PME Magazine - Edição 14 - Outubro 2019
Leonor Freitas, empresária da Casa Ermelinda Freitas, é a figura de capa da PME Magazine de outubro. Leia aqui a edição completa.
Leonor Freitas, empresária da Casa Ermelinda Freitas, é a figura de capa da PME Magazine de outubro. Leia aqui a edição completa.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
x<br />
OPINIÃO<br />
PORTUGAL E O FUTURO<br />
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New<br />
João Filipe Aguiar<br />
Portugal nos últimos 50 anos viu o seu tecido empresarial<br />
mudar de mãos duas vezes. Em 1975, os principais<br />
setores de atividade económica passaram da mão dos<br />
privados para o Estado, foram nacionalizados. Durante<br />
os governos de Cavaco Silva, a economia foi privatizada<br />
e, mais uma vez, os principais setores de atividade<br />
voltaram a mudar de mãos, desta vez passaram da<br />
mão do Estado para a mão dos privados. Nestes últimos<br />
10 anos, fruto das duas crises económicas, a de<br />
2008, com a crise do imobiliário, e a grande crise mundial<br />
de 2011, que marcou a nova entrada da Troika em<br />
Portugal, chegámos a uma época em que as grandes<br />
empresas e os principais setores voltaram a mudar de<br />
mão, nessa ocasião mantiveram-se no setor privado<br />
mas passaram de mãos portuguesas para mãos internacionais.<br />
O futuro de qualquer economia, na Europa<br />
Ocidental, depende do setor privado e para haver setor<br />
privado é necessário capital e para haver capital é preciso<br />
haver incentivo ao investimento.<br />
"Portugal nos últimos 50 anos<br />
viu o seu tecido empresarial<br />
mudar de mãos duas vezes"<br />
Olhado para a carga fiscal portuguesa, concluímos que<br />
estamos a fazer precisamente o contrário. Ao invés de<br />
construirmos grupos portugueses ou grandes empresas<br />
de capital português, assistimos ao aparecimento<br />
de grandes empresas de capital estrangeiro. Importa<br />
salientar que no estrangeiro existem políticas para<br />
o investimento e criação de empresas. E Portugal vive<br />
como? Pode-se dizer que Portugal é um país dividido<br />
em dois. O Portugal público, com um setor público pesado,<br />
com centenas de milhares de trabalhadores, e o<br />
Portugal privado. Todos pagam impostos, mas... Uma<br />
coisa é devolver ao Estado 10 de 100 que o Estado pagou,<br />
outra é entregar 10 dos 100 que o Estado não pagou.<br />
Portanto, significa isto que é o setor privado, são<br />
os trabalhadores privados e são as empresas privadas<br />
que alimentam o orçamento geral do Estado.<br />
Portugal e o futuro: Podemo-nos transformar numa<br />
Venezuela ou podemo-nos transformar num país rico,<br />
mas para isso é importante uma alteração significativa<br />
das políticas ficais, temos que urgentemente libertar<br />
os custos sobredimensionados do Estado, para que os<br />
impostos possam baixar e assim aumentar o poder de<br />
compra dos trabalhadores portugueses e aumentar a<br />
capacidade de poupança daqueles que querem investir.<br />
E assim seria o caminho para Portugal ser um Portugal<br />
de Futuro.<br />
50<br />
Álvaro Covões foi figura de capa da 10.ª edição da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>