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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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pregava a igualdade, mas<br />

discriminava os negros e as<br />

mulheres.<br />

O ano de maior efervescência<br />

contracultural,<br />

segundo o historiador Leon<br />

Kaminski, foi 1968. Naquele<br />

ano, aconteceu uma<br />

das mais importantes manifestações<br />

juvenis em Paris,<br />

França: o Maio de 68.<br />

Segundo o historiador, “foi<br />

uma surpresa para as pessoas<br />

tudo o que se passava,<br />

pois os EUA e a Europa não<br />

estavam vivendo uma crise<br />

econômica, então todos se<br />

perguntavam o que estava<br />

acontecendo”. A partir daí,<br />

de acordo com Kaminski,<br />

vários pensadores começaram<br />

a pesquisar tal fenômeno<br />

de movimentação da<br />

juventude e o historiador<br />

e sociólogo americano Theodor Roszac utilizou o termo<br />

“contracultura”, que mais tarde denominou os movimentos<br />

de rebeldia dos anos 60.<br />

No Brasil, o momento mais forte da contracultura foi<br />

durante o regime militar. Além de críticas ao sistema vigente<br />

na época, a Ditadura trouxe inquietação e vontade<br />

de mudança por parte de uma significativa parcela da sociedade<br />

brasileira. De acordo com Kaminski, o movimento<br />

era mal visto pelos pesquisadores e intelectuais da época,<br />

que classificavam os integrantes como alienados, irracionalistas<br />

e subjetivistas. “A contracultura no Brasil era chamada<br />

de desbunde. Nesse processo, eles eram deixados de<br />

lado ou eram tratados de forma parcial, como pessoas que<br />

fumavam maconha e ‘desbundavam’”, completa o historiador.<br />

Arte e contracultura<br />

As manifestações contraculturais tinham sua força na<br />

arte. Tanto nos EUA como no Brasil, nomes como Caetano<br />

Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Jimi Hendrix,<br />

Janis Joplin, Bob Dylan e Raul Seixas são lembrados. Mas<br />

não só a música era um meio artístico de protesto e críticas<br />

ao sistema. O teatro também teve forte caráter contracultural<br />

na época.<br />

Para a filósofa Guiomar de Grammont, foi no seio do<br />

teatro que nasceram grandes manifestações de contestação<br />

do período. Um exemplo foi o Living Theatre, o “teatro<br />

vivo que quebrava a separação entre arte e vida, fazendo<br />

críticas aos tabus sociais dos locais onde se apresentavam,<br />

por meio de representações realistas e irreverentes”. O Living<br />

esteve inclusive em Ouro Preto, no ano de 1971, para<br />

se apresentar no Festival de Inverno, mas seus<br />

integrantes foram presos durante a abertura<br />

do evento.<br />

Essa arte foi alvo de fortes repressões<br />

na Ditadura Militar brasileira. No ano de<br />

1968, integrantes do Comando de Caça<br />

aos Comunistas (CCC) invadiram o Teatro<br />

Ruth Escobar, em São Paulo, e espancaram<br />

o elenco da peça Roda Viva. “Foi na frente<br />

desse teatro que houve as manifestações quando<br />

mataram o estudante Édson Luis, um marco<br />

da truculência da Ditadura”, lembra Guiomar.<br />

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