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(Rosemary Beach

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apartamento para que você ficasse por perto até eu ter coragem de voltar e enfrentar este lugar. –<br />

Fez uma pausa e passou a mão pelos cabelos. – Eu planejava passar um tempo com você para<br />

conhecê-la melhor, mas não estava preparado para isso. Woods? – Ele balançou a cabeça. – Você<br />

precisava se envolver com o Woods? Justo com ele? Alguém tão maluco quanto eu já fui um dia? O<br />

problema é que ele não vai fugir. Ele quer essa vida de merda que os nossos pais nos impuseram. Ele<br />

vai se tornar uma porra de uma marionete. Você consegue coisa melhor do que isso, Della.<br />

Engoli em seco o nó que sentia na garganta. Não sabia ao certo o que Tripp estava pensando em<br />

dizer, mas não queria mais ouvir. Woods não era alguém que eu precisasse passar o resto da vida<br />

desejando. Mas esquecê-lo e seguir em frente era algo mais fácil de falar do que de fazer.<br />

– Esta noite eu só preciso dormir. Não estou a fim do Woods, se é isso que está pensando. Nós<br />

transamos. Foi tudo o que houve entre nós.<br />

Tripp se levantou.<br />

– Sinto muito por esta noite.<br />

Eu também sentia. Sentia muito por muitas coisas.<br />

– Está tudo bem. Só estou cansada.<br />

Tripp entendeu o recado e saiu do quarto. Afundei na cama e cobri o rosto com as mãos. Eu<br />

estava mais perdida agora do que três semanas antes.<br />

– Você estava lá fora, Della? Como pôde? O que eu preciso fazer para enfiar na sua cabeça que você<br />

não pode ir lá fora?<br />

O guincho estridente da voz da minha mãe não era nada perto da dor intensa do cinto de couro com<br />

que ela batia nas minhas pernas. Eu sabia que não devia chorar de dor. Ela só ficaria mais furiosa.<br />

Minhas fugas de casa sempre a tiravam de si.<br />

Apertei os joelhos um contra o outro enquanto a pele macia atrás deles se abria com os golpes<br />

contínuos do couro.<br />

– Doenças. Existem... doenças lá fora que você pode trazer para dentro desta casa. Você não está<br />

sendo apenas irresponsável, está sendo egoísta! – ela berrava e eu agradecia que os seus berros abafavam<br />

o som dos meus gritos.<br />

Eu não estava mais conseguindo segurar. A dor era muito forte. Às vezes, pensava por que voltava<br />

depois de fugir. Por que não ia embora? Por que não continuava fugindo até estar livre daquilo. Livre<br />

dela.<br />

Mas eu não podia fugir. Ela precisava de mim. Eu nunca seria livre. Não podia deixá-la. Ela era a<br />

minha mãe. Era tudo o que eu tinha.<br />

– Você pensa em mim? NÃO! Pensa no seu irmão? NÃO! Ele fica chateado quando você sai de casa.<br />

Como pôde? – ela berrou, abrindo mais uma ferida na parte de trás das minhas pernas.<br />

Eu desejava ser a criança morta quando as surras eram fortes assim. A dor era lancinante demais.<br />

A cena mudou. Agora a minha mãe não estava mais em cima de mim com o seu rosto ensandecido e<br />

apavorante enquanto me batia. Em vez disso, seus olhos estavam sem vida e ela estava deitada em uma<br />

poça de sangue. Comecei a gritar.

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