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Chicos 58 - 22.09.2019

Chicos é uma publicação de literatura e ideias de Cataguases - MG - Brasil. Fale conosco em cataletras.chicos@gmail.com

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<strong>Chicos</strong><br />

Emerson Teixeira<br />

Cardoso<br />

Nasceu em Cataguases MG, é autor de Símiles<br />

(2001) poesia, coautor de A casa da Rua Alferes<br />

e outras crônicas (2006). Traduziu O retorno<br />

do nativo de Thomas Herdy. Sempre ativo<br />

em publicações literárias. Iniciou-se em Estilete<br />

(1967), mimeografado, editor/fundador do Delirium<br />

Tremens (1983) e Trem Azul (1997).<br />

Gaiola de vidro, de Gleison Dornellas<br />

[...] só no coração sempre<br />

ferido do poeta é que não<br />

vão depressa os que se vão...<br />

Para começar peço que reparem na<br />

epígrafe; foi o autor que a escolheu para<br />

abrir o seu livro. O autor do livro é Gleison<br />

Dornelas, da epígrafe não me lembra quem<br />

é o autor. É o Carpe Diem horaciano, preceito<br />

sempre presente na obra deste artista<br />

que fez sua estreia na literatura com o volume,<br />

Um minuto na eternidade. Gleison acaba<br />

de diplomar-se em letras, mas é professor<br />

de história da Secretaria de Estado da Educação,<br />

o que constitui apenas um detalhe,<br />

vou falar só do homem de letras.<br />

No seu discurso poético, o autor de Gaiola<br />

de vidro deixa transparecer o predomínio<br />

das questões da vida e da morte sem nunca<br />

perder as marcas que a meu ver lhe são próprias:<br />

a da poesia amorosa que tantas vezes<br />

visitou. O posicionamento do poeta é antes<br />

de tudo o do sonhador.<br />

“Eu tenho um sonho que excede o tempo<br />

Não jogaremos fora a aurora, nem tomaremos<br />

ventos comprimidos. Vamos ser o que<br />

sempre fomos, eternos sonhadores”.<br />

E aqui e ali, brotam sempre estas questões<br />

que são, afinal, as indagações de todo<br />

ser diante da vida e de seus mistérios e entre<br />

os mistérios, o maior deles: a morte. Para o<br />

poeta, “estranha luz, hieróglifo irregular que<br />

paira no céu”.<br />

Eu disse poesia amorosa como poderia dizer,<br />

ideal romântico. As duas afirmações são<br />

equivalentes. Mas sem esquecer de dizer que<br />

nos versos deste Gaiola de vidro mais que<br />

no primeiro livro seus versos vêm carregados<br />

de um lirismo, meio que - só para empregar<br />

expressão em voga - clássico nos moldes de<br />

um Camões, como neste “Idolatria à Musa”<br />

do qual destaco estes versos: “É outono, ó<br />

musa bela! / E os teus pomos de Cinderela /<br />

Intensificam esta estação. ”<br />

Ou estes: “No inverno a neve buscastes / E<br />

como se não a encontrastes / Mentira com<br />

grande persuasão”.<br />

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