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Revista Brasil - Edição Teste

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debate<br />

antes na ordem de R$ 1 milhão,<br />

caíram para R$ 350 mil. Isso tudo<br />

com aumento no número de leitos<br />

– eles saltaram de 253 para 407,<br />

um incremento de 73%. "Demos<br />

um caráter profissional ao Hugo",<br />

afirma David Correia, superintendente<br />

de planejamento do Gerir.<br />

"Quebramos um paradigma no que<br />

diz respeito ao serviço público."<br />

O sucesso dessa parceria fez o<br />

arranjo se espalhar por Goiás. Atualmente,<br />

nada menos que 17 hospitais<br />

estão sob a gestão de organizações<br />

sociais de saúde, as chamadas OSS.<br />

Mas a implementação desse modelo<br />

no Sistema Único de Saúde (SUS)<br />

está longe de ser uma unanimidade.<br />

Desde que foi criada, em 1998,<br />

a lei de nº 9.637 – que permite ao<br />

Poder Público utilizar pessoas jurídicas<br />

de direito privado sem fins<br />

lucrativos para auxiliá-lo na prestação<br />

de assistência – foi severamente<br />

contestada, principalmente<br />

por entidades sindicais e partidos<br />

políticos. "Queremos implantar OS<br />

na Saúde e temos enfrentado uma<br />

resistência enorme por todos os lados",<br />

afirmou Rodrigo Rollemberg,<br />

governador do Distrito Federal, durante<br />

um dos painéis do Congresso<br />

<strong>Brasil</strong> Competitivo (leia mais na reportagem<br />

da página 52).<br />

Entre os questionamentos estão<br />

contratos utilizados como instrumentos<br />

de terceirização ilícita e irregularidades<br />

com o dinheiro público.<br />

Motivo para a desconfiança<br />

existe. Ao menos é o que sinaliza o<br />

Ministério Público Federal (MPF),<br />

que neste ano desencadeou a apuração<br />

de uma série de denúncias<br />

envolvendo dez organizações sociais<br />

de saúde. Conforme a investigação,<br />

os indícios são de superfaturamento,<br />

desvio de recursos,<br />

contratos irregulares, emissão de<br />

notas frias e atrasos salariais – crimes<br />

que teriam lesado os cofres<br />

públicos em R$ 452 milhões. As<br />

denúncias lançaram suspeitas so-<br />

Desde que<br />

passou a ser<br />

administrado<br />

por uma OS,<br />

o Hugo, em<br />

Goiânia,<br />

reduziu os<br />

gastos com<br />

órteses,<br />

próteses e<br />

materiais<br />

especiais em<br />

R$<br />

650<br />

mil<br />

bre a vulnerabilidade do modelo,<br />

apesar dos vários exemplos positivos.<br />

O que fomenta ainda mais<br />

um debate que se arrasta por anos.<br />

Batalha<br />

legal<br />

Para compreender a discussão,<br />

é preciso voltar no tempo em que a<br />

"publicização do Estado" começou<br />

a ser defendida – em 1995, pelo então<br />

presidente Fernando Henrique<br />

Cardoso. A norma implica a transferência<br />

da gestão de serviços públicos<br />

para instituições não estatais<br />

ou não governamentais, mas sem<br />

fins lucrativos. A ideia principal era<br />

descentralizar as atividades do Estado<br />

em razão do crescimento da<br />

sociedade e da precariedade do sistema<br />

público. Órgãos públicos de<br />

seis áreas específicas – saúde, educação,<br />

cultura, preservação do meio<br />

ambiente, desenvolvimento tecnológico<br />

e pesquisa científica – ficaram<br />

legalmente autorizados a celebrar<br />

Fotos: Divulgação<br />

HUGO<br />

REFERÊNCIA<br />

EM SAÚDE<br />

Um estudo patrocinado pelo Banco Mundial<br />

comprovou que os índices de mortalidade<br />

dos hospitais sob gerenciamento das<br />

OS caem pela metade em comparação com<br />

as instituições da administração direta. No<br />

Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), a<br />

taxa de infeccionados caiu de 72% para 9%<br />

entre os internados na UTI.<br />

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