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RCIA - ED. 106 - MAIO 2014

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Naquele dia 7 de abril de<br />

1968 a Ferroviária jogou<br />

em Rio Preto contra o<br />

América e perdeu por 2<br />

a 1 e foi lá que Coutinho<br />

viu com seus futuros sócios<br />

a novidade: vários carrinhos<br />

vendendo cachorro-quente<br />

em diversas partes da<br />

cidade. Dois meses depois<br />

o Au-Au aparecia com<br />

publicidade nas rádios<br />

e jornais e todos queriam<br />

saborear o delicioso hot-dog<br />

As festas de aniversário, principalmente das crianças, passaram a exigir a participação<br />

do Au-Au Lanches que se tornou “uma febre na cidade”<br />

Foi ocupando um dos<br />

mais altos cargos da AFE, que<br />

criou os primeiros carrinhos<br />

de lanches em Araraquara.<br />

Em 1968, 7 de abril, um domingo, Arnaldo<br />

Smirne, Ciro Camargo, Raphael Rodrigues<br />

e Coutinho acompanharam um jogo da Ferroviária<br />

em São José do Rio Preto. Andando<br />

pelas ruas, viram algo inédito até então. Um<br />

carrinho de lanches feito de forma artesanal<br />

e muito simples, que vendia hot-dog. Ficaram<br />

surpresos com a criatividade de poder vender<br />

lanches em qualquer parte da cidade. Foram<br />

até o vendedor, que explicou como funcionava.<br />

Doutor Coutinho se lembra claramente<br />

dos detalhes. “Tudo era mágico. Jamais tínhamos<br />

visto aquilo. Conversamos sobre a novidade<br />

durante a viagem de volta para Araraquara.<br />

Não perdemos tempo e fomos logo atrás de<br />

resolver tudo. O cunhado do Arnaldo, Walter<br />

Lima, era um excelente marceneiro. Ele nos<br />

fez dez carrinhos que ficaram a coisa mais linda<br />

que eu já vi, todos padronizados. Enquanto<br />

o Walter fabricava os carrinhos, fomos para<br />

São Paulo e compramos tudo o que era possível.<br />

Panelas, butijões de gás com reserva, a<br />

mostarda da marca Jimmy, etc”.<br />

Com muito entusiasmo, Coutinho conta<br />

que seus amigos e ele andaram por muitas<br />

cidades para experimentar os tipos de hotdog<br />

que existiam. “Fomos para Ribeirão Preto,<br />

Campinas, Bauru, Rio Preto e até São Paulo. O<br />

melhor de todos, com certeza, foi o que comemos<br />

em 1968, na rua Francisco Glicério, em<br />

Campinas. Fantástico!”<br />

Após algum tempo, Raphael Rodrigues<br />

saiu da sociedade, por incompatibilidade na<br />

agenda. No lugar dele entrou o Nelson Bueno<br />

da Silva, o Neno.<br />

Ao voltar para Araraquara, com quase tudo<br />

finalizado, Coutinho foi até a proprietária da<br />

panificadora Flório. Na ocasião, formularam<br />

uma receita de pão, cujo sabor era um pouco<br />

adocicado, diferencial para outros tipos de<br />

lanches.<br />

Os quatro amigos procuravam locais para<br />

abrir uma lanchonete fixa, que vendesse os<br />

hot-dogs e reabastecesse os carrinhos pelas<br />

ruas. Então, por muitos anos, o endereço do<br />

Au-Au foi na Avenida XV de Novembro, em frente<br />

ao antigo chafariz da Igreja Nossa Senhora<br />

do Carmo.<br />

Coutinho conta as experiências e a fase<br />

“romântica e poética” da época. Os dez carrinhos<br />

de lanches participaram da abertura das<br />

festividades natalinas de 1968. “Desfilamos<br />

com todos os nossos carrinhos atrás do caminhão<br />

que carregava a banda do Olavo Filipe”.<br />

Tempos depois, o Au-Au foi contratado<br />

para servir na festa de confraternização da<br />

antiga empresa Anderson Clayton. “Os organizadores<br />

do evento pediram para prepararmos<br />

3 mil lanches. Começamos a preparar no sábado<br />

à tarde, trabalhamos toda a madrugada<br />

e domingo de manhã seguimos com os carrinhos<br />

para a indústria. Trabalhamos demais<br />

esse fim de semana. Ainda tive a infelicidade<br />

de, quase acabando a festa, ser mordido por<br />

um cachorro que me rendeu mais de dez vacinas<br />

contra doenças, no umbigo. Naquele dia,<br />

cheguei em casa às 17h e dormi até a manhã<br />

de segunda-feira”.<br />

Para melhorar ainda mais a qualidade dos<br />

produtos, a dona Vilma Carnesecca, mulher<br />

do Neno, preparou um molho que foi adicionado<br />

aos ingredientes do lanche. “Ela melhorou<br />

ainda mais nossos lanches. Era delicioso, não<br />

tinha para ninguém”, relembra Coutinho.<br />

Depois de alguns anos – que não soube<br />

precisar – os amigos se reuniram para decidir<br />

23<br />

o destino do Au-Au. Foi o fim da era de carrinhos<br />

de hot-dog em Araraquara. “Estávamos<br />

muito ocupados. Cada um tinha suas coisas<br />

fora do Au-Au. Tínhamos empreendimentos.<br />

Construímos dez edifícios na cidade, fora os<br />

loteamentos do Vale do Sol, Martinez e outros<br />

tantos. Não conseguiríamos mais dar conta de<br />

todo aquele sucesso”.<br />

O fim dos dez carrinhos de lanche e de<br />

tudo o que tinha nele, nem Coutinho nem o<br />

Neno souberam dizer. O que sobrou foram as<br />

fotos do auge do Au Au Lanches, que encantava<br />

as crianças pelo logotipo feito pelo pintor<br />

araraquarense Cabral.<br />

Hoje em sua casa, Coutinho lembra os bons<br />

tempos do Au-Au Lanches

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