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Gestão Hospitalar N.º 11 2017

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Via Verde da Reabilitação<br />

do AVC Integração de<br />

cuidados, eficiência na<br />

utilização de recursos,<br />

maiores ganhos em Saúde<br />

PAULA AMORIM<br />

ANABELA PEREIRA<br />

GRAÇA TELO GONÇALVES<br />

JOÃO CONSTANTINO<br />

Diretora Clínica do Centro de<br />

Medicina de Reabilitação da<br />

Região Centro − Rovisco Pais<br />

(CMRRC-RP)<br />

Diretora do Serviço<br />

de Reabilitação Geral<br />

de Adultos − RGA<br />

Vogal Executiva do CMRRC-RP<br />

Assistente hospitalar<br />

de Medicina Física e de<br />

Reabilitação do Serviço de RGA<br />

Enquadramento e dimensão do problema<br />

Em Portugal o Acidente Vascular Cerebral (AVC)<br />

atinge cerca de 25 mil pessoas por ano e constitui<br />

a principal causa de incapacidade e uma das principais<br />

causas de morte. O relatório da OCDE publicado em 2015<br />

evidencia uma diminuição da mortalidade em cerca de<br />

71% entre 1999 e 20<strong>11</strong>. A Via Verde do AVC, iniciada em<br />

2006, envolvendo o INEM e os hospitais, numa estratégia<br />

concertada para assegurar o rápido acesso aos cuidados<br />

médicos mais adequados de diagnóstico e tratamento<br />

dentro da janela terapêutica mais eficaz, contribuiu indubitavelmente<br />

para a diminuição da mortalidade. O aumento<br />

de sobreviventes acarreta um maior número de<br />

cidadãos com sequelas, frequentemente incapacitantes. O<br />

fardo social associado às deficiências físicas e psíquicas,<br />

retirada do mundo do trabalho, necessidade de apoio familiar<br />

e social, aumento do número de consultas e do consumo<br />

de medicamentos, necessidade de reabilitação física<br />

e cognitiva, é uma realidade que merece reflexão e estratégias<br />

de atuação. Um terço das pessoas que sobrevivem<br />

a um AVC fica com incapacidade importante e 10% fica<br />

com incapacidade de viver na comunidade, necessitando<br />

dos cuidados de terceiros. A intervenção da Medicina Física<br />

e de Reabilitação (MFR) permite minimizar os défices,<br />

melhorar a funcionalidade e facilitar a integração sociofamiliar<br />

e profissional.<br />

As guidelines internacionais recomendam que se inicie<br />

cuidados de MFR o mais precocemente possível, em locais<br />

onde uma equipa multiprofissional está formalmente organizada<br />

e coordenada, com o máximo de intensidade nos<br />

primeiros 3-6 meses após o AVC. Todos os doentes com<br />

AVC devem ter acesso à continuidade de cuidados, desde<br />

as unidades de AVC organizadas para a fase aguda até à<br />

reabilitação apropriada e à prevenção secundária.<br />

É um facto que a precocidade do início do programa de<br />

reabilitação tem um papel determinante nas incapacidades<br />

definitivas. 80% dos doentes que sofreram um AVC<br />

atingem o melhor nível funcional às seis semanas, 90%<br />

atingem-no às 12,5 semanas e não é de esperar grande<br />

melhoria funcional ou neurológica após os 3 meses, pois<br />

só 5% dos doentes terão progresso significativo a partir<br />

desta altura.<br />

O atraso do início do programa de reabilitação adequado<br />

ou a sua interrupção numa fase inicial compromete<br />

seriamente o outcome clínico e funcional e a qualidade de<br />

vida dos doentes, com consequente impacto na atividade<br />

e na participação social, familiar e profissional e no fardo<br />

social inerente.<br />

Os doentes internados nos hospitais de agudos por<br />

AVC iniciam ali o programa de reabilitação. No entanto,<br />

após a alta hospitalar deparam-se frequentemente com<br />

constrangimentos na continuidade de cuidados de MFR.<br />

É frequente a interrupção dos tratamentos e quando os<br />

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