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mercado<br />
Com dados mal escolhidos, robôs<br />
po<strong>de</strong>m ter aprendizado ten<strong>de</strong>ncioso<br />
Para garantir diversida<strong>de</strong>, é preciso ter profissionais variados que fazem<br />
o treinamento das máquinas e a curadoria daquilo que elas apren<strong>de</strong>m<br />
Cristiane Marsola<br />
inteligência artificial já está<br />
A inserida na realida<strong>de</strong> diária<br />
dos seres humanos. Seja ao<br />
fazer uma busca que se autocompleta<br />
no Google ou na hora<br />
<strong>de</strong> receber sugestões <strong>de</strong> filmes<br />
e séries para assistir na Netflix,<br />
em alguns momentos o uso <strong>de</strong>ssa<br />
tecnologia nem chega a ser<br />
percebido por um consumidor<br />
leigo. O tema, impulsionado<br />
pelas soluções <strong>de</strong> Internet das<br />
Coisas, foi um dos mais comentados<br />
durante a feira CES (Consumer<br />
Electronics Show) <strong>2018</strong>,<br />
realizada em Las Vegas (leia<br />
mais nas páginas 10 e 11).<br />
Um dos braços da inteligência<br />
artificial que já está chamando<br />
a atenção na área da comunicação<br />
é a machine learning. “É<br />
um braço da inteligência artificial<br />
em que, essencialmente, há<br />
construção <strong>de</strong> algoritmos para<br />
automatização <strong>de</strong> processos.<br />
É um aprendizado supervisionado,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da intervenção<br />
humana. O Watson, ou qualquer<br />
outra plataforma, é um bebê que<br />
acabou <strong>de</strong> nascer e você precisa<br />
ensinar tudo. Cada projeto ensina<br />
o Watson do zero, principalmente<br />
porque cada empresa<br />
quer dar uma personalida<strong>de</strong><br />
para ele”, conta Diego Figueredo,<br />
CEO da Nexo, consultoria <strong>de</strong><br />
tecnologia e inovação com foco<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> soluções<br />
com inteligência artificial.<br />
A própria empresa, que antes<br />
se chamava i9 cloud, teve nome<br />
e logo novos, construídos com<br />
Watson, a ferramenta <strong>de</strong> inteligência<br />
artificial da IBM, usada<br />
em 80% dos projetos da Nexo.<br />
No entanto, é preciso tomar<br />
cuidado para não acreditar que,<br />
por se tratar <strong>de</strong> máquinas, a imparcialida<strong>de</strong><br />
seja inata às ferramentas<br />
e as <strong>de</strong>cisões dos robôs<br />
não passem por questões morais.<br />
“Existe um viés porque a<br />
plataforma apren<strong>de</strong>u com o uso<br />
das pessoas ou porque alguém<br />
a programou. A máquina vai<br />
apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira totalmente<br />
diferente, nos Estados Unidos<br />
ou no Oriente Médio, por exemplo.<br />
A questão é quem está <strong>de</strong>finindo<br />
os algoritmos? Quando se<br />
<strong>de</strong>senvolve a plataforma, pessoas<br />
passam a treiná-la”, explica<br />
Cleber Para<strong>de</strong>la, VP <strong>de</strong> estratégia<br />
da Sunset, que se <strong>de</strong>dica a<br />
estudar o tema.<br />
“Hoje a maioria dos algoritmos<br />
<strong>de</strong> machine learning pegam<br />
dados, processam e geram<br />
estatísticas do que po<strong>de</strong> ser<br />
uma resposta aceitável para a<br />
questão proposta. Se a gente<br />
alimentar um algoritmo com o<br />
que as pessoas falam na internet,<br />
por exemplo, a princípio,<br />
ele vai refletir o que está lendo.<br />
Se alimentar com discursos<br />
não filtrados, vai ter muito discurso<br />
<strong>de</strong> ódio e esse padrão vai<br />
ser relevante. Corre o risco <strong>de</strong>,<br />
na automação, ele simular uma<br />
conversa real que tem um viés<br />
moral por trás”, avalia Domenico<br />
Massareto, CCO da Publicis.<br />
Outro ponto a ser levado em<br />
consi<strong>de</strong>ração quando se fala em<br />
machine learning é que a realida<strong>de</strong><br />
das empresas <strong>de</strong> tecnologia<br />
não reflete a diversida<strong>de</strong> da<br />
população mundial e, por conta<br />
disso, as respostas automáticas<br />
po<strong>de</strong>m refletir uma moral e uma<br />
i<strong>de</strong>ologia que agridam a minorias.<br />
O Google, por exemplo,<br />
tem um compromisso assumido<br />
<strong>de</strong> fomentar a diversida<strong>de</strong> e a inclusão,<br />
mas ainda está longe da<br />
“Ainda não<br />
tem sistema <strong>de</strong><br />
interpretação<br />
<strong>de</strong> linguagem<br />
avançado o<br />
suficiente para<br />
saber que naquele<br />
texto o produto<br />
era o vilão da<br />
história”<br />
Menno van Dijk/iStock<br />
6 <strong>15</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark