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Revista Brasil - Edição Teste

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capa<br />

Hora da<br />

mudança<br />

Pesado e endividado, o setor público brasileiro<br />

não pode mais protelar as reformas administrativas.<br />

O caminho para essa missão tem a eficácia<br />

como norte – e já foi trilhado por alguns dos<br />

estados que despontam no DGE.<br />

O desequilíbrio das contas públicas<br />

tem suas raízes em conjunturas<br />

iniciadas há quase três décadas.<br />

"O crescimento de gastos<br />

começa logo após a Constituição<br />

de 1988", explica Gustavo Morelli,<br />

da Macroplan. O aumento da arrecadação<br />

tributária e o boom das<br />

commodities, ocorridos nas décadas<br />

de 1990 e 2000, respectivamente,<br />

impulsionaram uma escalada<br />

de despesas que atingiu seu<br />

ápice nos últimos anos. Na divisão<br />

desse bolo, a maior fatia coube ao<br />

funcionalismo e ao custeio da máquina.<br />

Isso alargou as medidas da<br />

estrutura pública, especialmente<br />

no âmbito regional.<br />

O PIB brasileiro<br />

cresceu 47%<br />

entre 2003 e<br />

2014. Nesse<br />

mesmo período,<br />

a arrecadação<br />

subiu nada<br />

menos que 84%<br />

A saída encontrada pelos estados<br />

para continuarem operando<br />

foi apelar para empréstimos junto<br />

à União. "Esse subterfúgio já está<br />

esgotado", constata Claudio Gastal,<br />

do MBC. Sem capacidade de<br />

contrair mais dívidas, muitos governadores<br />

dão sinais de estarem<br />

perdendo a luta contra o tamanho<br />

da folha de pagamento – lidando<br />

com caixas à beira da insolvência.<br />

"Para piorar o quadro, o país protelou<br />

mudanças necessárias durante<br />

o período de bonança, como<br />

a reforma da Previdência. Agora,<br />

não há mais como fugir. Esse cenário<br />

precisará ser encarado",<br />

acrescenta ele. Na conjuntura internacional,<br />

ventos mais brandos<br />

anunciam um ciclo de crescimento<br />

econômico menos dinâmico. Ou<br />

seja, o <strong>Brasil</strong> terá de se reinventar<br />

sem expandir o orçamento, optando<br />

pela eficiência – afinal, nem tudo<br />

é dinheiro na gestão pública.<br />

As experiências bem-sucedidas<br />

apresentadas pelo estudo Desafios<br />

da Gestao Estadual (DGE) podem<br />

guiar a construção desse novo paradigma<br />

na governança estatal.<br />

"Ao analisarmos os índices, vemos<br />

que as políticas elaboradas com<br />

correção, utilizando metas claras,<br />

dão resultado", diz Claudio Gastal,<br />

do MBC. Essa eficiência passa pela<br />

triagem dos programas governamentais,<br />

visando ao direcionamento<br />

dos esforços aos projetos<br />

prioritários. "O gestor público deve<br />

possuir um plano que demonstre<br />

claramente aonde ele precisa<br />

chegar, mesmo com pouco dinheiro",<br />

indica José Beltrame, ex-secretário<br />

de Segurança do Rio.<br />

Nesse sentido, o acompanhamento<br />

da evolução administrativa<br />

cresce em importância. Por is-<br />

so, o Pacto pela Reforma do Estado,<br />

criado pelo MBC em 2015 em<br />

parceria com 19 governadores,<br />

revela-se um esforço fundamental<br />

na busca pela modernização do<br />

serviço público e do aumento da<br />

competitividade do país. "A avaliação<br />

de resultados deve ser feita<br />

por terceiros, esclarecendo a relação<br />

de custo-benefício das iniciativas<br />

dos gestores", afirma Gastal.<br />

A avaliação de<br />

resultados deve<br />

ser feita por<br />

terceiros,<br />

esclarecendo a<br />

relação de<br />

custo-benefício<br />

das iniciativas<br />

dos gestores.<br />

Claudio Gastal, presidente<br />

executivo do Movimento<br />

<strong>Brasil</strong> Competitivo (MBC)<br />

Essa medida colaboraria para a<br />

modernização dos estados. "Uma<br />

forma de fazer isso é com inovação,<br />

seja no âmbito organizacional<br />

ou tecnológico", acredita Morelli.<br />

A digitalização dos serviços públicos<br />

– pauta frequente nos debates<br />

do Pacto – também ganha relevância<br />

nessa tarefa de erigir um<br />

estado mais eficiente.<br />

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