemente, torna-se necessárioatentar na importância de tais canais, emparticular o papel <strong>do</strong>s bancos, no mecanismode transmissão.A evidência empírica relativa aocomportamento das empresas individuaisrecolhida pelos grupos <strong>do</strong> Eurosistemademonstra que os efeitos das alterações <strong>do</strong>custo <strong>do</strong> capital sobre as decisões deinvestimento das empresas são significativos(ver a caixa). As alterações <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> capitalparecem, portanto, representar um elementosignificativo <strong>do</strong> processo de transmissãomonetária. No entanto, na maioria <strong>do</strong>s países daárea <strong>do</strong> euro as considerações <strong>do</strong>s fluxosfinanceiros também desempenham um papelimportante nas decisões de investimento,apontan<strong>do</strong> para a possibilidade de as empresasestarem, em certa medida, sujeitas a restriçõesde liquidez. Nestas circunstâncias, as empresaspodem não ser capazes de financiar totalmenteto<strong>do</strong>s os projectos de valor actual líqui<strong>do</strong>positivo, devi<strong>do</strong> à indisponibilidade definanciamento interno ou externo.A evidência empírica relativa aocomportamento <strong>do</strong>s bancos demonstra que osempréstimos bancários descem significativamentena sequência de uma restrição dapolítica monetária (ver a caixa). A evidência dasséries temporais macroeconómicas confirmamclaramente este efeito.Além disso, os resulta<strong>do</strong>spara a área <strong>do</strong> euro demonstram que os bancosque detêm relativamente menos activos líqui<strong>do</strong>sgeralmente ajustam mais os seus empréstimosàs alterações das taxas de juro de curto prazo<strong>do</strong> que os bancos que detêm mais activoslíqui<strong>do</strong>s. Tal sugere que a reacção <strong>do</strong>sempréstimos às alterações da políticamonetária depende das características <strong>do</strong>sbancos, ou seja, os fornece<strong>do</strong>res deempréstimos, por oposição às unidadeseconómicas que os procuram (particulares eempresas não financeiras). Esta evidênciaindirecta apoia a existência de efeitos da ofertade empréstimos para pelo menos algumascategorias de bancos. No entanto, os efeitosquantitativos directos das diferenças de liquideznão parecem ser consideráveis. Além disso, aocontrário <strong>do</strong> que tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> nosEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, os bancos pequenos ou menoscapitaliza<strong>do</strong>s não parecem reagir de formadiferente <strong>do</strong>s outros bancos na maioria <strong>do</strong>spaíses. As razões possíveis para tal prendem-secom a existência da relação bancária, dedetenções estrangeiras, da filiação em redesbancárias, <strong>do</strong>s sistemas de garantia de depósitosexplícitos ou implícitos ou outras formas degarantias.48 <strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>
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