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Fotos: Alê Oliveira e Divulgação<br />
Joanna Monteiro: “É preciso contar com todos para acelerar esse processo”<br />
Christina Carvalho Pinto, que foi a pioneira a presidir grupo multinacional por oito anos<br />
as mulheres são as primeiras a<br />
serem preteridas no mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho. E sendo as mulheres<br />
brasileiras 51% dos micro e<br />
pequenos empreen<strong>de</strong>dores no<br />
país, a crise tem um peso sobre<br />
elas também. Mas, no caso <strong>de</strong>sse<br />
ranking, sabemos que o que<br />
jogou o país para baixo foi a<br />
pouca participação na política,<br />
pois, na educação, por exemplo,<br />
as mulheres passaram a<br />
frente dos homens. Há mais<br />
mulheres saindo formadas do<br />
ensino médio e das universida<strong>de</strong>s<br />
no nosso país. A política<br />
tem <strong>de</strong>safios enormes aqui e<br />
esse é mais um <strong>de</strong>les”, afirma.<br />
Para Miriam Shirley, copresi<strong>de</strong>nte<br />
da Publicis Brasil, que,<br />
assim como Gal Barradas, divi<strong>de</strong><br />
a presidência <strong>de</strong> uma agência<br />
com um homem, reverter<br />
esse cenário é uma obrigação<br />
<strong>de</strong> todos, mas é algo que não<br />
será feito do dia para a noite.<br />
“Primeiro, temos <strong>de</strong> falar<br />
sobre o assunto e <strong>de</strong>rrubar antigos<br />
mitos. É preciso parar <strong>de</strong><br />
jogar a responsabilida<strong>de</strong> por<br />
essa situação <strong>de</strong>sigual na própria<br />
mulher. Não dá mais para<br />
ouvir frases como ‘ah, ela priorizou<br />
a família’ ou ‘a gente <strong>de</strong>u<br />
chance, mas ela não queria ficar<br />
até tar<strong>de</strong> para po<strong>de</strong>r cuidar<br />
dos filhos’. Esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpa<br />
não condiz com o mundo<br />
em que vivemos e escon<strong>de</strong> o<br />
problema real. A nossa obrigação<br />
é olhar para a indústria e<br />
i<strong>de</strong>ntificar os entraves <strong>de</strong>ntro<br />
das próprias empresas que impe<strong>de</strong>m<br />
o crescimento profissional<br />
da mulher. A partir daí,<br />
Gal Barradas: “A questão é cultural e levará algum tempo para que se modifique”<br />
cada empresa tem <strong>de</strong> montar<br />
um plano <strong>de</strong> ação claro para<br />
que as mulheres e os homens<br />
tenham condições iguais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento”.<br />
“temos <strong>de</strong> falar<br />
sobre o assunto e<br />
<strong>de</strong>rrubar antigos<br />
mitos. é preciso<br />
parar <strong>de</strong> jogar a<br />
responsabilida<strong>de</strong><br />
por essa situação<br />
<strong>de</strong>sigual na<br />
própria mulHer”<br />
INcLUSão<br />
O plano <strong>de</strong> ação da Publicis<br />
Brasil chama-se Publicis Plural.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma plataforma<br />
voltada para promover a diversida<strong>de</strong><br />
e a inclusão. Dentro<br />
<strong>de</strong>le, há o Publicis Por Elas, que<br />
tem o objetivo <strong>de</strong> promover o<br />
intercâmbio entre universitárias<br />
e profissionais mulheres<br />
<strong>de</strong> diferentes áreas da agência.<br />
“A i<strong>de</strong>ia é mostrar para essas<br />
jovens que elas po<strong>de</strong>m seguir<br />
pelo caminho que bem enten<strong>de</strong>rem<br />
<strong>de</strong>ntro da indústria publicitária,<br />
rompendo rótulos<br />
e padrões pre<strong>de</strong>terminados.<br />
Esse projeto surgiu porque<br />
acreditamos que a questão da<br />
forte presença masculina na<br />
criação nasce antes mesmo do<br />
ingresso no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
Por isso, estamos estudando<br />
a questão para aprofundar<br />
os benefícios do Publicis por<br />
Elas”, conclui Miriam.<br />
Mas será que a gran<strong>de</strong> maioria<br />
das <strong>de</strong>cisões ainda não está<br />
nas mãos <strong>de</strong> pessoas que têm<br />
hábitos antigos e conservadores?<br />
Para tal questão a resposta<br />
<strong>de</strong> Joanna Monteiro, chief creative<br />
officer da FCB Brasil, é:<br />
“No caso das agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />
99% são homens que<br />
têm extrema dificulda<strong>de</strong> em se<br />
sentir seguros em dar ca<strong>de</strong>iras,<br />
que são raras, para mulheres.<br />
A <strong>de</strong>sculpa é quase sempre a<br />
<strong>de</strong> que elas não estão preparadas,<br />
mas vi muitos homens<br />
assumirem cargos <strong>de</strong> CCOs<br />
para os quais também não estavam<br />
preparados. Eles eram<br />
uma aposta. Então, por que<br />
não apostar em uma mulher? O<br />
que sinto é que dar uma ótima<br />
posição para mulheres em <strong>de</strong>trimento<br />
dos homens é muito<br />
difícil para homens que cresceram<br />
em um ambiente corporativo,<br />
on<strong>de</strong> eles se ajudam há<br />
anos”.<br />
Ainda segundo a criativa,<br />
que já foi eleita pela publicação<br />
americana Business Insi<strong>de</strong>r<br />
como a mulher mais criativa<br />
do mundo da publicida<strong>de</strong>, as<br />
mulheres têm as mesmas di-<br />
jornal propmark - <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 21