Carnaval+em+Raul+Soares
Crônicas sobre fatos ocorridos nos carnavais de 2005 e 2011 no município mineiro de Raul Soares, com um enredo de saudosismo e espiritualidade, alegria e descontração.
Crônicas sobre fatos ocorridos nos carnavais de 2005 e 2011 no município mineiro de Raul Soares, com um enredo de saudosismo e espiritualidade, alegria e descontração.
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Depois que elas foram embora eu entrei pra jantar. Quando era<br />
noite, lá pelas vinte horas, eu pensei em tomar uma cerveja e tocar um<br />
pouco de cavaquinho. Estava calmo, não havia pessoas na rua, silêncio...<br />
um ambiente ideal para algumas dedilhadas.<br />
Ao lado da casa do tio Mário havia um bar, uma senhora bem<br />
idosa era dona de lá. Então eu fui lá comprar algumas cervejas, mas<br />
como não tinha casco, pedi pra dona do bar emprestar. Ela falou que eu<br />
poderia entregar no outro dia, que isso era comum por aqui quando se<br />
conhece as pessoas. Ela disse que conhecia o tio a décadas.<br />
Então sentei na varanda com o tio Mário e comecei a tocar<br />
algumas músicas.<br />
Um rapaz da vila, chamado Ivan, apareceu pra ouvir. Ele estava<br />
de mudança pra Belo Horizonte para trabalhar, e como também gostava<br />
de música, pegou um pandeiro que tinha, daqueles antigos, muito<br />
bonito!<br />
Chegaram alguns conhecidos do tio Mário que ficam jogando<br />
baralho no bar e logo as garotas também apareceram pra se juntar à<br />
turma.<br />
Em pouco tempo a porta da casa do tio estava cheia de gente.<br />
Todo mundo aproveitando a música, tomando cerveja, e conversando. O<br />
que antes seria apenas algumas dedilhadas no meu cavaquinho virou<br />
uma roda de samba. A maioria das músicas somente eu sabia, mas isso<br />
não impediu batidas na palma da mão, sorrisos e prazer...<br />
A tia não gosta muito de barulho, embora diga que não se<br />
importa. Mas hoje foi inevitável, as garotas gostaram e eu também,<br />
afinal gosto de música, e quando tem garota ouvindo a gente cantar e<br />
tocar fica muito mais interessante!<br />
O carnaval acabando e eu tocando as últimas canções.<br />
Já não havia os carros de som nem as bandas. Não havia mais os<br />
trios-elétricos, os blocos. Nenhum rádio estava ligado e ninguém<br />
cantava música alguma até eu começar a tocar. O som do cavaquinho,<br />
aquela roda de samba na rua, em frente à casa do tio Mário, era o último<br />
encontro de carnaval.<br />
Tinha uma música que a Miríam e a Jordânia gostavam, mas eu<br />
não sabia a letra completa, então não arrisquei. Uma pena que elas até<br />
me mostraram a música no celular pra ver se eu aprendia. Elas queriam<br />
mesmo que eu tocasse aquela música, mas infelizmente ficará para o<br />
próximo enredo de carnaval!<br />
A Marluce estava com seu namorado, e a tia ficou mexendo com<br />
ele, falando que ele era muito feio pra ela, que ele deu sorte e tals... na<br />
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