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Revista Brasil - Edição Teste

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perfil<br />

iStock Photo<br />

Contra a crise,<br />

experiência<br />

e foi para o Japão. Durante 40 dias,<br />

estudou a organização da cadeia de<br />

produção japonesa. Visitou desde<br />

grandes montadoras até pequenas<br />

oficinas, e esmiuçou os processos<br />

logísticos conhecidos como "just in<br />

time" e "kanban". Retornou ao <strong>Brasil</strong><br />

com uma ideia bem clara: estava<br />

na hora de "mineirizar" o fornecimento<br />

de peças da Fiat.<br />

"Organizamos um mutirão e<br />

atraímos grande parte dos fornecedores<br />

para Minas Gerais, levando-os<br />

a instalar um parque ao redor da fábrica<br />

da Fiat", relata. Além disso, o<br />

número de fornecedores foi reduzido<br />

de 600 para 180. Com isso, os imprevistos<br />

diminuíram, a cadeia ficou<br />

mais dinâmica e a Fiat deu uma guinada<br />

histórica de produção. Se, antes,<br />

a fábrica produzia 500 carros por dia,<br />

o número cresceu até alcançar 3 mil<br />

– marca atingida em 2010.<br />

A implantação<br />

do sistema<br />

aumentou a<br />

confiança na<br />

marca e<br />

alcançou a<br />

venda de<br />

2oo<br />

mil carros<br />

Outra célebre façanha começou a se desenhar<br />

em 1994, quando Belini assumiu a Diretoria Comercial<br />

da Fiat Automóveis no <strong>Brasil</strong>. O Plano<br />

Real trouxera estabilidade à moeda e a economia<br />

desabrochava. Mas essas águas generosas também<br />

tinham seus efeitos ocultos. "Por conta do<br />

Plano Real, a demanda aumentou rapidamente<br />

em todos os setores. Isso levou a um descompasso.<br />

Em 1995, começaram a faltar carros", diz Belini.<br />

A situação gerava imensas filas de consumidores,<br />

enquanto o mercado passava a aplicar o<br />

ágio – ou sobrepreço.<br />

Foi nesse contexto que Belini e sua equipe lançaram<br />

o sistema conhecido como Mille OnLine<br />

– que, apesar do nome, surgiu ainda antes da popularização<br />

da internet. A expressão online, na<br />

época, referia-se à linha telefônica. "O consumidor<br />

telefonava para a fábrica, através da concessionária,<br />

escolhia seu carro e a fábrica marcava<br />

um dia para entregar. Se o prazo não fosse respeitado,<br />

pagávamos uma multa." A organização<br />

de pedidos aumentou a confiança na marca e alcançou<br />

a venda de 200 mil carros pelo sistema.<br />

Inovações assim elevaram Belini a uma posição<br />

de protagonista na resolução de duas crises<br />

históricas do setor automotivo no <strong>Brasil</strong>. Em tempos<br />

recentes, contudo, os mares voltaram a ficar<br />

turbulentos – e as tempestades que assolam o<br />

mercado são, no mínimo, tão graves quanto a<br />

ressaca de 20 anos atrás. "Vivemos uma crise econômica<br />

sem precedentes, que reduziu o mercado<br />

de forma drástica. A indústria chegou a vender 3<br />

milhões de veículos por ano, mas agora o número<br />

caiu quase pela metade", constata. Segundo<br />

ele, o <strong>Brasil</strong> tem atualmente uma capacidade instalada<br />

de 4,5 milhões de veículos e vende não<br />

mais do que 2 milhões de unidades.<br />

Especialista em encontrar caminhos sutis em<br />

momentos conturbados, Belini acredita que o<br />

primeiro passo para solucionar uma tempestade<br />

financeira é o diagnóstico bem-feito – o que vale<br />

tanto para empresas quanto países. "É preciso<br />

identificar o que está amarrando o desempenho<br />

e, através disso, fazer um ranking de prioridades.<br />

Nem sempre se pode resolver tudo; mas,<br />

se elegemos as prioridades, podemos realizar<br />

ações de alto impacto."<br />

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