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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Ontem e hoje<br />

Considerados por Jean-Paul Sarte<br />

como a “Geração Perdida”, os beatniks foram<br />

os precursores dos movimentos anti-sistema, na década<br />

de 50. A Geração Beat era constituída por pessoas<br />

que, diferentemente dos demais, não desejavam ter os<br />

eletrodomésticos e carros do ano, viviam com pouco, ou quase<br />

nada. Isso ainda é observado na sociedade contemporânea?<br />

A existência de uma contracultura atual gera conflito entre estudiosos.<br />

Para a filósofa Guiomar de Grammont, não há uma contestação tão<br />

forte como antes. “Não sei se há contracultura na atualidade. Sem dúvida, houve<br />

uma retração diante dessa nova sociedade, que é uma sociedade mais livre, mais<br />

leve e isso acaba repercutindo e influenciando nas relações interpessoais”, enfatiza.<br />

Para a filósofa, os movimentos de contracultura foram fundamentais para a liberdade<br />

de expressão. Guiomar diz que houve também uma conscientização dos limites e das<br />

relações pessoais no que diz respeito à liberdade sexual. “Outras questões que atingiram a<br />

contemporaneidade, como a AIDS, foram fundamentais para impedir as pessoas de viverem<br />

o amor livre”, enfatiza a filósofa.<br />

Márcio Moraes, o cidadão que viveu a geração “paz e amor”, acredita que há um comodismo nos<br />

jovens de hoje. “O que eu vejo hoje não tem nada a ver com o que era antes. A juventude atual está<br />

deixando a desejar, é muito devagar. Antes a gente protestava mais”, afirma. Ainda sim, ele é otimista:<br />

“Acredito sim que conseguimos mudar algumas mentalidades”.<br />

Hip hop, funk, grafite e punk são movimentos considerados pelo historiador Leon Kaminski<br />

como contraculturas atuais, porém, de menor impacto comparados aos movimentos anteriores. Segundo Kaminski,<br />

a atual despolitização do pensamento crítico e consequente queda no poder de reivindicação se deve ao consenso<br />

de que as conquistas já foram alcançadas pelos jovens dos anos 60 e 70.<br />

Os protestos nos meios digitais, como o movimento de mídia independente e os hackers, que disponibilizam<br />

conteúdos para baixar gratuitamente na internet, também estão inseridos no movimento de concracultura atual,<br />

de acordo com Kaminski. “Isso é uma contracultura porque você está dando acesso ao conhecimento para várias<br />

pessoas e, ao mesmo tempo, você tenta quebrar com os padrões de uma sociedade. É uma questão do bem cultural:<br />

por que você tem que pagar pelo bem cultural?”<br />

Vigente ou não, é certo que o movimento de contracultura gerou<br />

grandes transformações socioculturais nos últimos 50 anos. A<br />

juventude unida, impulsionada pelo incômodo, conseguiu e ainda<br />

consegue quebrar padrões, chocar e alterar, mesmo que de forma<br />

parcial, um cenário que não a agrada. Como cantou Caetano Veloso,<br />

”apaches, punks, existencialistas, hippies, beatniks de todos os tempos,<br />

uni-vos”. Uni-vos para fazer a revolução.<br />

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