eyond the line shutter_m/iStock Goebbels e a propaganda política Mais do que direita ou esquerda, me assusta a <strong>de</strong>fesa incondicional <strong>de</strong> candidato linha-dura Alexis Thuller PAgliArini Acompanhando com <strong>de</strong>salento os rumos da campanha política para a Presidência e a polarização configurada entre extremos <strong>de</strong> direita e esquerda, procurei usar as re<strong>de</strong>s sociais para expor minha opinião, por uma opção mais mo<strong>de</strong>rada. Aliás, minha posição foi mais enfática contra a extrema-direita, lí<strong>de</strong>r das pesquisas até agora. Levei muita porrada virtual! Assustou-me a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “amigos” do Face que adotaram a direita como solução do país. Mais do que direita ou esquerda, me assusta a <strong>de</strong>fesa incondicional <strong>de</strong> um candidato linha-dura e <strong>de</strong>srespeitoso com valores que são caros à socieda<strong>de</strong>. No meu ponto <strong>de</strong> vista, um retrocesso absurdo! Passada a fase <strong>de</strong> estupefação, ao perceber essa a<strong>de</strong>são surpreen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> cabeça fria, procurei analisar as estratégias <strong>de</strong> campanha. Tive <strong>de</strong> ir aos alfarrábios para resgatar os princípios <strong>de</strong> Goebbels, o polêmico, porém eficiente ministro da propaganda do Partido Nazista Alemão na época da Segunda Guerra Mundial. Goebbels tinha 11 princípios para a conquista do po<strong>de</strong>r. São eles: 1. Princípio da simplificação e do inimigo único. Simplifique, não diversifique. Escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem e concentre-se em um até acabar com ele. 2. Princípio do contágio. Divulgue a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo. 3. Princípio da Transposição. Transladar todos os males sociais a este inimigo. 4. Princípio da exageração e <strong>de</strong>sfiguração. Exagerar as más notícias até <strong>de</strong>sfigurá-las transformando um <strong>de</strong>lito em mil <strong>de</strong>litos, criando assim um clima <strong>de</strong> profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”. 5. Princípio da vulgarização. Transforma tudo numa coisa torpe e <strong>de</strong> má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir. 6. Princípio da orquestração. Fazer ressonar os boatos até se transformarem em notícias sendo estas replicadas pela “imprensa oficial’. 7. Princípio da renovação. Sempre há que bombar<strong>de</strong>ar com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo <strong>de</strong> pensar, pois está sufocado por elas. 8. Princípio do verossímil. Discutir a informação com diversas interpretações <strong>de</strong> especialistas, mas todas contra o inimigo escolhido. O objetivo <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate é que o receptor não perceba que o assunto interpretado não é verda<strong>de</strong>iro. 9. Princípio do silêncio. Ocultar toda a informação que não seja conveniente. 10. Princípio da transferência. Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato se acresce com um fato que tenha acontecido antes. 11. Princípio <strong>de</strong> unanimida<strong>de</strong>. Busca convergência em assuntos <strong>de</strong> interesse geral apo<strong>de</strong>rando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los contra o inimigo escolhido. Ao analisar cada um <strong>de</strong>sses 11 princípios do gênio do mal Goebbels, fica fácil perceber os movimentos da campanha política em curso no Brasil e constatar que muitos marqueteiros políticos os têm com base para suas ações, comprovando sua eficácia estratégica ainda nos dias <strong>de</strong> hoje, quase um século <strong>de</strong>pois da Segunda Guerra. E a não observância <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sses princípios aparentemente faz com que alguns candidatos não tenham <strong>de</strong>colado. Por exemplo, o principal candidato do centro, <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> um espaço privilegiado na propaganda eleitoral, não seguiu, <strong>de</strong> cara, o princípio número 1 <strong>de</strong> Goebbels, que é o <strong>de</strong> mirar um “inimigo” <strong>de</strong> cada vez, com foco e <strong>de</strong>terminação. Claramente, os estrategistas <strong>de</strong>sse candidato preferiram usar uma metralhadora giratória para tentar atingir outros candidatos rivais ao mesmo tempo. Longe <strong>de</strong> mim <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os princípios <strong>de</strong> Goebbels. É apenas uma constatação. Mas, infelizmente, é também uma constatação óbvia que esse é um jogo que exige estômago e nervos <strong>de</strong> aço. Quem não sabe brincar, não <strong>de</strong>sce pro play. Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências <strong>de</strong> Propaganda) alexis@fenapro.org.br 10 <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark
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