Ler e escrever na Educação Infantil: Análise de uma proposta curricular
Monografia apresentada para a obtenção do título de especialista em alfabetização Centro de Formação da Escola da Vila - São Paulo/SP
Monografia apresentada para a obtenção do título de especialista em alfabetização
Centro de Formação da Escola da Vila - São Paulo/SP
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1.2.4 O que ensi<strong>na</strong>r <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> – os conteúdos<br />
Zabala (2010) afirma que conteúdo <strong>de</strong> aprendizagem é tudo aquilo que é<br />
suscetível <strong>de</strong> ser aprendido.<br />
Na educação infantil o termo conteúdo gerou e ainda gera muitas polêmicas,<br />
que inclusive se relacio<strong>na</strong>m com o tema <strong>de</strong>ste trabalho. Por muito tempo, a<br />
educação <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0 a 6 anos, esteve subordi<strong>na</strong>da à preparação para o<br />
Ensino Fundamental, o que implicou <strong>na</strong> antecipação <strong>de</strong> conteúdos e no treino <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong>s que supostamente eram pré-requisitos para aprendizagens posteriores.<br />
Contudo, se partimos do pressuposto <strong>de</strong> que as crianças apren<strong>de</strong>m “algo” neste<br />
segmento e que este terá propósitos educativos para além do cuidar, ele será,<br />
portanto, dotados <strong>de</strong> intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, fazendo enorme sentido falar em conteúdos.<br />
Além disso, se partimos da concepção que a função <strong>de</strong>ste segmento é a<br />
ampliação do universo cultural infantil, e que isto ocorre a partir da inserção da<br />
criança em práticas sociais não restritas àquelas que transitam em âmbito familiar,<br />
é necessário permitir e garantir o acesso aos conhecimentos próprios e amplos da<br />
cultura <strong>na</strong> instituição escolar.<br />
É importante, como já dito anteriormente, que essa etapa da escolarida<strong>de</strong><br />
tenha <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, com conteúdos ajustados às suas <strong>de</strong>mandas e<br />
características, mas restringir o acesso à cultura e ao conhecimento do meio social<br />
é <strong>de</strong>sprover as práticas do segmento <strong>de</strong> sentido e propósito (BASSEDAS et.al,<br />
1999).<br />
Coll (1998) amplia esse conceito <strong>de</strong> conteúdo, classificando-o <strong>de</strong> acordo com<br />
a sua <strong>na</strong>tureza: a conceitual (refere-se aos conhecimentos, ao saber), a<br />
procedimental (correspon<strong>de</strong> ao saber fazer - estratégias e técnicas a fim <strong>de</strong> atingir<br />
um propósito) e a atitudi<strong>na</strong>l (associado às atitu<strong>de</strong>s, valores e normas).<br />
Esta forma <strong>de</strong> classificação dos conteúdos organiza, didaticamente, <strong>de</strong> outro<br />
modo o trabalho da escola, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> contemplar os conceitos <strong>de</strong>scritos<br />
anteriormente, que dizem respeito à sua função educativa. Também é útil para que<br />
o professor tenha consciência <strong>de</strong> qual aspecto está trabalhando e qual é necessário<br />
focar, <strong>de</strong> quais conceitos sua <strong>proposta</strong> po<strong>de</strong> articular e <strong>de</strong> quais serão as<br />
intervenções que fará, tendo em vista que a <strong>uma</strong> mesma <strong>proposta</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />
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