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2001_Luzes-ApostoloPulchrum

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Catedral de Bourges parece ter sido<br />

feito “a galope” ou “a toque de caixa”.<br />

Naquele tempo, não se marcavam<br />

datas para concluir edificações<br />

como essas. Pelo contrário, sabia-se<br />

que talvez várias gerações passariam,<br />

até que os homens pudessem admirar<br />

em todo o seu esplendor mais um<br />

grandioso templo católico.<br />

Para se ter um pouco idéia do trabalho<br />

que uma construção desse porte<br />

exigia, basta reparar na espessura das<br />

paredes, na quantidade imensurável de<br />

pedras utilizadas, na profusão de imagens<br />

e floreados góticos, de colunetas<br />

e arcarias: é quase uma orgia de labor<br />

e dedicação. É um esbanjamento de<br />

arte. Na verdade, uma extraordinária<br />

manifestação de fé.<br />

Chama particularmente a atenção<br />

as seqüências de ogivas formando arcadas<br />

que resultam numa composição<br />

de força e leveza, arrematadas por<br />

agulhas e florões de pedra que lhes<br />

conferem especial nota de elegância,<br />

todas apontando para o firmamento,<br />

como a dizerem aos homens: “Confiem,<br />

pois no Céu tudo se resolverá!”<br />

*<br />

O edifício é imenso, porque as catedrais<br />

eram feitas para conter a população<br />

inteira da cidade, naquela é-<br />

principal, assim como as ornamentações<br />

daquelas servem de respeitoso e<br />

enlevado pendant para as desta.<br />

De todo esse conjunto sobressai uma<br />

expressão harmoniosa do espírito hierárquico<br />

predominante na época histórica<br />

em que foi construído. Tudo<br />

nele é ordem, é classe, é categoria; é o<br />

espírito da Idade Média.<br />

Agora, se tomarmos em consideração<br />

que todos os adornos da Catedral<br />

— e são inúmeros! — foram esculpidos<br />

em pedra, e que muitas dessas esculturas<br />

são genuínas obras de arte, facilmente<br />

percebemos que seus realizadores<br />

não se preocupavam com o tempo,<br />

nem com o trabalho e a mão-de-obra<br />

necessários para chegar a essa maravilha<br />

da arquitetura cristã. Não se incomodavam<br />

com prazos, não tinham<br />

frenesis de terminar logo. Nada na<br />

Dr. Plinio admira a majestosa<br />

Catedral de Bourges, durante sua última<br />

viagem à Europa, em 1988<br />

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