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opinião<br />
hocus-focus/iStock<br />
Desconstrução<br />
da mídia<br />
Flávio Rezen<strong>de</strong><br />
Para quem vem acompanhando há anos<br />
as transformações e a evolução na área<br />
<strong>de</strong> mídia – e continua em busca do entendimento<br />
para o novo cenário que se <strong>de</strong>senha<br />
– é <strong>de</strong>sconfortável assistir à insistência em<br />
<strong>de</strong>scontruir essa área no mercado publicitário<br />
brasileiro. Movimento que é realizado<br />
principalmente <strong>de</strong>ntro das agências, com<br />
“consentimento” inexplicável dos anunciantes.<br />
Washington Olivetto, recentemente,<br />
gerou polêmica sobre os clichês da publicida<strong>de</strong>,<br />
criados ciclicamente, como “pensar<br />
fora da caixa”, “quebrar paradigmas”,<br />
“<strong>de</strong>scontruir”. Se <strong>de</strong> fato algumas partes<br />
merecem atenção – as mudanças sociais<br />
não po<strong>de</strong>m ser ignoradas quando o tema é<br />
comportamento humano – é um<br />
fato que houve um esvaziamento<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados chavões para<br />
justificar estratégias também<br />
vazias.<br />
Na mídia esses clichês são<br />
multiplicados geometricamente,<br />
principalmente por gestores<br />
e cúmplices do atraso e da regressão. Palavras<br />
como inovação, disruptivo, programática<br />
(não a plataforma em si, mas o uso<br />
indiscriminado da palavra como solução<br />
para todos os problemas do anunciante),<br />
inovação, conversão, growth hacking,<br />
community manager etc. são clichês reenvelopados<br />
usados por oportunistas rasos e<br />
amadores, que não se preocupam com precisão<br />
nos investimentos dos clientes e sim<br />
em confundir excelência com pirotecnia.<br />
O mercado nasce da troca, das estratégias,<br />
da logística e virou negócio. Atrás <strong>de</strong><br />
cada negociador há um estrategista, para<br />
comprar bem, com qualida<strong>de</strong>, e simulando<br />
oportunida<strong>de</strong>s em um legado ancestral.<br />
Não há negócio em mídia sem planejamento.<br />
A cada momento no mundo nasce<br />
um software/simulador para otimizar a<br />
Atrás<br />
<strong>de</strong> cAdA<br />
negociAdor<br />
há um<br />
estrAtegistA<br />
seleção dos inúmeros canais <strong>de</strong> mídia que<br />
levarão a mensagem ao consumidor. A cada<br />
momento, no mundo, nasce uma nova<br />
forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as ações do consumidor;<br />
a cada momento, no mundo, tem<br />
um mídia analisando concorrentes e <strong>de</strong>finindo<br />
estratégias espetaculares, ousadas,<br />
mas sempre precisas. O mídia usa a tecnologia,<br />
o conhecimento do consumidor, da<br />
concorrência para atingir objetivos comprovados<br />
com custos relativos a<strong>de</strong>quados,<br />
não usa palavras, nem confun<strong>de</strong> tecnologia<br />
com meio <strong>de</strong> comunicação, usa cabeça<br />
e matemática.<br />
Com a crise, dos processos <strong>de</strong> salários<br />
ancorados nas matrizes, das receitas em<br />
queda, a moda virou mandar dispensar talentos<br />
<strong>de</strong> mídia, sempre os melhores, pois<br />
são os mais bem remunerados. Estão acabando<br />
com enorme geração <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s valores em mídia, todos<br />
na faixa <strong>de</strong> 35 anos em diante;<br />
fica evi<strong>de</strong>nte a <strong>de</strong>struição do<br />
legado construído ao longo <strong>de</strong><br />
muito tempo em conhecimentos<br />
<strong>de</strong> negociação e estratégias. Nenhum<br />
profissional, <strong>de</strong> qualquer<br />
segmento que for, nasce pleno <strong>de</strong><br />
valores e expertise. Uma pena essa tentativa<br />
– um absurdo, na verda<strong>de</strong>.<br />
Esse movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução vai<br />
causar danos em investimentos e prejudicar<br />
anunciantes e veículos no médio e<br />
longo prazos. Fica a sugestão: entendam o<br />
mercado e sua transformação. Enxerguem<br />
a enorme <strong>de</strong>manda por serviços <strong>de</strong> mídia<br />
realmente a<strong>de</strong>quados e arrojados. Prestem<br />
atenção na nova configuração da indústria.<br />
Não há luz no fim do túnel com a <strong>de</strong>svalorização<br />
dos profissionais <strong>de</strong> mídias, brother!<br />
Ah, não esqueçam: esse movimento <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sconstrução gera uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />
para a chegada <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> mídia,<br />
que são bem-vindas pelo anunciante e cada<br />
vez mais encontram seu espaço <strong>de</strong> crescimento<br />
num mercado em constante queda.<br />
Flávio Rezen<strong>de</strong> é sócio da<br />
Tau Media Consulting<br />
frezen<strong>de</strong>1914@gmail.com<br />
50 7 <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark