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(Rosemary Beach

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pensar que eu não estava ali. Que ela estava sofrendo e eu não fazia ideia.<br />

– Obrigado – respondi.<br />

– Não me agradeça. Você ainda não passou por nada. Talvez esteja me odiando quando acabar.<br />

Ele não fazia ideia do que estava dizendo. Eu a havia abraçado quando ela estava<br />

completamente fora de si e paralisada na festa. Eu vi a expressão vazia nos seus olhos, mas não quis<br />

fugir. Eu quis protegê-la. Isso só aumentava aquele sentimento que ela provocava em mim.<br />

Deitei no sofá e fiquei olhando fixamente para o teto. Não ia conseguir cair no sono sabendo<br />

que a qualquer instante ela estaria sofrendo. Estava com o peito tão apertado com essa ideia que<br />

precisava respirar fundo de vez em quando para diminuir a pressão.<br />

O que acontecera com ela para provocar isso? Minha mente ficava voltando ao dia em que eu a<br />

conheci. Ela estava tão sexy e adorável tentando descobrir como abastecer o carro. Eu achei que ela<br />

seria apenas uma distração divertida e despreocupada. Não estava preparado para o gosto dela. E o<br />

cheiro. Meu Deus, como o cheiro dela era bom. Eu fiquei um pouco maluco naquela noite. Toda<br />

vez que eu proporcionava um orgasmo a Della, tinha vontade de repetir. Não parava de pensar que<br />

seria só aquilo, aquela noite e nunca mais. E então queria mais. Eu nunca transei tanto em uma<br />

única noite na vida. Mas não foi suficiente. Então, ela finalmente caiu no sono, exausta, e eu me<br />

forcei a partir.<br />

Fechei os olhos e fui percorrido por uma dor. Ela acordou gritando naquela noite também? E<br />

sozinha? Será que eu a havia comido e a deixado para lidar com a própria dor? Eu não podia ficar<br />

deitado ali. Sentei e enterrei a cabeça nas mãos. Desde o começo, cometera erros. Eu supus coisas<br />

erradas. Ela nunca me pareceu frágil até a noite no clube noturno em que tivera o ataque de pânico<br />

e se desligara completamente. Aquele havia sido o primeiro vislumbre de tudo que ela escondia tão<br />

bem.<br />

Eu não podia mais ficar ali. Precisava vê-la dormindo. Precisava estar ao seu lado quando<br />

gritasse. Fui até a porta do quarto e a abri. Esperei até os meus olhos se acostumarem à escuridão<br />

antes de entrar e fechar a porta atrás de mim.<br />

Ela estava encolhida na cama, como uma bolinha. Como se estivesse protegendo a si mesma.<br />

Meu agasalho a engolia, mas ela o abraçava com força, exatamente como Tripp dissera. Vê-la<br />

usando o meu casaco daquela forma fez o homem das cavernas dentro de mim bater no peito. Ela<br />

era minha e sabia disso. Tive vontade de deitar na cama e abraçá-la. Se ela queria tanto me sentir a<br />

ponto de enfiar o nariz na minha roupa, eu podia ajudá-la. Ela poderia sentir o meu cheiro.<br />

Eu estava ali por um motivo. Não podia me sentar. Estava inquieto. Fiquei parado no canto do<br />

quarto com os braços cruzados, observando-a dormir. Ela estava tão em paz. Era difícil acreditar<br />

que tivesse dificuldade para dormir.<br />

Soltou um pequeno gemido e a minha cabeça virou, atenta. Examinei o rosto dela e esperei. Ela<br />

começou a retorcer meu agasalho. Então, fez um barulho estranho com a garganta. Atravessei o<br />

quarto e, assim que me sentei na cama ao seu lado, ela deu um berro apavorante e começou a se<br />

debater. Estendi a mão e ela me empurrou. Estava com os olhos bem fechados, mas gritou e lutou<br />

comigo com uma força surpreendente. Cada som que emitia acabava comigo. Eu detestava saber que<br />

ela estava perdida em algum terror desconhecido e que eu não podia salvá-la. Puxei-a com força

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