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ÍNDIOS MAXAKALI: ESTRATÉGIAS E TÁTICAS DE RESISTÊNCIA CAMUFLADAS<br />
Agnes Cristine Men<strong>de</strong>s<br />
Estudante do Bacharelado Interdisciplinar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Sul da Bahia, Teixeira <strong>de</strong> Freitas<br />
E-mail: agnescristine@live.com<br />
Carolina Ferreira Ferraz<br />
Estudante do Bacharelado Interdisciplinar <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>s<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Sul da Bahia, Teixeira <strong>de</strong> Freitas<br />
E-mail: carolinaferferraz@gmail.com<br />
Eduardo Antônio Bonzatto<br />
Professor do IHAC<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Sul da Bahia, Teixeira <strong>de</strong> Freitas<br />
E-mail: eabonzatto@gmail.com<br />
Este trabalho tem por objetivo compreen<strong>de</strong>r o conflito cultural, principalmente no que tange à questão<br />
da bebida alcoólica, entre o povo indígena semi-nôma<strong>de</strong> Maxakali do Vale do Mucuri, do estado <strong>de</strong><br />
Minas Gerais e a cultura do homem não-indígena. O problema <strong>de</strong> pesquisa centra-se no<br />
questionamento sobre os modos <strong>de</strong> enfrentamento e resistência <strong>de</strong>sse povo, que foi e continua sendo<br />
silenciado pelos “erros” <strong>de</strong> análise historiográficas. O objeto <strong>de</strong> pesquisa consiste na análise dos dados<br />
apurados por Rachel <strong>de</strong> Las Casas na tese Saú<strong>de</strong> Maxakali, recursos <strong>de</strong> cura e gênero: análise <strong>de</strong> uma<br />
situação social, <strong>de</strong>fendida no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro em 2007. Para tanto, utilizamos como fontes teóricas o trabalho <strong>de</strong> análise social <strong>de</strong>sse grupo<br />
produzido por Rachel <strong>de</strong> Las Casas e as reflexões sobre povos “primitivos” <strong>de</strong> Pierre Clastres. Como<br />
operadores <strong>de</strong> análise, utilizamos os conceitos <strong>de</strong> rizoma, Estado e máquina <strong>de</strong> guerra, <strong>de</strong> Gilles<br />
Deleuze, e as proposições <strong>de</strong> Michel <strong>de</strong> Certeau sobre as lógicas dos fazeres cotidianos. Adotamos<br />
como indícios para a pesquisa, na etapa exploratória, material jornalístico publicado por sites<br />
noticiosos regionais sobre conflitos entre o povo Maxacali e outros grupos moradores dos municípios<br />
do extremo sul baiano em espaço urbano e dados sobre a coletivida<strong>de</strong> Maxakali e a situação social <strong>de</strong><br />
Rachel <strong>de</strong> Las Casas. Esse corpus teórico tem como princípio recusar o papel <strong>de</strong> vítimas sociais que o<br />
uso <strong>de</strong> bebidas alcoólicas normalmente registra e impõe a esse grupo: O conceito <strong>de</strong> máquina <strong>de</strong><br />
guerra primitiva admite reconhecer estratégias e táticas camufladas por imprecisão do preconceito que<br />
os não indígenas carregam e que preten<strong>de</strong>mos subverter, aceitando que esse grupo atua como sujeitos<br />
<strong>de</strong> sentidos, munidos <strong>de</strong> recursos para confrontar as crescentes limitações territoriais <strong>de</strong> seu<br />
nomadismo.<br />
Palavras-chave: Semi-nomadismo, Máquina <strong>de</strong> guerra, Etnografia.