Ler e escrever na Educação Infantil: Análise de uma proposta curricular

A educação infantil pode ser oferecida em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas
(4 e 5 anos), públicas ou privadas, regulamentada pelos órgãos competentes. Esta
etapa não é obrigatória, ou seja, é facultativo à família a frequência de menores de
seis anos em instituição de ensino. Todavia, continua sendo dever do Estado
garantir o acesso universal, gratuito e de qualidade, sem requisito de seleção
(BRASIL, 2010).
Segundo Bassedas, Huguet e Solé (1999), os principais traços característicos
desta etapa residem no caráter não-obrigatório: as diferentes séries podem ser
compostas tanto por crianças já escolarizadas quanto por aquelas que entram pela
primeira vez neste ambiente; na necessidade de uma colaboração estreita com a
família, a fim de atender as diferentes necessidades da criança, bem como a
concordância no que se refere às redes de cuidados; no equilíbrio entre a etapa
como própria identidade e a relação necessária com as outras etapas educativas:
ter uma identidade característica, que lhe seja própria e não em função do
segmento seguinte, sem, contudo, deixar de tê-lo em vista, para que haja
coerência e fluência na transição de uma etapa a outra; na função educativa e
função social simultâneas: auxiliar as famílias na tarefa de educar as crianças e
desenvolver o potencial máximo de cada aluno, por meio dos conteúdos próprios da
etapa.
Barbosa (2009) defende que, para garantir um trabalho de qualidade nesta
etapa é necessária a articulação entre as três funções que atribui à educação
infantil: função social, que é divida com a família, e é relativa ao cuidar e a
formação pessoal e social; função política, relacionada ao gozo dos direitos sociais e
políticos e a garantia de exercer seu direito de participação; e a função pedagógica
de oferecer acesso à cultura, ao conhecimento do meio social e aos diferentes
sistemas de representação da realidade, ou seja, as diferentes linguagens: oral,
escrita, matemática, científica, artística etc. Nas palavras da autora (2009, p. 12):
A função da educação infantil nas sociedades contemporâneas é a de
possibilitar a vivência em comunidade, aprendendo a respeitar, a
acolher e a celebrar a diversidade dos demais, a sair da percepção
exclusiva do seu universo pessoal, assim como a ver o mundo a
partir do olhar do outro e da compreensão de outros mundos sociais.
Isso implica em uma profunda aprendizagem da cultura através de
ações, experiências e práticas de convívio social que tenham solidez,
constância e compromisso, possibilitando à criança internalizar as
formas cognitivas de pensar, agir e operar que sua comunidade
construiu ao longo da história. Práticas sociais que se aprendem
através do conhecimento de outras culturas, das narrativas
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