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HANNAH ARENDT E A TRANSGRESSÃO METODOLÓGICA<br />
COMO PONTO DE PARTIDA PARA O PENSAMENTO<br />
Joelson Pereira <strong>de</strong> Sousa<br />
Docente da Universida<strong>de</strong> do Estado da Bahia – DEDC - Campus X<br />
Mestre em Filosofia - Universida<strong>de</strong> São Judas Ta<strong>de</strong>u - USJT<br />
E-mail: joelson.filo@hotmail.com<br />
O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é problematizar uma possível estratégia metodológica<br />
encontrada na obra <strong>de</strong> Hannah Arendt, responsável por trazer ao conjunto <strong>de</strong> seus textos uma<br />
reconhecida originalida<strong>de</strong> na abordagem <strong>de</strong> temas consi<strong>de</strong>rados clássicos na história da<br />
filosofia, como política, história, pensamento e ação. Neste sentido, essa apresentação não se<br />
trata <strong>de</strong> uma abordagem conceitual dos conteúdos tratados pela autora, mas sim <strong>de</strong> uma<br />
tentativa <strong>de</strong> alcançar alguns elementos do percurso intelectual que pairam sobre a escrita<br />
arendtiana, tais como: a experiência do choque, a paixão por compreen<strong>de</strong>r e o pensar sem<br />
corrimão. Como se vê, importa <strong>de</strong>stacar aqui aspectos muitas vezes externos ao texto, mas<br />
que, sem dúvida, representam disposições internas <strong>de</strong> caráter espontâneo que marcam a<br />
personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta pensadora. Assim, interessa observar bem menos o que o texto arendtiano<br />
diz e muito mais aquilo que po<strong>de</strong> ser dito sobre ele, especialmente quando estes elementos do<br />
seu percurso intelectual servem como motivação para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> reflexões, sem<br />
que necessariamente sejam reconhecidos e citados em algum momento pela própria autora.<br />
Por conseguinte, além <strong>de</strong> concentrar esse trabalho na leitura da obra <strong>de</strong> Hannah Arendt, vale<br />
<strong>de</strong>stacar os estudos <strong>de</strong> Celso Lafer e Eduardo Jardim, que apontaram em seus trabalhos alguns<br />
elementos característicos do percurso intelectual <strong>de</strong> Hannah Arendt, <strong>de</strong> forma não só<br />
inequívoca mais, sobretudo, distintiva do modo como ela concebe seu próprio pensamento.<br />
Diante disso, espera-se, além <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e discutir a presença <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> pensar que<br />
reverbera em toda a obra arendtiana, contribuir para a superação dos obstáculos<br />
metodológicos que muitas vezes condicionam os trabalhos acadêmicos a verda<strong>de</strong>iros<br />
confinamentos científicos, on<strong>de</strong> o conhecimento parece um fim em sim mesmo e não um<br />
meio para alcançar a emancipação e a autonomia intelectual.<br />
Palavras-chave: Hannah Arendt, Aspectos metodológicos, Pensamento, Autonomia.