Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
62<br />
CABOCLO NO TERREIRO, NO VALE E NA LÍNGUA: REPRESENTAÇÕES<br />
SEMIÓTICAS E RELIGIOSAS DO ÍNDIO<br />
Bougleux Bomjardim da Silva Carmo<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Santa Cruz<br />
Mestre em Letras / Profletras<br />
E-mail: bug7raio@gmail.com<br />
No terreno do simbólico a relação entre a constituição semiótica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados atores<br />
sociais se <strong>de</strong>smembram <strong>de</strong> sua condição primeira e passa a fazer parte <strong>de</strong> novos universos<br />
simbólicos e sociais. Nesse contexto, a figura do caboclo, mais do que um elemento social em<br />
permanente luta por representativida<strong>de</strong> político-cultural, constitui-se numa representação que<br />
salta do nível profano e alcança um status religioso no âmbito das configurações míticas em<br />
<strong>de</strong>terminados segmentos sincrético-religiosos. Diante <strong>de</strong>sse quadro, o presente trabalho tem<br />
por objetivo refletir sobre a formação religiosa da figura do caboclo no seio <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />
crenças. Em meio a essa reflexão, pontua-se a presença da linguagem como um item <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntização e representação cabocla. Para tanto, analisa-se a presença <strong>de</strong>ssa figura no âmbito<br />
das linhas da Umbanda, do Candomblé e do Vale do Amanhecer, espaços on<strong>de</strong> o caboclo<br />
exerce papel proeminente. Nossa discussão apoia-se nos estudos culturais (HALL, 2013), na<br />
compreensão da figura cabocla (RIBEIRO, 1983; SILVA; MAUÊS, 2005; CASALI, 2014),<br />
partindo do conceito antropológico <strong>de</strong> cultura (ARANTES, 1990; LARAIA, 2014;<br />
CHARTIER, 1995). Tendo em conta o diálogo entre estudos disciplinares concernentes à<br />
<strong>História</strong>, Linguagem e Cultura, realiza-se uma análise qualitativa das representações ao passo<br />
que as inflexões teóricas se convergem para uma compreensão semiótica <strong>de</strong>ssas<br />
representações. Dessa forma, adota-se uma metodologia bibliográfico-analítica. Uma leitura<br />
interdisciplinar e atenta das questões aqui postas <strong>de</strong>monstra que, no contexto atual, a figura<br />
cabocla encontra-se num paradoxo, qual seja a <strong>de</strong>slegitimação social e o status religioso em<br />
<strong>de</strong>terminadas linhas <strong>de</strong> crenças. Igualmente, na sua constituição semiótica <strong>de</strong> caboclo, a<br />
língua é marca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e do primitivismo que passa a ter cunho místico no espaço<br />
religioso. Finalmente, concebe-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor entendimento <strong>de</strong>ssas figuras nos<br />
vários espaços sociais, <strong>de</strong> forma central, no âmbito pedagógico, tendo em consi<strong>de</strong>ração a<br />
educação das relações étnico-raciais, <strong>de</strong> forma a legitimar social, política, cultural e<br />
religiosamente o caboclo.<br />
Palavras-chave: Representações simbólicas, Caboclo, Linguagem, Semiótica, Religiosida<strong>de</strong>.