Gestão Hospitalar N.º 11 2017
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GH: Como nasceu este seu interesse pelos cuidados<br />
domiciliários?<br />
SG: Muito bem. Eu sou absolutamente apaixonada pelos<br />
cuidados domiciliários.<br />
Em 1993, fui envolvida em processos de compra de farmácia,<br />
porque me pediram para cobrir uma licença de<br />
maternidade por um ano. Sendo eu, na altura, uma jovem<br />
farmacêutica, licenciada há poucos anos, não fazia ideia<br />
do que era um processo de compras em farmácia, mas<br />
esta oportunidade acabou por desenvolver-me o gosto<br />
por esta área. E eu gostei verdadeiramente desta experiência,<br />
que aconteceu em Inglaterra. Depois, deixei este<br />
país e fui para França uns tempos…<br />
Quando regressei a Inglaterra, em 2010, regressei ao trabalho<br />
e houve a oportunidade de voltar aos processos de<br />
aquisição de produtos farmacêuticos, noutro hospital. Na<br />
altura, existia já um serviço de cuidados domiciliários que<br />
tinha algumas falhas na forma como estes eram prestados<br />
e enquanto farmacêutica dos processos de compra<br />
consegui identificar porque é que isto se passava e o que<br />
não estava certo…<br />
Começámos, então, a fazer uma pesquisa nos serviços de<br />
cuidados domiciliários no mundo e descobrimos algumas<br />
linhas orientadoras dos processos de compra de farmácia,<br />
designadamente sobre a forma de como deveriam ser geridos<br />
os serviços de cuidados domiciliários.<br />
No meu hospital, eu disse: “Certo, ok. Vamos impedir que os<br />
pedidos de medicamentos para os cuidados domiciliários<br />
sejam feitos por qualquer pessoa do hospital, passando<br />
estes processos pelo departamento de farmácia. Comecei<br />
a ver o que se fazia, as práticas, os doentes, a elegibilidade<br />
para os tratamentos… Portanto, foi isto que começámos a<br />
fazer e foi aqui que começou o meu interesse pelos serviços<br />
de cuidados domiciliários, em outubro de 2010.<br />
GH: Como define os serviços de cuidados domiciliários<br />
em Inglaterra?<br />
SG: Os serviços de cuidados domiciliários são o fornecimento<br />
de medicamentos e dos cuidados associados diretamente<br />
para o doente em casa. Portanto, medicação<br />
prescrita através das instruções do hospital e entregue<br />
diretamente na casa do paciente.<br />
GH: Acha que esta é uma forma dos farmacêuticos<br />
participarem mais no tratamento clínico dos<br />
doentes?<br />
SG: Não em Inglaterra… porque em Inglaterra, os farmacêuticos<br />
já são parte integrante na gestão do circuito dos<br />
medicamentos e da governação clínica. Portanto, de certa<br />
forma, às vezes, os serviços de cuidados domiciliários<br />
distanciam-se do sistema, porque são da dependência de<br />
outro responsável de saúde. Em Inglaterra, todos os doentes<br />
são vistos por um farmacêutico, todos os dias.<br />
Um farmacêutico deixa de ser um mero distribuidor de<br />
medicamentos. Os farmacêuticos têm mais “mãos”, um<br />
papel mais clínico… Alguns de nós prescrevemos, portanto<br />
temos farmacêuticos que são independentes na prescrição.<br />
Logo, se nós farmacêuticos temos uma área de especialização<br />
que queremos trabalhar podemos especializar-nos<br />
nessa área clínica, podemos fazer formação qualificando<br />
as prescrições e qualificando os prescritores. Portanto, eu<br />
costumava ser uma farmacêutica de anticoagulantes e<br />
agora sou uma prescritora qualificada de anticoagulantes,<br />
esta é a minha área. Eu prescrevo diretamente aos doentes.<br />
Posso prescrever para dentro e fora da instituição.<br />
Nós temos, a nível nacional, doentes satisfeitos.<br />
Portanto, eu costumava ser uma farmacêutica de anticoagulantes<br />
e agora sou uma prescritora qualificada de anticoagulantes,<br />
esta é a minha área. Eu prescrevo diretamente aos doentes.<br />
Posso prescrever para dentro e fora da instituição.<br />
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