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edição de 7 de agosto de 2017

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opinião<br />

hocus-focus/iStock<br />

Desconstrução<br />

da mídia<br />

Flávio Rezen<strong>de</strong><br />

Para quem vem acompanhando há anos<br />

as transformações e a evolução na área<br />

<strong>de</strong> mídia – e continua em busca do entendimento<br />

para o novo cenário que se <strong>de</strong>senha<br />

– é <strong>de</strong>sconfortável assistir à insistência em<br />

<strong>de</strong>scontruir essa área no mercado publicitário<br />

brasileiro. Movimento que é realizado<br />

principalmente <strong>de</strong>ntro das agências, com<br />

“consentimento” inexplicável dos anunciantes.<br />

Washington Olivetto, recentemente,<br />

gerou polêmica sobre os clichês da publicida<strong>de</strong>,<br />

criados ciclicamente, como “pensar<br />

fora da caixa”, “quebrar paradigmas”,<br />

“<strong>de</strong>scontruir”. Se <strong>de</strong> fato algumas partes<br />

merecem atenção – as mudanças sociais<br />

não po<strong>de</strong>m ser ignoradas quando o tema é<br />

comportamento humano – é um<br />

fato que houve um esvaziamento<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados chavões para<br />

justificar estratégias também<br />

vazias.<br />

Na mídia esses clichês são<br />

multiplicados geometricamente,<br />

principalmente por gestores<br />

e cúmplices do atraso e da regressão. Palavras<br />

como inovação, disruptivo, programática<br />

(não a plataforma em si, mas o uso<br />

indiscriminado da palavra como solução<br />

para todos os problemas do anunciante),<br />

inovação, conversão, growth hacking,<br />

community manager etc. são clichês reenvelopados<br />

usados por oportunistas rasos e<br />

amadores, que não se preocupam com precisão<br />

nos investimentos dos clientes e sim<br />

em confundir excelência com pirotecnia.<br />

O mercado nasce da troca, das estratégias,<br />

da logística e virou negócio. Atrás <strong>de</strong><br />

cada negociador há um estrategista, para<br />

comprar bem, com qualida<strong>de</strong>, e simulando<br />

oportunida<strong>de</strong>s em um legado ancestral.<br />

Não há negócio em mídia sem planejamento.<br />

A cada momento no mundo nasce<br />

um software/simulador para otimizar a<br />

Atrás<br />

<strong>de</strong> cAdA<br />

negociAdor<br />

há um<br />

estrAtegistA<br />

seleção dos inúmeros canais <strong>de</strong> mídia que<br />

levarão a mensagem ao consumidor. A cada<br />

momento, no mundo, nasce uma nova<br />

forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as ações do consumidor;<br />

a cada momento, no mundo, tem<br />

um mídia analisando concorrentes e <strong>de</strong>finindo<br />

estratégias espetaculares, ousadas,<br />

mas sempre precisas. O mídia usa a tecnologia,<br />

o conhecimento do consumidor, da<br />

concorrência para atingir objetivos comprovados<br />

com custos relativos a<strong>de</strong>quados,<br />

não usa palavras, nem confun<strong>de</strong> tecnologia<br />

com meio <strong>de</strong> comunicação, usa cabeça<br />

e matemática.<br />

Com a crise, dos processos <strong>de</strong> salários<br />

ancorados nas matrizes, das receitas em<br />

queda, a moda virou mandar dispensar talentos<br />

<strong>de</strong> mídia, sempre os melhores, pois<br />

são os mais bem remunerados. Estão acabando<br />

com enorme geração <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s valores em mídia, todos<br />

na faixa <strong>de</strong> 35 anos em diante;<br />

fica evi<strong>de</strong>nte a <strong>de</strong>struição do<br />

legado construído ao longo <strong>de</strong><br />

muito tempo em conhecimentos<br />

<strong>de</strong> negociação e estratégias. Nenhum<br />

profissional, <strong>de</strong> qualquer<br />

segmento que for, nasce pleno <strong>de</strong><br />

valores e expertise. Uma pena essa tentativa<br />

– um absurdo, na verda<strong>de</strong>.<br />

Esse movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução vai<br />

causar danos em investimentos e prejudicar<br />

anunciantes e veículos no médio e<br />

longo prazos. Fica a sugestão: entendam o<br />

mercado e sua transformação. Enxerguem<br />

a enorme <strong>de</strong>manda por serviços <strong>de</strong> mídia<br />

realmente a<strong>de</strong>quados e arrojados. Prestem<br />

atenção na nova configuração da indústria.<br />

Não há luz no fim do túnel com a <strong>de</strong>svalorização<br />

dos profissionais <strong>de</strong> mídias, brother!<br />

Ah, não esqueçam: esse movimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconstrução gera uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

para a chegada <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> mídia,<br />

que são bem-vindas pelo anunciante e cada<br />

vez mais encontram seu espaço <strong>de</strong> crescimento<br />

num mercado em constante queda.<br />

Flávio Rezen<strong>de</strong> é sócio da<br />

Tau Media Consulting<br />

frezen<strong>de</strong>1914@gmail.com<br />

50 7 <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

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