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Revista Brasil - Edição Teste

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AKIPP é uma organização<br />

privada<br />

responsável por<br />

80 mil estudantes<br />

da rede pública<br />

de ensino dos<br />

Estados Unidos.<br />

A maioria desse<br />

contingente mora em bairros pobres<br />

de suas cidades – áreas vulneráveis<br />

onde a população, majoritariamente<br />

negra e latina, vive praticamente abaixo<br />

da linha da pobreza. Engana-se,<br />

no entanto, quem imagina ver, na<br />

região, um amontoado de colégios<br />

deteriorados, com professores impacientes<br />

e alunos despreparados: qualquer<br />

uma das 200 unidades da KIPP<br />

se equipara a algumas das melhores<br />

escolas norte-americanas. Por exemplo:<br />

no país, a evasão no ensino médio<br />

supera os 30%. Na KIPP, o índice<br />

não passa dos 6%. A chave do sucesso<br />

está num modelo educacional que<br />

há mais de 20 anos ganha força nos<br />

Estados Unidos: as charter schools<br />

– ou escolas comunitárias.<br />

As charter schools funcionam de<br />

forma semelhante às organizações<br />

sociais (OS) no <strong>Brasil</strong> (leia mais sobre<br />

as OS na reportagem da página 44),<br />

num sistema que permite contratos<br />

tanto com organizações sem fins lucrativos<br />

quanto com empresas que<br />

visam ao lucro. Como, nos EUA, o sistema<br />

educacional é federativo, as regras<br />

de governança podem mudar de<br />

acordo com o estado ou município.<br />

Em geral, o modelo tem três pilares<br />

fundamentais. Primeiro: toda<br />

escola charter é pública e depende<br />

do governo para obter recursos. A<br />

diferença está na administração, feita<br />

em cooperação com uma entidade<br />

do setor privado. Segundo: o modelo<br />

concede bem mais autonomia<br />

do que as escolas tradicionais. Significa<br />

que gestores e professores, em<br />

Voucher educação<br />

Outro modelo de parceria público-privada na educação é<br />

o do voucher. Pelo sistema, é o governo que financia o<br />

aluno de baixa renda, dando a ele o mesmo direito que<br />

tem a classe média – de escolher onde estudar. O ProUni<br />

segue essa lógica: em vez de gastar em universidades<br />

públicas, o governo concede o dinheiro para financiar<br />

bolsas de estudo em faculdades privadas.<br />

vez de servidores públicos, são contratados<br />

como funcionários de uma<br />

empresa – o que permite remunerar<br />

melhor os professores com desempenho<br />

mais alto e desligar os que<br />

não atingem os resultados esperados.<br />

Por fim, a admissão dos alunos é feita<br />

por meio de sorteio ou por critérios<br />

geográficos e de desempenho.<br />

Ingresso disputado<br />

Os bons resultados fazem com<br />

que a concorrência por vagas seja<br />

grande. A permanência na lista de<br />

espera costuma ser longa. Estima-se<br />

que haja pelo menos 1 milhão de estudantes<br />

aguardando uma oportunidade,<br />

conforme a National Alliance<br />

for Public Charter Schools, entidade<br />

que representa o setor. Além<br />

do desempenho acima da média das<br />

escolas públicas, essas instituições<br />

possuem instalações bem-conservadas,<br />

além de laboratórios e equipamentos<br />

para experimentações.<br />

Os educadores são estimulados<br />

Os bons resultados fazem com<br />

que a concorrência por vagas<br />

seja grande: pelo menos<br />

1 milhão de estudantes<br />

aguardam uma oportunidade<br />

a extrair o máximo do potencial dos<br />

alunos. "Você entra numa escola charter<br />

e depois numa escola pública tradicional<br />

e logo percebe a diferença",<br />

comenta Tonia Casarin, que foi voluntária<br />

da KIPP, em 2014, durante o<br />

mestrado em Educação pela Universidade<br />

de Columbia. "Existe uma cultura<br />

de performance muito forte",<br />

acrescenta ela, que hoje é professora<br />

no Instituto Singularidades.<br />

Era exatamente uma cultura de<br />

performance que Ray Budde, falecido<br />

em 2005, idealizou ao criar o<br />

modelo, na década de 1970. Então<br />

professor na faculdade de Educação<br />

da Universidade de Massachusetts,<br />

ele cunhou o termo “charter” ao desenvolver<br />

sugestões de aperfeiçoamento<br />

para o sistema de ensino público<br />

norte-americano. O objetivo<br />

era criar um novo tipo de escola, em<br />

que os professores tivessem mais<br />

autonomia sobre o currículo. Os docentes<br />

poderiam, assim, obter melhor<br />

desempenho dos alunos.<br />

Após anos de<br />

reflexão, Budde<br />

finalmente oficializou<br />

o conceito.<br />

Em 1988, lançou<br />

um livro que ilustrava<br />

os aspectos<br />

desse novo sistema.<br />

A obra ficou<br />

famosa e se probenchmark<br />

mundo<br />

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