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RCIA - ED. 106 - MAIO 2014

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TERAPIA ANIMAL<br />

Em Araraquara, cães ajudam<br />

mulheres a vencer o câncer<br />

Pesquisas mostram que a interação com os cães liberam hormônios<br />

da felicidade em humanos e baixam sensivelmente os níveis de<br />

depressão e outras doenças. Veterinários da cidade compreendem<br />

que a medida acaba sendo uma necessidade e quem age desta<br />

forma, anuncia que é “um grande remédio”.<br />

Maria Fernanda<br />

com seu amigo<br />

animal Coda,<br />

morto em 2013<br />

Texto: Jean Cazellotto<br />

2013, por não conseguir resistir a uma doença<br />

autoimune.<br />

Com essa caminhada, Maria Fernanda se<br />

via mais forte em não se entregar para o câncer.<br />

“Eu tenho muitas coisas em terra para me<br />

entregar. Se eu morresse, quem cuidaria dos<br />

meus cães? Além do meu filho também. Não<br />

podia deixar esse buraco na vida de ninguém”,<br />

relata.<br />

Foram oito meses de tratamento para o<br />

câncer e hoje ela só toma o medicamento de<br />

manutenção. Maria Fernanda tem atualmente<br />

6 cães e 5 gatos e abre os portões de sua casa<br />

para lar temporário de animais abandonados.<br />

A médica veterinária Jaqueline dos Santos<br />

diz que em alguns hospitais de São Paulo,<br />

os médicos liberam a entrada dos cães para<br />

pacientes que ficam muito tempo internados.<br />

“No campo da ciência, pesquisas revelam que<br />

em contato com cachorros, os humanos liberam<br />

ocitocina, o chamado hormônio do amor,<br />

que faz aumentar o índice de bem-estar. Além<br />

dele, o corpo também libera a serotonina, o<br />

mesmo que dá o prazer ao comer o chocolate,<br />

por exemplo. Quem tem depressão, tem<br />

a serotonina abaixo do normal, e o cão pode<br />

aumentar os índices hormonais, que ajudam a<br />

melhorar o paciente”.<br />

As estatísticas do Instituto Nacional do<br />

Câncer (Inca) prevê para <strong>2014</strong>, cerca de 730<br />

mil novos casos da doença em todo o país.<br />

Somente no estado de São Paulo, serão cerca<br />

de 177 mil novos casos de câncer de próstata<br />

e 164 mil para a mama, locais de maior incidência<br />

para a doença se manifestar, somente<br />

este ano. Além disso, estão as ocorrências da<br />

doença em anos anteriores.<br />

Com muitos novos casos por dia, algumas<br />

pessoas encontraram um jeito para não se entregar<br />

à doença, como uma forma de defesa.<br />

Após descoberto, inicia-se a quimioterapia<br />

e radioterapia. Alguns pacientes, durante o<br />

tratamento, se queixam de enjoo, dores nas<br />

juntas, queda na autoestima e outras queixas.<br />

Como um auxílio no tratamento desta drástica<br />

doença, algumas pessoas buscaram conforto<br />

em seus animais de estimação - sejam cães,<br />

gatos ou outras espécies - que lhes deram todos<br />

os tipos de apoio possível.<br />

É o caso de Maria Fernanda Leite Ribeiro<br />

de Almeida, que descobriu o câncer em 2011,<br />

por meio do autoexame. Com isso, começou o<br />

tratamento no Hospital Cora Coralina, em Araraquara,<br />

pouco tempo depois. Seu amor com<br />

gatos começou muito tempo antes, quando<br />

cursava biologia na Universidade Estadual de<br />

Maringá, no Paraná. Ela já cuidava de alguns<br />

animais abandonados, que eram deixados na<br />

casa em que morava com mais algumas amigas.<br />

Em Araraquara, dando aulas particulares<br />

de inglês, Maria Fernanda descobriu a doença<br />

e viu em seu amigo, o Coda, uma força a<br />

mais pra continuar. Coda era um cão da raça<br />

Golden Retriever, que só saía do lado da dona<br />

para comer. Porém ela precisava ir junto. “Eu<br />

não sofri todos aqueles problemas da quimioterapia.<br />

Acho que resisti bem ao tratamento,<br />

mas tem um momento que não há corpo que<br />

resista a tanta medicação. Quando fiquei careca<br />

e magra, não tinha forças para levantar<br />

da cama, todas as juntas do meu corpo doíam<br />

muito e o Coda era a minha força para levantar<br />

e continuar. Ele só comia se eu levantava da<br />

cama e ia ficar junto dele”. O cão morreu em<br />

48<br />

Doutora Jaqueline dos Santos e<br />

o cãozinho resgatado na rua

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