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Fiquei tentado a beijar aqueles lábios deliciosos. Ah, tentado demais.<br />
– Quando você faz aniversário? – perguntei, em vez de responder à observação dela.<br />
Della suspirou e afastou o olhar.<br />
– Seis de abril. E o seu?<br />
– Dez de dezembro. Qual a sua cor preferida?<br />
Ela deu uma risadinha.<br />
– Azul. Azul-claro. E a sua?<br />
– Um mês atrás, eu teria respondido vermelho. Mas mudei de ideia. Eu gosto de azul agora<br />
também.<br />
– Por quê? – Ela levantou uma sobrancelha e olhou para mim.<br />
Eu não ia dizer que era porque os olhos dela eram azuis. Ela me fez ficar todo tenso de novo.<br />
– Um cara pode mudar de ideia. Eu tenho direito de gostar de azul agora. – Não dei tempo para<br />
ela pensar naquilo. – Quem foi a sua professora no primeiro ano da escola? – Perguntei<br />
rapidamente para distraí-la.<br />
Della parrou de dançar e se afastou de mim. Seus olhos pareceram quase vidrados. Eu disse<br />
alguma coisa errada? Ela descobrira por que eu disse que azul era a minha cor preferida?<br />
– Preciso beber alguma coisa – disse ela, dando um sorriso trêmulo e nervoso e se afastando<br />
rapidamente de mim.<br />
Como eu podia tê-la perturbado ao perguntar sobre a professora do primeiro ano? Os olhos<br />
dela contavam uma história que eu talvez jamais viesse a conhecer.
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