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Hospitais Portugueses ANO IV n.º 19 setembro-outubro 1952

AMOR A ADMINISTRAÇÃO E O PESSOAL MÉDICO ALGUNS ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE ASSISTÊNCIA COORDENAÇÃO ASSISTENCIAL INVÁLIDOS QUE SE TRANSFORMAM EM BONS OPERÁRIOS A VIAGEM DE ESTUDO EM ITÁLIA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE PLANOS DE ORGANIZAÇÃO PARA UMA CASA DE SAUDE COISAS GRANDES . .. E PEQUENAS NOTlCIAS DE FARMÁCIA GENTE DOS HOSPITAIS NOTÍCIAS DOS HOSPITAIS ESCREVEM·NOS DE . . . O HOSPITAL E A LEI PUBLICAÇÕES

AMOR
A ADMINISTRAÇÃO E O PESSOAL MÉDICO
ALGUNS ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE ASSISTÊNCIA
COORDENAÇÃO ASSISTENCIAL
INVÁLIDOS QUE SE TRANSFORMAM EM BONS OPERÁRIOS
A VIAGEM DE ESTUDO EM ITÁLIA
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE
PLANOS DE ORGANIZAÇÃO PARA UMA CASA DE SAUDE
COISAS GRANDES . .. E PEQUENAS
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A adtniltista·a.,áo e o pessoal 111édieo<br />

Pelo Dr. S. S. GOLDWATER<br />

Continuamos a publicàr depoimentos de personalidades<br />

estrangeiras, àcerca da grave questão das relações dos médicos<br />

com a ad~inistração hospitalar. Depois de um suíço e de um francês,<br />

vem agora um americano. Trata-se do Dr. Sigismundo Schulz<br />

Goldwater que era médico e ocupou nos E. U. os mais altos lugares<br />

na direcção de hospitais. Desde director do Hospital Monte Sinai<br />

de Nova Iorque até superintendente de todos os hospitais da mesma<br />

cidade a sua carreira foi brilhante e os seus escritos ainda hoje cons-<br />

'<br />

tituem motivo de estudo sério.<br />

Faleceu em <strong>19</strong>42. Os parágrafos que hoje aqui inserimos<br />

são extraídos do livro «On hospitais» que reune muitos dos seus<br />

artigos aparecidos em vários jornais e revistas.<br />

Não se pode mandar nenhum médico fazer serviço<br />

numa enfermaria ou dispensário sem que ele próprio<br />

peça ou aceite tal encargo por sua livre vontade.<br />

Temos que nos lembrar de que todo aquele que procura<br />

ou aceita um encargo hospitalar, •o fez por dois<br />

motivos: ou para praticar um acto caritativo, ou para<br />

obter algum benefício real ou imaginário; em alguns<br />

casos pelos dois motivos. Mas, seja qual for a causa,<br />

0<br />

acto é sempre voluntário. O médico que se integra<br />

no pessoal de um hospital, sujeita-se, explícita ou implicitamente, às regras da<br />

instituição. Se essas regras não lhe agradarem, é livre, e pode retirar-se<br />

quando quiser. . . ~<br />

É inegável que o serviço médico gratuito no hospital é uma contnbmçao<br />

individual do médico e que este não é de modo nenhum obrigado a prestar tal<br />

serviço contra sua vontade. Mas o que nós desejamos saber é o .seguinte:. aceitando<br />

a boa vontade dos médicos em contribuir com o seu serviço gratmto na<br />

assistência aos pobres e em se servirem do hospital, como o meio de prestar essa<br />

assistência, qual será 0 melhor método para administrar um hospital ? Deve<br />

Conselho Administrativo ser constituído por membros não-médicos ou antes<br />

0<br />

por um corpo mixto, representando a essência do hospital, como uma sociedade<br />

filantrópica de médicos e não-médicos ?<br />

Eu apoio 0 conselho de administração constituído por não-médicos,<br />

embora sob determinadas condições, e passo a enumerar as razões da minha<br />

preferência: 1) devidamente constituído, esse conselho está perfeitamente a<br />

par dos princípios e métodos dos problemas de administração; duma maneira<br />

geral os médicos desconhecem tais problemas. 2) Sàbiamente constituído tal<br />

conselho inspira a confiança daqueles que podem contribuir generosam~nte<br />

~ara a manutenção do hospital. 3) O conselho não tem também qualquer<br />

mteresse pessoal a considerar, enquanto os interesses pessoais dos médicos estão<br />

i~timamente ligados às suas prerrogativas hospitalares, pois, os seus colegas,<br />

sao ao mesmo tempo seus competidores. 4) Tal conselho não depara com o<br />

o~stáculo da etiqueta profissional, ao passo que o médico é forçado a respeita-la.<br />

(Embora esta afirmação pareça estar em desacordo com a anterior a<br />

opinião dos médicos pode igualmente ser influenciada quer pelo interesse p~ssoal<br />

quer . pelo respeito profissional).<br />

Sob a administração de não-médicos, os hospitais têm feito rápidos progressos<br />

no alargamento dos seus recursos financeiros, em conquistar a confiança<br />

pública, e, notai bem, em adoptar o mínimo de normas profissionais<br />

recomendadas por grupos de médicos competentes. Além disso, tais conselhos<br />

de d · · ~<br />

a mmrstraça•o aprenderam pouco a pouco a compreender a natureza muitíssimo<br />

complicada da administração hospitalar e a necessidade duma direcção<br />

c~mpetente. Assim, reconheceram a importância que havia em separar a admimstração<br />

hospitalar da medicina clínica, separação que muitos médicos não<br />

compreendem.<br />

. , ~em dúvida que a administração hospitalar tem de reconhecer, quer por<br />

prmcipto quer na prática, os direitos dos médicos. Não me refiro unicamente<br />

ao<br />

s<br />

d'<br />

trertos<br />

·<br />

do pessoal, mas da classe em geral, pois que os bons e maus resultados<br />

da administr~ção hospitalar se fazem sentir muito além dos muros do<br />

hospital. Matar à fome a classe médica, privá-la de boas oportunidades de<br />

educação intelectual ou de aperfeiçoamento na arte técnica, negar aos médicos<br />

um vencimento adequado e razoável ou restringir os privilégios hospitalares a<br />

um reduzido número, é diminuir a utilidade de uma classe profissional de cujo<br />

bem estar depende, em grande parte, o progresso da humanidade. Podemos<br />

mencionar, felizmente, muitos exemplos de administrações não-médicas que,<br />

sob . uma d' rrecçao ~ converuente, · d' rngem · programas hospitalares que são perfeitos<br />

do ponto de vista centífico, social e ético. Não quero dizer com ist·o, que<br />

Qualquer conselho de administração de não-médicos possa criar um tal programa<br />

sem qualquer ajuda, nem nenhuma administração inteligente 0 tentará<br />

fazer · Na a d rmms · · tr açao ~ d um h osplta · 1 tem que se ouvrr · a oprmao · ·~ dos médicos-<br />

não se trata de saber a opinião dum médico ou a de um pequeno grupo<br />

·<br />

da casa, mas sim interessa saber a opinião de toda a classe, quer sejam médicos<br />

do hospital ou não. Devia-se encorajar toda a iniciativa dos membros do pes­<br />

&o.al no sentido de conseguir uma organização modelar, um equipamento perferto,<br />

um bom serviço de laboratório, auxílio à enfermagem, e um bom trata-<br />

2<br />

HOSPITAIS<br />

PORTUGUESES<br />

3

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