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Praça de Parada<br />

Leitão, antes e<br />

agora.<br />

Matemática, na Universidade de Coimbra, atraem-no, apenas para<br />

serem interrompidos pela sua adesão ao movimento liberal contra o<br />

absolutismo miguelista. Integra-se no batalhão académico, ruma ao<br />

Porto. Derrotado o governo revolucionário da Junta do Porto, Parada<br />

Leitão segue em 1828 o caminho do exílio, e embarca na Galiza<br />

para Plymouth, depois passa para Ostende, na Bélgica. Aventureiro<br />

e idealista, caminha (literalmente) de Ostende a Paris, onde se avista<br />

com Saldanha e, recomendado, segue para Bayonne, alistandose<br />

no batalhão de emigrados das forças do general Espoz y Mina,<br />

que pretende libertar a Península Ibérica do absolutismo (e talvez<br />

uni-la num só país). Frustrado esse movimento, junta-se às forças<br />

de D. Pedro de Bragança na campanha liberal de recuperação do<br />

país e participa na defesa do Porto, em 32 para 33. A (relativa)<br />

pacificação do país permite-lhe retomar os seus estudos: conclui o<br />

curso de Matemática em 1837, em Coimbra. Aos 28 anos, tornase<br />

lente da cadeira de Física e Mecânica Industriais da Academia<br />

Politécnica do Porto. Mas a agitação política dele tomará conta novamente,<br />

e serve como ajudante-general de Sá da Bandeira por<br />

ocasião da Patuleia, em 1846. O resultado do conflito, em desfavor<br />

da Junta Governativa do Porto, leva-o a abandonar definitivamente a<br />

carreira militar.<br />

O nome de Parada Leitão está tão ligado à Academia Politécnica<br />

quanto à Escola Industrial do Porto, de que é o primeiro diretor, em<br />

1853. O crescimento industrial, associado à (lenta) penetração das<br />

novidades mecânicas, exigia um ensino de caráter prático, formando<br />

engenheiros, oficiais de marinha, pilotos, agricultores, diretores de fábricas<br />

e artistas. Era essa a vocação da Academia Politécnica do Porto,<br />

criada em 1837, em sintonia com as necessidades da burguesia da<br />

cidade. Mas era um ensino superior, reservado a poucos, pelo que se<br />

estabelece a Escola Industrial para a formação de operários especializados.<br />

No centro da articulação entre as duas escolas, que por mais de<br />

meio século iriam partilhar as mesmas instalações, equipamento e, até,<br />

alguns professores, está a figura de José Parada Leitão.<br />

As condições do ensino nas duas instituições não seriam as ideais,<br />

uma vez que, para além delas, ainda ocupavam o mesmo edifício o<br />

Liceu Nacional, a Academia Portuense de Belas-Artes, o Real Colégio<br />

de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos (fundado em 1650)<br />

e lojas e sobrelojas cujo rendimento revertia para os órfãos.<br />

Na realidade, o investimento em obras públicas do período da Regeneração<br />

parecia ter esquecido o edifício da Politécnica, que continuava<br />

por concluir, como ainda se verifica perto do final do século, em 1892:<br />

“É acanhadíssimo para nele se poderem instalar convenientemente os<br />

seus gabinetes, laboratórios, coleções e salas de estudo.Uma grande<br />

parte das dependências ao rés do chão, que podiam ser aproveitadas,<br />

estão ocupadas [por] uma loja de fazendas, uma mercearia, uma<br />

relojoaria, um restaurante de caldos de galinha, um café, uma loja de<br />

barbear, três tamancarias e uma loja de linheiro!<br />

Dentro dos muros dos edifícios acham-se um casarão meio arruinado,<br />

nas piores condições higiénicas, servindo de colégio aos (...) meninos<br />

órfãos, e uma igreja prestes a cair”.<br />

cultura Texto Paulo Gusmão Guedes e Susana Barros Fotos Egídio Santos 46<br />

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