Carnaval+em+Raul+Soares
Crônicas sobre fatos ocorridos nos carnavais de 2005 e 2011 no município mineiro de Raul Soares, com um enredo de saudosismo e espiritualidade, alegria e descontração.
Crônicas sobre fatos ocorridos nos carnavais de 2005 e 2011 no município mineiro de Raul Soares, com um enredo de saudosismo e espiritualidade, alegria e descontração.
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Doce<br />
A Eliane, minha prima de olhos verdes semelhantes à esmeralda,<br />
estava fazendo doce na cozinha e resolvi ficar por perto pra conversar<br />
um pouco. Ela havia comprado algumas coisas pra fazer uma sobremesa<br />
gostosa! Maracujá, leite condensado, açúcar refinado, leite não<br />
precisava porque tinha leite de vaca, desses que a gente só acha no<br />
interior, com aquela nata deliciosa por cima!<br />
Toda hora eu perguntava se ela queria ajuda e ela dizia que não.<br />
Teve até um momento em que ela me xingou. Então eu fiz uma piada e<br />
logo ela voltou a sorrir.<br />
Até cheguei a pensar que ela só estava fazendo doce porque eu<br />
estava aqui nesses dias de carnaval e ela queria ser hospitaleira.<br />
Infelizmente ela nunca vai revelar, embora eu tivesse perguntado um<br />
monte de vezes e ela somente sorria e às vezes me xingava, sorrindo de<br />
novo em seguida.<br />
Nós conversamos sobre muitas coisas e eu reparava no modo<br />
como ela fazia o doce. Na verdade o doce era ela, era a prima! A sua<br />
paciência e perfeccionismo de quem fazia um quadro de acrílico.<br />
Sempre foi! Ela é muito delicada e perfeccionista em tudo que faz!<br />
Cuidadosa, fiquei contando piadas para distraí-la enquanto ela fazia<br />
aquele doce de maracujá que estava ficando muito bonito!<br />
Uma música nesse carnaval certamente é a mais tocada, e eu só<br />
sei o refrão que fala pra Mulher Maravilha e o Super Man fugirem, sabe,<br />
músicas de axé que em época de carnaval estouram e se tornam marca<br />
da festa! Eu ensaiei uns passinhos e toda hora quebrava o gelo da prima,<br />
que por sinal é muito tímida e recatada! Demonstra seriedade, sempre<br />
foi assim!<br />
Ela sorria e me chamava de louco, de bobo, dizia que eu parecia<br />
um menino que nunca iria crescer, outras horas falava que sentirá<br />
saudades quando eu for embora, que quando eu estou lá a casa fica<br />
agitada, animada...feliz! Há conversa o tempo todo e tudo fica tão<br />
diferente dos dias normais!<br />
Quando ela terminou de fazer o doce e colocou na geladeira pra<br />
ganhar consistência, veio perguntar pra mim se estava muito doce. Eu<br />
fiquei encantado com o gesto, tanto que elogiei bastante o doce da<br />
prima. Ela é uma garota maravilhosa!<br />
A manhã passou depressa e na hora do almoço ela veio do<br />
trabalho almoçar com a tia Maria e eu. Nós provamos o doce e<br />
sinceramente, não parecia ter o gosto de pudim de maracujá... o sabor<br />
remetia ao encanto da prima Eliane. Eu lembrava de hoje cedo, dela<br />
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