Ler e escrever na Educação Infantil: Análise de uma proposta curricular
Monografia apresentada para a obtenção do título de especialista em alfabetização Centro de Formação da Escola da Vila - São Paulo/SP
Monografia apresentada para a obtenção do título de especialista em alfabetização
Centro de Formação da Escola da Vila - São Paulo/SP
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Po<strong>de</strong>-se avaliar como alarmante, também, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas que são<br />
<strong>de</strong>finidas a partir <strong>de</strong> um suposto referencial teórico adotado, sem que, no entanto,<br />
haja preocupação com a coerência <strong>de</strong> suas práticas em relação a ele. Mais ainda,<br />
quando não se responsabilizam pelas diferentes “correntes” que seus professores<br />
adotam, quando estes o fazem – em <strong>uma</strong> mesma escola, é possível encontrar salas<br />
<strong>de</strong> aula com professores atuando a partir <strong>de</strong> concepções <strong>de</strong> ensino tão<br />
diferenciadas que até se colocam como divergentes. E, tendo em vista o percurso<br />
do aluno, este segue pelas diferentes séries sem que exista mínima coerência entre<br />
as <strong>proposta</strong>s pedagógicas ou mesmo entre a visão <strong>de</strong> aprendizagem dos vários<br />
professores com quem interage.<br />
Em relação ao trabalho com leitura e a escrita, po<strong>de</strong>m-se encontrar, n<strong>uma</strong><br />
mesma instituição <strong>de</strong> ensino, professores seguidores <strong>de</strong> cartilhas e <strong>de</strong> livros<br />
didáticos e outros que, <strong>de</strong> forma potente, levam, efetivamente, seus alunos a<br />
interagirem com situações comunicativas envolvendo textos que circulam no<br />
âmbito social. No caso da educação infantil, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> fazeres<br />
didáticos permitem que alg<strong>uma</strong>s escolas sequer tenham a leitura e a escrita como<br />
elemento primordial do currículo. Por vezes, por julgarem não caber a esse<br />
segmento alfabetizar. Este argumento é totalmente legítimo quando visto em<br />
acordo com certa concepção do papel da educação infantil, do <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
da aprendizagem. Contudo, a mesma criança que vivenciou este processo, ou seja,<br />
que pouco se aproximou dos atos <strong>de</strong> ler e <strong>de</strong> <strong>escrever</strong> no ambiente escolar, ao<br />
ingressar no segmento seguinte (fundamental I), encontra <strong>uma</strong> abordagem<br />
completamente diferente e tem o prazo <strong>de</strong> um ano para domi<strong>na</strong>r o sistema <strong>de</strong><br />
escrita convencio<strong>na</strong>l.<br />
A não consistência teórica é <strong>uma</strong> das marcas da educação escolar brasileira<br />
atualmente e, no contexto <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> educação infantil, esse problema parece<br />
tor<strong>na</strong>r-se ainda maior, pois há <strong>uma</strong> tendência a oportunizar pouca ou nenh<strong>uma</strong><br />
interação dos profissio<strong>na</strong>is com os estudos sobre as didáticas, distanciando-os da<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refletirem e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>rem melhor o que significa alfabetizar.<br />
A presente monografia parte da inquietação da pesquisadora, com<br />
significativa experiência como professora <strong>de</strong>ste primeiro segmento da escolarida<strong>de</strong>,<br />
frente ao pouco comprometimento teórico e prático relacio<strong>na</strong>do, sobretudo, às<br />
questões que tangem ao processo <strong>de</strong> alfabetização inicial, junto a crianças <strong>de</strong> 3 a 6<br />
anos ida<strong>de</strong>, aproximadamente.<br />
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