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Revista Brasil - Edição Teste

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Retardatário<br />

nas reformas<br />

O primeiro passo para atenuar a<br />

complexidade do sistema tributário<br />

brasileiro está em escolher um ou<br />

mais modelos de desenvolvimento.<br />

Diversos países estão avançando na<br />

busca de soluções para os entraves<br />

tributários ao crescimento. Em 2015,<br />

a Comissão Econômica para a América<br />

Latina e o Caribe (Cepal) divulgou<br />

um relatório destacando iniciativas<br />

bem-sucedidas de reforma na região.<br />

O Chile, por exemplo, criou dois sistemas<br />

de tributação para as empresas<br />

e estabeleceu uma nova tributação<br />

sobre lucros de capital em bens<br />

imóveis para setores de alta renda.<br />

Honduras elevou a alíquota geral do<br />

IVA, instituiu um imposto mínimo<br />

sobre a renda e passou a taxar dividendos.<br />

Além delas, outras iniciativas<br />

semelhantes, segundo a Cepal, vinham<br />

evoluindo na Colômbia, Equador,<br />

Peru e Venezuela.<br />

Enquanto isso, o <strong>Brasil</strong> ainda não<br />

decidiu para onde seguir. "Nossa<br />

diferença em relação a países como<br />

o Chile e a Índia é a falta de vontade<br />

política. Aqui, nenhum governo<br />

vai tomar a iniciativa de mudar, até<br />

porque falta pressão popular", analisa<br />

João Olenike, presidente do IBPT.<br />

Já Martins, do CBIC, acredita que o<br />

país só encontrará um caminho<br />

quando conseguir<br />

concatenar a reforma<br />

tributária com<br />

outras reformas estruturais<br />

– tais como<br />

a da previdência<br />

e a do sistema político.<br />

"Tem que sentar<br />

à mesa e pensar<br />

no coletivo e não no individual",<br />

garante ele. Há espaço para o consenso.<br />

Bernard Appy, do Centro de<br />

Cidadania Fiscal, destaca que as<br />

empresas já se convenceram de que<br />

os regimes especiais e os incentivos<br />

temporários tornam o sistema ainda<br />

mais complexo – com prejuízos<br />

que não compensam os ganhos<br />

temporários. "Já os estados perceberam<br />

que a guerra fiscal perdeu<br />

eficácia e virou uma prática fratricida”,<br />

aponta.<br />

Uma experiência que vem sendo<br />

observada pelos especialistas é a<br />

da Índia. Com uma economia ampla<br />

e diversificada, além de um sistema<br />

tributário historicamente complexo,<br />

o país asiático acaba de aprovar em<br />

seu Parlamento uma importante<br />

proposta de reforma. Pelo menos 12<br />

tributos serão substituídos pelo Imposto<br />

sobre Bens e Serviços (GST,<br />

na sigla em inglês). A expectativa do<br />

governo indiano é de que a tarifa<br />

única, a ser implantada em 29 es-<br />

A lei federal das organizações<br />

sociais foi severamente contestada<br />

nas últimas duas décadas. A<br />

validação dos contratos, pelo STF,<br />

só ocorreu em abril de 2015<br />

Na Índia,<br />

pelo menos<br />

12tributos<br />

serão<br />

substituídos<br />

pelo Imposto<br />

sobre Bens<br />

e Serviços.<br />

A expectativa<br />

é de que a<br />

tarifa única<br />

impulsione o<br />

crescimento do<br />

país em até<br />

2%<br />

ao ano<br />

tados, impulsione o crescimento do<br />

país em até 2% ao ano.<br />

A transformação não foi simples.<br />

Ao todo, a Índia passou mais de dez<br />

anos em discussões até chegar ao<br />

ambiente propício para a aprovação<br />

da reforma tributária. Agora, a proposta<br />

precisa receber o sinal verde<br />

dos legislativos de metade dos estados<br />

– e muitos deverão pleitear<br />

compensações por perdas durante<br />

a transição ao novo sistema. Também<br />

é preciso regulamentar a alíquota<br />

do GST. Mesmo assim, o governo<br />

indiano trata a aprovação no<br />

Parlamento como uma conquista<br />

histórica. "Estamos nos livrando do<br />

terrorismo dos impostos", afirmou<br />

o primeiro-ministro, Narendra Modi.<br />

A alternativa<br />

do IVA<br />

Outro caminho apontado pelos<br />

analistas é a adoção de um Imposto<br />

sobre Valor Agregado (ou IVA). Utilizado<br />

em mais de 150 países, esse tri-<br />

A Olimpíada regulatória...<br />

As diferentes esferas com poder para<br />

criar ou extinguir taxas no <strong>Brasil</strong><br />

> A Constituição Federal<br />

> O Código Fiscal <strong>Brasil</strong>eiro<br />

> As leis complementares<br />

> As leis ordinárias<br />

> As resoluções do Senado<br />

> As leis estaduais e municipais<br />

O resultado<br />

é uma<br />

maratona<br />

fiscal<br />

Os principais impostos<br />

no caminho de quem<br />

tem o desafio de produzir.<br />

Na esfera FEDERAL<br />

IPI<br />

Imposto sobre Produtos<br />

Industrializados:<br />

mais tradicional imposto<br />

federal, incide sobre qualquer<br />

tipo de produto manufaturado<br />

no país – de calçados a<br />

computadores. O valor da<br />

alíquota depende do setor em<br />

questão. Recentemente, tem<br />

sido usado em programas de<br />

incentivo e isenção para<br />

setores considerados<br />

estratégicos pelo governo.<br />

PIS/Pasep<br />

Programa de Integração Social<br />

e Programa de Formação do<br />

Patrimônio do Servidor<br />

Público: incidem sobre a folha<br />

de pagamento. Os recursos<br />

arrecadados formam um<br />

fundo destinado a financiar<br />

mecanismos de proteção ao<br />

trabalhador. O PIS se destina<br />

aos trabalhadores do setor<br />

privado, enquanto o Pasep<br />

exerce a mesma função entre<br />

os servidores públicos.<br />

62 brasil novembro de 2016

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